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Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes

Blog da Família

Tudo o que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que fareis. — Jesus

FINADOS: COMO TRATAR DO ASSUNTO "DESENCARNE" COM AS CRIANÇAS?

A sobrevivêcia do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e julgamento após a morte já eram encontradas na filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. De maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição. Já os espíritas creem na reencarnação: o espírito retorna à vida material por meio de um novo corpo humano para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal, mas isso seria considerar que nós retrogradamos, e os Espíritos nos ensinam que isso de fato não ocorre.

Esse tema, o desencarne, é recorrentemente discutido pelas crianças, principalmente quando têm entre 5 e 8 anos de vida. Nessa idade, elas fazem uma importante e grande descoberta: tudo tem um começo e um fim, inclusive a vida humana. Começam a perceber que o fim da vida pode acontecer com elas e com seus pais.

Praticamente todos os seres humanos têm medo da morte. Mesmo aqueles que acreditam na vida após a morte, como nós, espíritas, que acreditamos na pluralidade das existências.

Joanna de Ângelis afirma que “... o medo da morte, que é herança ancestral, assim como resultado das crenças religiosas e superstições que elaboraram um Deus vingador e punitivo, ou do materialismo que reduz a vida após a disjunção celular ao nada; o fenômeno natural da desencarnação se apresenta como tragédia, ou constitui um término infeliz para a existência humana, que sofre a dolorosa punição de ser extinguida.” Desta forma, passamos a compreender um pouco mais sobre este medo, visto que somos espíritos milenares, que já vivenciamos vários personagens no palco terreno e nem sempre fomos espíritas ou reencarnacionistas.

Encarar o medo da morte é praticar o que Jesus, nosso Mestre e exemplo, nos ensinou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” É enfrentar a verdade sobre nós mesmos, sobre a continuidade da vida e nos fortalecermos na fé, não a fé cega e, sim, uma fé raciocinada, baseada na experiência direta. É bom lembrarmos que “morremos” todos os dias quando nos deitamos para dormir após um dia de trabalho ou estudo.

Nós, espíritas, em face da gama de informações às quais temos alcance, certamente chegaremos “do outro lado” com maior segurança, sem grandes problemas para identificar a nova situação, embora esse benefício não nos garanta o ingresso em comunidades venturosas. Isso dependerá do que fizemos e não do que sabemos.

Devemos nos preparar para esse momento derradeiro e inevitável, uma vez que sabemos ser a única certeza em nossa estada aqui no planeta Terra e que, um dia, retornaremos ao plano espiritual para um novo estágio de aprendizado. Nossa condição estará diretamente subordinada às obras que fizermos, ao bem que praticarmos. Quanto mais vivenciarmos os ensinamentos do Cristo em nosso dia-a-dia, melhor será nossa situação ao chegarmos lá.

Se este assunto é difícil de entender até pelos adultos, para os pequenos é ainda mais confuso. Por isso, as crianças precisam de todo o apoio e sinceridade nos momentos em que devem encarar a perda de uma pessoa próxima.

Não existe idade certa para se tratar o tema. Devemos ir educando aos poucos, por meio de exemplos práticos do ciclo da natureza. Uma boa ideia é plantar uma sementinha e ir mostrando como ela nasce, cresce, adoece e morre. Cantigas, livros infantis e filmes que tratam do assunto podem ser grandes aliados.

Não devemos esconder nada das crianças, muito menos inventar histórias para poupar os pequenos. As crianças até cerca de 10 anos de idade não abstraem. O seu psiquismo, ainda em construção, não consegue captar conceitos subjetivos. Pensam de forma concreta e constroem os conceitos a partir do concreto.

Para ajudá-las, precisamos, primeiro, elaborar nossos próprios conceitos acerca do assunto. O importante é “ser honesto”. Nem sempre teremos todas as respostas. E quando isso acontecer... que tal dizer “não sei” e propor buscar as explicações juntos? Mas devemos ficar atentos em ser sucintos e esclarecer especificamente as perguntas colocadas pelas crianças, sem nos aprofundarmos demasiadamente no tema. Quanto menor for a criança, maior deve ser esse cuidado.

A melhor forma de ajudar uma criança em qualquer situação, principalmente durante o luto, é ser empático. Demonstrar que também sofremos e sentimos saudades. Deixe-a falar sobre seus sentimentos e, acima de tudo, dê apoio e acolhimento. Garanta que ela nunca estará sozinha e sempre haverá alguém para cuidar dela. É importante que a criança sinta que tem o apoio e a atenção dos que por ela se responsabilizam e com quem ela interage.

A essência desse tema imprescindível é ensinar que a morte é um fenômeno natural da vida, Lei Divina, não no sentido da destruição, mas da renovação. Os elementos que consituem o corpo físico retornam ao imenso laboratório da natureza, mas a centelha divina que nos habita prossegue viva, atuante, amando, pensando, sentindo saudades e outras emoções!

Pela fé raciocinada que a Doutrina Espírita nos faculta, entenderemos que a morte não existe.

Nosso saudoso Chico Xavier chamava a morte de “berçário novo”, o momento que “nascemos” na dimensão espiritual, processo inverso e semelhante ao nascimento na dimensão material.

Enfim, qualquer pessoa que estude, com um mínimo de seriedade, a Doutrina Espírita no seu tríplice aspecto – Ciência, Filosofia e Religião – encontrará todas as respostas para não somente acreditar, mas SABER que a morte não existe, que a vida continua!

Encerramos esse texto transcrevendo uma bela oração atribuída a Santo Agostinho (guia do nosso Patrono Bezerra de Menezes em sua última encarnação):

“A morte não é nada./ Apenas passei ao outro mundo./ Eu sou eu,Tu és tu./ O que fomos um para o outro ainda somos,/ dá-me o nome que sempre me deste./ Fala-me como sempre me falaste./ Não mudes o tom a um triste ou solene./ Continua rindo com aquilo que nos fazia rir junto./ Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo./ Que meu nome se pronuncie em casa,/ como sempre se pronunciou./ Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra./ A vida continua significando o que significou./ Continua sendo o que era,/ o cordão da união não se quebrou./ Por que eu estaria fora dos teus pensamentos,/ apenas porque estou fora da tua vista?/ Não estou longe, somente estou do outro lado do/ caminho. Já verás, tudo está bem.../ Redescobrirás meu coração, e nele redescobrirás a/ ternura mais pura. Seca tuas lágrimas e, se me/ amas, não chores mais.”

Veja também as mensagens anteriores desse espaço no Arquivo do Blog da Família.

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