Retrato de Bezerra de Menezes

Casa de Recuperação
e Benefícios
Bezerra de Menezes

Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade. - Allan Kardec

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BIOGRAFIAS ESPÍRITAS - SAL DA TERRA


(Coleção de Biografias - Nossa homenagem a grandes e pequeninos nomes da história do Espiritismo)


ADDE AGUIAR DE ALMEIDA

Capa da obra Árvore e Frutos, psicografada por Adde Aguiar de Almeida

Nascida em Três Rios, no Estado do Rio, a 15 de novembro de 1919, e falecida na mesma cidade, a 15 de agosto de 1998. Espírita desde a infância, frequentou com a família o Grupo Espírita Fé e Esperança, participando de sua mocidade espírita e de seu grupo de teatro. A avó materna, Marcelina Chaves, dotada de grande bondade e de mediunidade de cura expressiva, trabalhando pela comunidade entrerriense até quase o final de sua vida de mais de 100 anos, foi exemplo expressivo de amor, fé, solidariedade e cooperação, influenciando a formação afetiva e espiritual da jovem Adde.

Mudou-se para o Rio de Janeiro e apesar de enfrentar inúmeras dificuldades, nunca se desesperou, nem deixou de auxiliar a quem dela necessitasse.

Sempre dedicada ao estudo espírita, atuante em atividades doutrinárias em várias instituições dirigiu, por alguns anos, a Mocidade Espírita da Casa de Laís, na Ilha do Governador, compondo músicas e peças para evangelização.

Em 1971 passou a frequentar a nossa CRBBM, logo agregada ao corpo de médiuns, dando muito de si, sem poupar esforços na distribuição dos conhecimentos adquiridos, sempre com ternura e com vontade de minimizar a dor de seus semelhantes.

Psicografou dois livros que falam ao coração: FLAGRANTES DE LUZ, pelos espíritos Kalil Gesum e Sing Iu Fu e ÁRVORE E FRUTOS, pelo espírito de Helvécio.

Sem queixas nem revolta, ao contrário, sempre com doce sorriso e meigo olhar, enfrentou por cinco anos o leito de uma clínica, desencarnando vítima do mal de Parkinson.

Constante lição para todos, demonstrou ser Adde para nós verdadeiro Sal da Terra...

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ADELAIDE CÂMARA (Aura Celeste)

Retrato de Adelaide Câmara - Aura CelesteEra uma mulher à frente de seu tempo. Nasceu em Natal, a 11 de janeiro de 1874. Recebeu educação primorosa, adquirindo sólida cultura. Em 1896, veio para o Rio de Janeiro, já com o diploma de Professora Normalista, numa época em que isso ainda era raro por aqui, já que nossa primeira Escola Normal foi criada em 1880 (as primeiras alunas obtiveram o título de bacharel somente em 1907).

Era uma época em que a mulher se mantinha ainda subordinada à autoridade do marido ou do pai. Apenas uma ou outra, como as feministas Júlia Lopes Almeida e Francisca Hedwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, se destacavam, numa sociedade essencialmente machista. Pois foi nessa época, em que mulheres vestiam roupas até os punhos e até os tornozelos, que Adelaide Câmara se destacou. Começou lecionando no colégio Ramp Williams. Um dia leu em "O Paiz" uma coluna chamada "Espiritismo - Estudos Filosóficos", assinada por Max, pseudônimo do Presidente da Federação Espírita Brasileira, Bezerra de Menezes. Foi sob a supervisão desse nosso Patrono que Aura Celeste começou o seu trabalho no Espiritismo, como médium psicógrafa, no Grupo Ismael.

Com a morte de Bezerra de Menezes, Aura Celeste passou a trabalhar no Círculo Espírita Cáritas, na rua Voluntários da Pátria 20, junto de Inácio Bittencourt, outro mentor da Casa.

Tendo se casado em 1906 com o Dr. Amaro Abílio Soares Câmara, não se afastou do Espiritismo, embora tenha permanecido mais voltada ao lar. Nesse período produziu, através da psicografia, muitas páginas que depois foram publicadas nos livros "Orvalho do Céu" (também chamado de "Flores do Céu") e "Do Além", adotando então o nome de Aura Celeste.

Em 1920 retornou às tribunas e ao trabalho mediúnico. Passou a operar muitas curas, através do espírito do Dr. Joaquim Murtinho, e desenvolveu a mediunidade de vidência. Entre 1922 e 1924 foi inspetora do Colégio Andrews, na Praia de Botafogo, sem contudo deixar de lado o seu trabalho mediúnico.

Aura Celeste publicou ainda os seguintes trabalhos: "Palavras Espíritas" (palestras), "Rumo à Verdade" , "Vozes d'Alma" (versos), "Sentimentais“ (versos), "Aspectos da Alma" (contos) e "Luz do Alto". Há também farto material de sua autoria em diversos jornais e revistas espíritas.

Tinha a mediunidade de incorporação, vidência, psicografia, receitista, curadora, intuitiva e até a faculdade de transporte, tendo operado várias curas em diversas partes do Brasil. Fundou o Asilo Espírita João Evangelista, aqui no bairro de Botafogo, e desencarnou em 25 de outubro de 1944. Por tudo que representa essa jóia rara para o Espiritismo, Adelaide Câmara é o SAL DA TERRA.

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ALI-OMAR

Luz do sol sobre as areias do desertoFoi na realidade o guia mentor da mediunidade de Azamôr Serrão. Após o seu retorno à seara espírita e consequente reinício de sua atividade mediúnica, foi Ali-Omar o primeiro a ocupar a sintonia com segura participação tanto psicofônica como psicográfica.

Filósofo árabe, ditava interessantes mensagens, ricas em figurações simbólicas, mas somente duas perpetuaram-se entre nós: o livreto RAIOS DE LUZ EM SEU CAMINHO e a prece o Caminho da Felicidade, que juntamente com um roteiro preparatório para anteceder o momento da prece, veio inspirar Azamôr a instituir a Higiene Mental que antecede a abertura dos trabalhos de todas as reuniões.

Através de alguns relatos de Azamôr quanto à figura de Ali-Omar, recebemos algumas informações sobre duas encarnações desse Espírito. Numa delas, há mais de quinhentos anos, fora ele um principe descendente direto de Maomé e, na outra, que mais lhe aprazia e cuja forma escolhia para apresentar-se, fora um humilde médico, agregado em uma tribo nômade do deserto.

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ANTÔNIO LUIZ SAYÃO

Antônio Luiz SayãoNasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1829. De origem humilde, passou necessidades para bacharelar-se em Ciências Jurídicas, na então Academia de Direito de São Paulo, em 1848.

Trabalhador incansável e extremamente econômico, conseguiu fazer fortuna, poupando e guardando as parcas economias que lhe sobravam das suas restritas necessidades materiais.

Talento modesto, aliado ao desejo do bem servir ao Senhor, jamais se deixou atingir pelo orgulho e pela vaidade, ou pelas sugestões do fausto e da orgia. Seu vestuário sempre foi sério, simples e decente, sua alimentação sólida, parca e sóbria. Seu lar, nos tempo ignominosos da escravidão, eram o céu dos desgraçados que tinham pedido a prova de ser escravos.

Nele se acolhiam, para de escravizados ficarem livres, pois eram tratados pelo "senhor" como irmãos e amigos e se constituíam membros de sua família. Que o digam os Moisés, os Celestinos e as Joanas, cujos filhos eram por ele acalentados e muitas vezes nos seus próprios braços entregavam o Espírito ao Criador. [...] Em 1878, mais ou menos, se fez espírita.

Tomou para seu companheiro e mestre o seu colega Bittencourt Sampaio... [...] Sayão e Bittencourt Sampaio pertenceram à Sociedade "Deus, Cristo e Caridade" até o dia em que uma divergência determinou a saída dos membros que não se deixaram arrastar pelo orgulho da ciência. Foi então quando resolveram fazer, no dia 06 de junho de 1880, uma reunião em sua casa, a fim de concertarem a respeito do destino que deveriam tomar, e o resultado foi a fundação do "Grupo dos Humildes", vulgarmente conhecido por "Grupo Sayão", dirigido espiritualmente pelo anjo Ismael e materialmente por ele, Sayão.

O que se passou na primeira fase desse Grupo está minuciosamente descrito no seu livro inicial, intitulado "Trabalhos Espíritas". Foi tempestuosa e, por isso, muitas lágrimas custou ao pobre do Sayão.

A segunda fase foi mais calma e deu-lhe ensejo a que publicasse o seu segundo livro, que denominou "Elucidações Evangélicas", livro que tantos e tão relevantes serviços tem prestado aos que se entregam ao estudo da Doutrina Espírita. Foi quando desencarnou o bom Bittencourt Sampaio.(*)

Desde essa data entrou o Grupo na sua terceira fase, que não foi para Sayão tão tempestuosa quanto a primeira, mas que se caracterizou pela luta que ele teve de sustentar contra os espíritos das trevas, quando o Grupo sucessivamente recebeu os livros "Jesus Perante a Cristandade".

Faleceu a 31 de março de 1903, à mesma hora em que a Federação Espírita Brasileira comemorava a desencarnação de Allan Kardec. Desencarnou como justo, balbuciando uma Ave Maria.

Pela grandeza de sua Obra, e pelo exemplo de sua humildade, Antônio Luís Sayão, grande divulgador de Kardec e Roustaing é, também, "Sal da Terra".

(Adaptação e resumo do capítulo homônimo da obra "Grandes Espíritas do Brasil", de Zêus Wantuil, publicação da Federação Espírita Brasileira)

(*)Sobre essa obra, sugerimos a consulta do volume "Virtudes dos Céus", publicação da CRBBM disponível para download gratuito em nossa Biblioteca Virtual.

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ARMANDA PEREIRA DA SILVA

Retrato de Armanda Pereira da SilvaNasceu em Portugal, a 24/11/1908, filha de Armando Pereira da Silva e Ana Correia da Silva.

A infância foi tranquila. Sua educação iniciou-se em Portugal, num internato de freiras. Veio para o Brasil com 12 anos de idade. Muito estudiosa, diplomou-se em letras, dominando bem o inglês e francês. Cursou a antiga Escola Nacional de Música, hoje UFRJ, formando-se em piano e canto orfeônico pelo Maestro Villa Lobos. O destino, porém, reservava-lhe provas duras... A forja do sacrifício pessoal e da resignação fariam parte também de sua educação, como disciplinas obrigatórias para o bom desempenho de futura missão.

Logo que chega à idade adulta, sua mãe contrai uma doença cruel, que produz paralisia progressiva. A jovem e promissora Armanda abandona, então, todos os projetos pessoais, inclusive o noivado, para dedicar-se integralmente à mãe. Assim o fez por várias décadas... Nos últimos anos de vida, sua progenitora só movimentava os olhos. A esta altura, Armanda já de há muito procurara ajuda e retempero de forças na doutrina espírita, frequentando sessões em um centro no Estácio. As muitas horas à cabeceira do leito de sua mãe eram agora preenchidas com o formidável manancial da literatura espírita, reconfortando-as e, melhor ainda, iluminando-as.

As dificuldades, porém, só aumentavam... Embora não lhes faltassem recursos financeiros, esvaziava-se a cada dia a cooperação humana. Primeiro, seu padrasto adoece; depois, o casamento dos irmãos (tinha dois, Alexandre e Antônio) e outros colaboradores. As horas de consolo e refrigério reduziam-se na proporção em que o acúmulo de tarefas impediam-na de frequentar as reuniões espíritas. A solução foi procurar um centro mais próximo de sua residência, no bairro de Botafogo. Corria o ano de 1963 e, assim, Armanda chegou à CRBBM. Sua mãe desencarnou pouco depois, e mais tarde também seu pai também se foi.

Armanda Pereira da SilvaJusto seria que a filha prestimosa, que não teve tempo de ver o tempo passar gozasse, agora, do merecido descanso, depois de quase trinta anos (!) de sacrifícios e vigílias noturnas ... Armanda, porém, não confundia descanso com ócio, e decidiu aproveitar as horas, agora livres, dedicando-se à causa espírita. Nessa época, nosso fundador e orientador geral, Azamor Serrão, já estava quase cego e, por isso, estudava braille no Instituto Benjamim Constant. Tendo-o acompanhado por algumas vezes, logo se viu extremamente sensibilizada com as dificuldades dos deficientes visuais, dispondo-se então a acompanhá-lo no estudo da escrita de cegos. Em pouco tempo tínhamos uma nova mestra no ensino da matéria, surgindo, desta maneira, a ideia da Casa formar um grupo de tradutores de livros em braille, tarefa que desempenhou também com extrema dedicação. Mal sabia, no entanto, que outra missão, tão importante quanto a prova em família, que enfrentara com tanto mérito e dignidade, a aguardava logo em seguida...

É sempre a mesma história: As pessoas que mais anseiam o poder e o comando são, exatamente, as que se mostram mais despreparadas para o seu exercício. As que não o esperam, ou que não se julgam preparadas, quase sempre surpreendem com exemplos de vida, onde humildade, autodisciplina e perseverança compensam, sobejamente, qualquer limitação por inexperiência ou despreparo. Nossa irmã Armanda fazia - e ainda faz! - parte, certamente, do segundo grupo.

Logo em seguida à desencarnação de nosso fundador e Orientador Geral, Azamor Serrão, em 1969, viu-se guindada à condição de Orientadora da CRBBM para sua surpresa e - por que não dizer? - verdadeiro desespero! Tinha então 62 anos! Foram dias e dias de aflição, de receio de não corresponder às expectativas de todos, de comprometer os destinos da Casa... Como a missão lhe havia sido conferida por Bezerra de Menezes (Espírito) e pelo próprio Azamor, juntos, decidiu afinal aceitar o pesado fardo ...

Os anos seguintes foram testemunhas de uma verdadeira revolução pessoal. Aquela senhora tímida, solteira, que tinha vivido sempre em prol do lar, que tinha consumido anos e anos de sua vida cuidando da mãe doente, via-se agora à frente de um centro espírita com quase 50 médiuns - hoje, são 150 -, contas, pagamentos e toda a sorte de providências que a gestão de uma casa como essa costuma solicitar. Na tentativa de fazer bem, de acertar sempre, avançava sempre nas horas, estendendo o dia ao limite das forças físicas. Acordava sempre cedo, em torno das 5 horas da manhã, trabalhando afanosamente até às 23 horas ou mesmo virando noites, quando julgava necessário, "para botar o trabalho em dia"! Adotou a disciplina como bandeira. A insegurança e o medo de errar pareciam-lhe espinhos permanentemente incrustados na pele ... Na dúvida, procurava manter sempre tudo exatamente como havia recebido, preservando assim como zelo férreo as atividades, os horários e a cultura interna da Casa, mesmo que a preço da incompreensão e da crítica dos arautos dos "novos tempos". Quem a via sempre ali, no posto, rígida, forte, "dura", jamais poderia adivinhar o coração puro e a alma grandiosa que habitavam aquele corpo tão pequeno e delicado.

Mais recentemente, aprendeu a língua internacional - o Esperanto - com mais de 80 anos de idade, passando então a lecioná-lo semanalmente para um grupo de alunos. No último dia 08 de setembro, nossa irmã se foi. O corpo, cansado, não suportou mais a energia intensa desse espírito tão corajoso, tão digno, tão operoso. Que o nosso querido Bezerra de Menezes possa tê-la recebido, no plano espiritual, nos seus braços generosos, é o nosso desejo, fazendo votos, também, que ela prossiga, firme e alegre, em sua nova etapa, aproveitando o gozo de uma consciência tranquila e de uma vida bem vivida.

Armanda Pereira da Silva foi, é e será sempre entre nós...verdadeiro SAL DA TERRA.

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AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Retrato de Augusto Elias da SilvaPortuguês de nascimento, veio para o Brasil e se fixou em Lavras (MG), em 05 de julho de 1845, e desencarnou em 19 de dezembro de 1905. Fundou em 1883 a que é hoje a mais antiga revista espírita, "Reformador", da FEB, agora com 117 anos de publicação. É, portanto, um dos maiores responsáveis pela implantação dos ideais espíritas em nossa pátria.

Conviveu com Bezerra de Menezes na luta unificadora do Espiritismo, a ser consagrado como Ciência, Filosofia e Religião, o tríplice aspecto capaz de abranger todas as necessidades do presente estado evolutivo do ser humano. Eis alguns apontamentos sobre sua personalidade contidos na biografia escrita por Sílvio Brito Soares:

"Caráter rígido e sempre pronto a defender os oprimidos. Seu altruísmo superava qualquer barreira ideológica ou convencional, como demonstrou em protesto público feito em 1883, defendendo um pastor protestante contra as perseguições fanáticas de agentes do governo instigados por um padre católico.

Apesar de formidável fluência e correção de linguagem, que casava num estilo pleno de beleza e vigor literários, apoiados em profundos conhecimentos da doutrina espírita, Elias era retraído devido a modéstia extrema, causando em muitos a impressão de ser portador de limitada cultura, mas surpreendendo a todos que logravam assistir sua excelente oratória.

Ewerton Quadros, que o sucedeu na direção do "Reformador", assim se expressou em seu funeral:

"Sempre pronto a ir em auxílio dos que sofrem neste mundo de provações e expiações, sem anunciar ao som de trombeta os atos de caridade que partilhava, o espírito que acaba de alar-se ao outro mundo sacrificou, por mais de uma vez, os interesses materiais dos seus, sem jamais esmorecer, nem mesmo com os golpes da ingratidão."

Para todo espírita estudioso das verdades eternas, Augusto Elias da Silva é Sal da Terra.

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AZAMOR SERRÃO, NOSSA "ANTENA CELESTE"

Azamôr durante a primeira visita ao Brasil, entre 2 e 4 anos.Azamôr Serrão nasceu em Portugal, na freguesia de Jou, Concelho de Murça, na região de Trás-os-Montes, a 23 de Janeiro de 1915. Visitou o Brasil aos 2 anos. Voltou para ficar definitivamente em nosso país aos seis anos.

Revelou tendências artísticas ainda em tenra idade: canto, artes dramáticas (chegou a participar de grupos de teatro amador), desenho e pintura.

Profissionalmente, firmou-se no comércio de roupas masculinas. Começou a trabalhar cedo, e logo tornou-se destacado balconista pela eficiência em vendas e extrema facilidade em conquistar a amizade dos clientes, como também por seu perfil sincero, prestativo e solidário. Sua empolgação com a moda masculina o dispôs a participar em varias atividades operacionais do ramo, passando por áreas como alfaiataria e camisaria. Destacou-se na estética expositiva como vitrinista e, ainda jovem, gerenciou lojas de grande evidência em sua época.

Sua mediunidade foi também precoce. Fez-se presente desde a infância mas, por ser de família católica e muito tradicional, teve que desenvolvê-la por conta própria, em plena puberdade. Seu primeiro núcleo de atividade espírita foi o Grupo Antônio de Pádua. Ficava no centro da cidade (RJ), próximo à loja em que trabalhava, e ainda pôde contar com o apoio do chefe: o proprietário da loja, Sr.Agostinho, era também o dirigente dessa casa espírita...

O jovem Azamôr Serrão, como gerente da conceituada loja de moda masculina, Soares & Maia.Aos 21, casou-se com jovem de família também católica, conservadora, Innocência Gonçalvês Pereira. Interrompeu, por isso, suas atividades mediúnicas. Só voltou a um centro espírita aos 35 anos, sofrendo intenso assédio de espíritos perturbados. Com o reinício das atividades mediúnicas, cessaram as periódicas reaçõ es estranhas e desconexas que culminavam com perda de consciência e que tanto intrigavam os médicos que tratavam sua diabetes, fazendo-os supor ser reação à insulina aplicada no seu tratamento. Azamôr viu confirmar-se, então, o que já sabia desde a pré-adolescência: os incômodos provinham do assédio de Espíritos sofredores atraídos pelas radiações magnéticas de sua intensa mediunidade já amadurecida. Foi nesta época que começou a receber as orientações de seu guia Ali-Omar, preparando-o para a recepçãção de nosso venerável Patrono - Bezerra de Menezes.

Não foram necessários mais que quatro anos de atividades regulares no centro espírita Tenda dos Irmãos do Oriente (Botafogo/RJ), para que atingisse toda a plenitude mediúnica, passando a transmitir com regularidade receituários de Bezerra de Menezes e conselhos com orientações filosóficas de Ali-Omar. Em pouco tempo o atendimento semanal já beneficiava centena de aflitos.

Um acidente estranho, inusitado mesmo, marca esse período. Dizem que a vida, por expressar a vontade de Deus, “escreve certo por linhas tortas”, mas Azamôr sabia que é miopia nossa - espiritual - que nos leva a entender assim, e que os traços da Sabedoria Divina são sempre da mais perfeita exatidão...

Azamôr Serrão, já cego, acompanhado de sua esposa Innocência.Azamôr controlava bem sua diabetes, com segurança, há mais de 40 anos. Nunca se descuidara. Inexplicavelmente, nesse momento de sua vida, relaxara nos cuidados, entrando repentinamente em perigoso e repentino coma. O médico que o assistia, diante da crise crescente e fora de controle, retirou-se do caso, alegando viagem urgente. Esposa e filhos, atônitos, apelavam para os socorros de emergência, e justo naquele transe difícil, descomunal temporal desabava sobre a cidade do Rio de Janeiro, com ruas inundadas e comunicações interrompidas.

O primeiro pedido de socorro fora dirigido à Casa de Saúde São Victor, que ficava na praia de Botafogo. Mas, a rua São Clemente, onde residia a família, alagada, estava inviabilizada para o trânsito de veículos. Tudo apontava para trágico desfecho e a iminente desencarnação de Azamôr Serrão.

Toca então a campainha e, ao atender-se à porta, encontrava-se diante dela um homem com maleta na mão, encharcado dos pés a cabeça. Era o Dr. Pinkuas Fishman, que tivera de deixar seu carro enguiçado e seguira a pé, com água na cintura, determinado a chegar até ali pela consciência da gravidade da emergência em andamento.

A situação era crítica. Para salvá-lo, Dr. Fishman serviu-se de um recurso extremo - cloreto de potássio dissolvido em suco de laranja - deglutido mecanicamente, estimulado com massagens na garganta. Surgiram a partir daí as primeiras reações positivas, mas o dedicado médico alertava que possivelmente sérias sequelas deveriam advir, após lenta e gradativa recuperação.

Azamôr Serrão, antena celeste, na antiga sede da CRBBM, à rua 19 de fevereiro (Botafogo / RJ), ao final de longo e intenso trabalho de receituário.Superada toda essa dramática e aflitiva situação, Azamôr encontrou providencial repouso em aprazível sítio, em Barão de Javari, estadia oferecida pelo amigo e compadre Raimundo Petindá. Foi aí que, através de comunicação psicofônica de Ali-Omar, recebeu, junto à família, informações esclarecedoras sobre o que ocorrera durante o coma.

Azamôr perdera tempo precioso na existência atual, e não conseguira completar a importante missão mediúnica a que viera destinado. Seu tempo esgotara-se, e o coma poderia ter sido fatal, mas Dr. Bezerra contava com a sua colaboração para importantíssima tarefa, para a qual, pela sua firme dedicação aos compromissos mediúnicos nos últimos anos, tornara-se plenamente qualificado. O excelso, operoso e amorável trabalhador da Seara do Cristo, solicitara a Jesus uma pequena prorrogação, para que não se comprometesse a oportunidade de serviço, e logo recebera a aquiescência para o seu seu pedido de tempo adicional - 10 anos. Nessa extensão de vida física que lhe fora concedida, Azamôr deveria cumprir a missão assumida, acrescentada da prova da cegueira.

Na bucólica paisagem do sertão fluminense, Azamôr e os Espíritos responsáveis pela nova empreitada encontraram então a paz que desejavam para alinhavarem os planos fundamentais para a criação da Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes. Desfrutando durante quase 30 dias de uma atmosfera privilegiada, e tendo ao lado a “sua Innocência”1, sentia-se novamente revigorado, pronto para o início da nova e decisiva etapa de sua vida...

Estávamos então em meados de 1959. Azamôr Serrão só desencarnou de fato dez anos mais tarde, por um novo coma diabético, a 1º de agosto de 1969.

Retornara da crise, portanto, consciente do valor da concessão recebida. Levantou-se do coma mais firme, dedicado e eficiente do que nunca, na operosa tarefa mediúnica de receituário e aconselhamentos. Feliz, sentia-se recuperando o tempo perdido. Confirmara-se, igualmente, o acréscimo de suas provas, com o surgimento de uma retinopatia, que progressivamente o deixaria totalmente cego2.

Azamôr SerrãoPara ter mais independência para seguir, fiel e firmemente, as orientações de seu mentor, Ali-Omar, e do irmão Bezerra, deixou o grupo a que originalmente se filiara, para exercício da mediunidade receitista, junto a outros 18 companheiros de trabalhos, criando, primeiro, a “Iniciação Espírita "Bezerra de Menezes”, voltada ao estudo das obras de Kardec e, depois, fundando a “Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes”, a 03 de junho de 1961.

A nascente oficina de Bezerra estaria permanentemente aberta a todos os aflitos, doentes do corpo ou do Espírito, como também a todos que dela se aproximassem em busca da fé raciocinada oferecida pelo Espiritismo. O profundo sentimento cristão do Excelso Mentor, Bezerra de Menezes, deveria se refletir nos padrões de conduta fraterna e tolerante de seus colaboradores, sob a determinada liderança de Azamôr Serrão, “antena celeste” - médium cristão - dotado de plena segurança mediúnica em variadas faculdades: vidência, desdobramento, psicofonia e psicografia.

Esta última tinha como expressão maior o intenso e efetivo receituário de Bezerra de Menezes, realizando inúmeras e impressionantes curas, além de muitas comunicações esclarecedoras, incentivando o despertar da consciência cristã vivenciada, algumas das quais apresentamos a seguir.

Azamôr conseguiu aproveitar bem a oportunidade que lhe foi concedida. Seus testemunhos, sua dedicação ao bem, sua energia na busca de todas as oportunidades possíveis de serviço ao próximo, foram bastantes para iluminar os dias que obteve de acréscimo com uma luz nova, forte, viva, que acabou por despertar e iluminar também os que com ele conviviam.

Deixou saudades. Admiradores. Histórias mil. Os que não tiveram a honra de conhecê-lo encarnado adoram ouvir os muitos “causos” a seu respeito; e os que foram seus amigos adoram contá-los, para minorar as saudades. Foi também um grande contador de histórias, a maioria de sabor oriental, até hoje presentes em suas comunicações.

Azamôr conseguiu. Deixou de legado o exemplo de sua humanidade intensa, melhor, muito melhor e mais inspiradora que uma santidade prematura ou artificial. A estrofe que cunhou e que adotou como lema, como também para inspiração de muitos de seus artigos no boletim de nossa Casa - O Cristão Espírita - fundado em parceria com o amigo Indalício Mendes, outra figura querida, de saudosa memória, serve aqui como um perfeito resumo biográfico, talvez a mais exata tradução das duas grandes fases de sua vida - antes e depois de sua “estrada de Damasco”: “Evangelho meditado / Fala sempre ao coração. / Evangelho praticado / É permanente oração”.

Azamôr conseguiu. Deus o abençoe.

NOTAS:

  1. Nosso homenageado costumava brincar, entre amigos, dizendo ser o único capaz de apresentar aos demais a “sua Innocência” - nome de sua esposa, como já vimos, dedicada companheira de boas obras...

  2. Aliás, ainda jovem, no inicio de sua convivência espírita, lhe fora anunciada a possível expiação da cegueira, complementando suas provas. Por isso, devidamente prevenido, em lugar de se desesperar ou se revoltar, correu para aprender o alfabeto Braille, enquanto ainda lhe restava alguma visão, para melhor conviver com a nova limitação que se apresentava inevitável. Teve como companhia, no Instituto Benjamim Constant, sua fiel discípula, Dona Armanda, que terminou virando professora de Braille. Acalmava a todos que se penalizavam ao vê-lo cego: “Eu amo a oportunidade da minha cegueira, mas peço que Deus preserve a visão de vocês.

Fonte: "Antena Celeste - Mensagens de Bezerra de Menezes em torno da Mediunidade Cristã", Ed. CRBBM

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Conheça mais sobre Azamor Serrão e a história da CRBBM na página Nossa História.

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OS ÚLTIMOS MOMENTOS DE AZAMÔR SERRÃO

Azamôr Serrão e D. Inocência, sua esposaA última reunião presidida pelo irmão Azamôr Serrão, na Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes, foi a 25 de julho de 1969, sexta-feira. No dia seguinte, 26, sábado, haveria a reunião de médiuns, à qual não compareceu por ordem do Dr. Bezerra de Menezes, a fim de que descansasse e pudesse fazer uma palestra no domingo, dia 27, na Casa de Detenção. De fato, esta parte foi integralmente cumprida por ele, embora, ao regressar à sua residência, sentisse muita dor e solicitasse um medicamento que pudesse aliviá-lo. Depois da prece das 18 horas, ainda no mesmo dia, disse ele que iria providenciar a operação, pois não estava mais suportando o sofrimento. Procurou então um médico amigo, Dr. Hugo Piregeira, que indicou para operá-lo o Dr. Sílvio Campos.

Consultou na segunda-feira o Dr. Sívio Campos, que mostrou-se preocupado, declarando ser necessária a operação de emergência e lamentando não haver vagas no hospital, naquele exato momento. Todavia, prontificou-se a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para que a operação não fosse retardada.

Irmão Azamôr voltou para o seu lar convencido de que somente seria chamado no fim do mês, em vista das dificuldades encontradas. Com surpresa, porém, foi chamado ainda no mesmo dia e se internou no dia imediato, às 8,30h. Na quarta-feira, 30, no mesmo horário, foi feita a operação, e uma hora depois ele já estava de volta à sua residência. É que, graças à intervenção do Dr. Bezerra, nada mais havia a fazer, exceto extrair o olho doente. O médico cirurgião ficou surpreso com o fato.

Tudo correu bem até às 13 horas. Daí em diante ele começou a passar mal. Na quinta-feira, dia 31, das 8 às 11 horas, os médicos lançaram mão de todos os recursos que podiam, mas o estado do irmão Azamôr se agravava minuto a minuto. Às 11 foi levado para a sala de recuperação, de onde as notícias somente podiam ser transmitidas pelo telefone. Continuava o irmão Azamôr inconsciente, apresentando leve melhora à noitinha. Foi então permitido ao irmão Joaquim aproximar-se dele e foi reconhecido, estabelecendo-se entre ambos o seguinte brevíssimo diálogo:

“- Sabe quem está falando?”...“- É o Quincas.” ...Mais nada...

As informações sobre a marcha do seu estado continuaram a ser dadas pelo telefone, até quando se verificou a desencarnação. Eram 11 horas e 45 minutos, justamente quando a irmã Inocência, sua esposa, e seu filho Paulo experimentaram uma sensação muito forte e estranha, como se seus corações houvessem caído. Foi imediata a intuição de que o fato se relacionava com a despedida do querido esposo e pai. Somente se encontravam ali os irmãos Inocência, Paulo e Luzia, sua esposa. A seguir estes dois se retiraram e a irmã Inocência continuou sem poder dormir, trabalhando.

Às 4,50h ela ouviu um ruído de discagem do telefone e admitiu que alguém estivesse pretendendo falar para fora, mas não deu importância à ocorrência. Mas, tratava-se de seu filho, Paulo, que, ansioso, desejava notícias do pai, pois, esclareceu posteriormente, havia sonhado com ele e despertara, vendo-o, em companhia do Dr. Bezerra, na pôpa de um navio, de partindo, dando adeus a pessoas que se achavam no cais. Ao mesmo tempo em que Paulo tinha esse sonho, a irmã Inocência, em casa, sentiu que alguém abria a geladeira, tal como era hábito fazer o irmão Azamôr. Poderia ser simples impressão mas, ao olhar para o lado, viu refletirem-se na vidraça da janela duas imagens: a sua e a do irmão Azamôr. Diante disto, não teve mais dúvidas de que o ruído da geladeira que se abria não era uma alucinação, mas um expediente para despertar a sua atenção para o que a seguir ocorreria.

Emocionada ao extremo, perturbou-se, julgando achar-se com febre e sujeita a enganar-se. Foi quando, para dissipar definitivamente todas as dúvidas, ouviu com grande nitidez a voz de seu marido, Azamôr, dizendo-lhe ternamente:

“- Cencinha, quando lá chegares, não me encontrarás mais. Já parti...”

(Relato feito pela irmã Inocência Serrão, de acordo com os esclarecimentos de todos os envolvidos, na terça-feira, 9 de junho de 1970, à irmã Myriam Neide Mendes de Oliveira, filha do nosso irmão Indalício Mendes) - Texto extraído do volume "Antena Celeste", Ed. CRBBM 2018.

BEZERRA DE MENEZES

Bezerra de MenezesAdolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em 29 de agosto de 1831 na fazenda Santa Bárbara, no lugar chamado Riacho das Pedras, município cearense de Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama, estado do Ceará. Descendia Bezerra de Menezes de antiga família, das primeiras que vieram ao território cearense. Seu avô paterno, o coronel Antônio Bezerra de Souza e Menezes tomou parte da Confederação do Equador, e foi condenado à morte, pena comutada em degredo perpétuo para o interior do Maranhão, e que não foi cumprida porque o coronel faleceu a caminho do desterro, sendo seu corpo sepultado em Riacho do Sangue. Seus pais, Antônio Bezerra de Menezes, capitão das antigas milícias e tenente-coronel da Guarda Nacional, desencarnou em Maranguape, no dia 29 de setembro de 1851, de febre amarela; a mãe, Fabiana Cavalcanti de Alburquerque, nascida em 29 de setembro de 1791, desencarnou em Fortaleza, aos 91 anos de idade, perfeitamente lúcida, em 5 de agosto de 1882.

Desde estudante, o itinerário de Bezerra de Menezes foi muito significativo. Em 1838, no interior do Ceará, conheceu as primeiras letras, em escola da Vila do Frade, estando à altura do saber de seu mestre em 10 meses. Já na Serra dos Martins, no Rio Grande do Norte, para onde se transferiu em 1842 com a família, por motivo de perseguições políticas, aprendeu latim em dois anos, a ponto de substituir o professor.

Em 1846, já em Fortaleza, sob as vistas do irmão mais velho, o Dr. Manoel Soares da Silva Bezerra, conceituado intelectual e líder católico, efetuou os estudos preparatórios, destacando-se entre os primeiros alunos do tradicional Liceu do Ceará.

Bezerra queria tornar-se médico, mas o pai, que enfrentava dificuldades financeiras, não podia custear-lhe os estudos. Em 1851, aos 19 anos, tomou ele a iniciativa de ir para o Rio de Janeiro, a então capital do Império, a fim de cursar medicina, levando consigo a importância de 400 mil réis, que os parentes lhe deram para ajudar na viagem.

No Rio de Janeiro, ingressou, em 1852, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia.

Para poder estudar, dava aula de filosofia e matemática. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Em março de 1857, solicitou sua admissão no Corpo de Saúde do Exército, sentando praça em 20 de fevereiro de 1858, como cirurgião tenente. Ainda em 1857, candidatou-se ao quadro dos membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento", sendo empossado em sessão de 1º de junho. Nesse mesmo ano, passou a colaborar na "Revista da Sociedade Físico-Química".

Em 6 de novembro de 1858, casou-se com a Sra. Maria Cândida de Lacerda, que desencarnou no início de 1863, deixando-lhe um casal de filhos. Em 1859 passou a atuar como redator dos "Anais Brasilienses de Medicina", da Academia Imperial de Medicina, atividade que exerceu até 1861. Em 21 de janeiro de 1865, casou-se, em segunda núpcias com Dona Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua primeira esposa, com quem teve sete filhos.

Já em franca atividade médica, Bezerra de Menezes demonstrava o grande coração que iria semear, até o fim do século, sobretudo entre os menos favorecidos da fortuna, o carinho, a dedicação e o alto valor profissional. Foi justamente o respeito e o reconhecimento de numerosos amigos que o levaram à política, que ele, em mensagem ao deputado Freitas Nobre, seu conterrâneo e admirador, definiu como “a ciência de criar o bem de todos”. Elegeu-se vereador para Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1860, pelo Partido Liberal.

Quando tentaram impugnar sua candidatura, sob a alegação de ser médico militar, demitiu-se do Corpo de Saúde do Exército. Na Câmara Municipal, desenvolveu grande trabalho em favor do “Município Neutro” e na defesa dos humildes e necessitados.

Foi reeleito com simpatia geral para o período de 1864-1868. Não se candidatou ao exercício de 1869 a 1872.

Bezerra de Menezes e Azamor SerrãoEm 1867, foi eleito deputado-geral (correspondente hoje a deputado federal) pelo Rio de Janeiro. Dissolvida a Câmara dos Deputados em 1868, com a subida dos conservadores ao poder, Bezerra dirigiu suas atividades para outras realizações que beneficiassem a cidade.

Em 1873, após quatro anos afastados da política, retomou suas atividades, novamente como vereador.

Em 1878, com a volta dos liberais ao poder, foi novamente eleito à Câmara dos Deputados, representando o Rio de Janeiro, cargo que exerceu até 1885.

Neste período, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, que veio proporcionar-lhe pequena fortuna, mas que, por sua vez, foi também o sorvedouro dos seus bens, deixando-o completamente arruinado. Em 1885, atingiu o fim de suas atividades políticas. Bezerra de Menezes atuou 30 anos na vida parlamentar. Outra missão o aguardava, esta mais nobre ainda, aquela de que o incumbira Ismael, não para o coroar de glórias, que perecem, mas para trazer sua mensagem à imortalidade.

O Espiritismo, qual novo maná celeste, já vinha atraindo multidões de crentes, a todos saciando na sua missão de consolador. Logo que apareceu a primeira tradução brasileira de “O Livro dos Espíritos”, em 1875, foi oferecido a Bezerra de Menezes um exemplar da obra pelo tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos, que se ocultou sob o pseudônimo de Fortúnio.

Foram palavras do próprio Bezerra de Menezes, ao proceder a leitura de monumental obra: “Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito, entretanto tudo aquilo era novo para mim [...]. Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no Livro dos Espíritos [...]. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou mesmo, como se diz vulgarmente, de nascença”. Contribuíram também, para torná-lo um adepto consciente, as extraordinárias curas que ele conseguiu, em 1882, do famoso médium receitista João Gonçalves do Nascimento.

Mais que um adepto, Bezerra de Menezes foi um defensor e um divulgador da Doutrina Espírita. Em 1883, recrudescia, de súbito, um movimento contrário ao Espiritismo e, naquele mesmo ano, fora lançado por Augusto Elias da Silva o “Reformador”, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira e o periódico mais antigo do Brasil, ainda em circulação. Elias da Silva consultava Bezerra de Menezes sobre as melhores diretrizes a seguir em defesa dos ideais espíritas. O venerável médico aconselhava-o a contrapor-se ao ódio, o amor, e a agir com discrição, paciência e harmonia.

Bezerra não ficou, porém, no conselho teórico. Com as iniciais A. M., principiou a colaborar com o “Reformador”, emitindo comentários judiciosos sobre o Catolicismo.

Bezerra de MenezesFundada a Federação Espírita Brasileira em 1884, Bezerra de Menezes não quis inscrever-se entre os fundadores, embora fosse amigo de todos os diretores e sobremaneira, admirado por

Embora sua participação tivesse sido marcante até então, somente em 16 de agosto de 1886, aos 55 anos de idade, Bezerra de Menezes, perante grande público, em torno de 1.500 a 2.000 pessoas, no salão de Conferência da Guarda Velha, em longa alocução, justificou a sua opção definitiva de abraçar os princípios da consoladora

Daí por diante Bezerra de Menezes foi o catalisador de todo o movimento espírita na Pátria do Cruzeiro, exatamente como preconizara Ismael. Com sua cultura privilegiada, aliada ao descortino de homem público e ao inexcedível amor ao próximo, conduziu o barco de nossa doutrina por sobre as águas atribuladas pelo iluminismo fátuo, pelo cientificismo presunçoso, que pretendia deslustrar o grande significado da Codificação Kardequiana. Presidente da FEB em 1889, ao espinhoso cargo foi reconduzido em 1895, quando mais se agigantava a maré da discórdia e das radicalizações no meio espírita, nele permanecendo até 1900, quando desencarnou. O Dr. Bezerra de Menezes foi membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, da Sociedade Físicoquímica, sócio e benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas-Artes, membro do Conselho do Liceu de Artes e presidente da Sociedade Beneficente Cearense.

Escreveu em jornais como “O Paiz”, redigiu “Sentinela da Liberdade”, os “Anais Brasilienses de Medicina”, colaborou na “Reforma”, na “Revista da Sociedade Físico-química” e no “Reformador”. Utilizava os pseudônimos de Max e Frei Gil.

O dicionarista J. F. Velho Sobrinho alinha extensa bibliografia de Bezerra de Menezes, relacionando para mais de quarenta obras escritas e publicadas. São teses, romances, biografias, artigos, estudos, relatórios, etc. Bezerra de Menezes desencarnou em 11 de abril de 1900, às 11h30min., tendo ao lado a dedicada companheira de tantos anos, Cândida Augusta. Morreu pobre, embora seu consultório estivesse cheio de uma clientela que nenhum médico queria; eram pessoas pobres, sem dinheiro para pagar consultas. Foi preciso constituir-se uma comissão para angariar donativos visando a possibilitar a manutenção da família. A comissão fora presidida por Quintino Bocayuva.

Por ocasião de sua morte, assim se pronunciou Leon Denis, um dos maiores discípulos de Kardec: “Quando tais homens deixam de existir, enlutase não somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo”.

Fonte: Texto incluído nas obras que integram a Coleção Bezerra de Menezes, publicada pela FEB

Conheça mais sobre o Patrono de nossa CASA no nosso Museu Virtual Bezerra de Menezes.

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BITTENCOURT SAMPAIO

"Tão longe de mim distante,/ Onde irá, onde irá teu pensamento!"...

Bittencourt SampaioQuem ouve os primeiros acordes e versos da modinha "Tão longe de mim distante", de Carlos Gomes, impressionando-se com a sua beleza e a espiritualidade de sua poesia, está na verdade reverenciando também o trabalho de um dos maiores vultos do Espiritismo, de todos os tempos: Bittencourt Sampaio.

Sergipano, nascido na cidade de Laranjeiras, a 1º de fevereiro de 1834, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio contava então apenas 25 anos (sua parceria com o autor da ópera "O Guarani" ocorreu em 1859), mas já foi suficiente para revelar ao público o que seria um dos grandes gênios da poesia brasileira.

Segundo o prezado Zeus Wantuil, "não se sabe quando ele entrou para o Espiritismo, mas em 02 de agosto de 1873 já fazia parte da Diretoria do "Grupo Confúcio", primeira sociedade espírita surgida em terras cariocas. Lá desenvolveu sua mediunidade receitista, curando muitos doentes com remédios homeopatas.

Mais tarde (1882), já na condição de grande amigo de Bezerra de Menezes, Bittencourt fez o prodígio de transformar todo o Evangelho de João em magníficos versos decassílabos, na obra "A Divina Epopéia", por sinal, a mesma estrutura poética utilizada por Dante Alighieri na sua "Divina Comédia", pérola da literatura universal.

Advogado, jornalista, alto funcionário público e político ativo, foi deputado por sua província em duas legislaturas e Presidente (Governador) do Espírito Santo. Presidiu, também, a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Desencarnou no Rio de Janeiro, a 10 de outubro de 1895.

Já de volta à vida espiritual, foi autor de dois grandes clássicos da literatura espírita: "Jesus Perante a Cristandade" e "Do Calvário ao Apocalipse", esta última o complemento para a obra "Os Quatro Evangelhos", de João-Baptista Roustaing, prometido pelos seus espírito autores desta última.

É apontado por Fred Figner, na obra "Voltei", como o responsável pelos estudos evangélicos na pátria de Ismael.

Por tudo que fez, por tudo que é, Bittencourt Sampaio é também ... Sal da Terra!

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CAMILLE FLAMMARION

Na primeira semana de junho a família espírita celebra sempre a memória de Camille Flammarion, na condição de um dos quatro grandes coaduvantes encarnados para colaborar com Kardec em sua abençoada missão, juntamente com Roustaing, Léon Denis e Gabriel Delanne, no dizer de Humberto de Campos, por Chico Xavier, em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho". Esse grande trabalhador da causa espírita desencarnou a 04 de junho de 1925, deixando um legado de obras primorosas e a trajetória de uma vida digna, dedicada ao estudo e ao amor à humanidade. Deus abençoe a este valoroso "Sal da Terra"!

Camille Flammarion e sua esposaPopularizador da Astronomia e divulgador do Espiritismo, "de estatura regular, de expressiva fisionomia", o ilustre astrônomo parece concentrar em seu olhar toda a energia de sua alma, toda a vivacidade de seu espírito. Até o nome leva o selo de sua natureza e, por assim dizer, o signo estranho de seu destino (Flamma Orionis...)" (Biografias, Artículos y Datos Espiritistas, recopilados por E.E.G. - Madrid - Revista Psicologia La Irradición, 1896).

Astrônomo célebre, sábio e filósofo, o extraordinário investigador francês é, também, famoso e respeitado autor espírita, presidente da "Societé Astronomique de France", diretor do Observatório de Juvisy, dotado de "estilo encantador" (como se refere Léon Denis); ex-presidente da S.P.R. (Society for Psychical Research), encarnado em Montigny-le-Roi, Haute-Marne, França, num sábado, à uma hora do dia 26 de fevereiro de 1842; e, como ele mesmo diria mais tarde, "estava muito impaciente para chegar à Terra, e não esperou os 9 meses; nasceu aos 7 meses."

A região da cidade onde nasceu teve uma grande influência romana; daí a razão de muitos dos seus habitantes terem nomes com essa origem. Camille é um deles. Era descendente de modesta família de lavradores. Aos 4 anos sabia ler. Na Escola Comunal foi o primeiro da classe, conquistando, nos primeiros cursos, uma Cruz de Honra, que guardava como recordação de seu primeiro mestre, o Senhor Crapelet.

Sua desencarnação ocorreu, aos 83 anos, em Juvisy-sur-Orge, França, tendo sido "inhumé dans son jardin"(sepultado em seu jardim), no vasto Parque do Observatório, de Juvisy, no dia 4 de junho de 1925. "Il est mort comme um poète, comme um amourex du ciel." (Ele morreu como um poeta, como um amor do céu.)

Com a sua desencarnação, sua esposa Mme. Gabrielle Camille Flammarion (quando solteira, Gabrielle Renaudot), que era sua secretária, assumiu a direção do Observatório, desencarnando, porém, dois anos após. Em 1858, com 16 anos de idade, Camille foi admitido como auxiliar no Observatório de Paris e fez parte do "Bureau des Longitudes", como calculador.

Desde muito jovem se deu a conhecer no mundo das letras com a notável obra "La Pluralité des Mondes Habités", que escreveu aos 19 anos de idade. Ele morou em Paris, no piso mais alto de uma casa que forma a esquina da rua Cassini com a avenida do Observatório, a que se ligou muito, pois foi aí que sofreu as amargas vicissitudes da luta pela própria existência e onde gozou das maiores alegrias de sua vida. Nesta casa ele escreveu a maioria das obras que lhe deram fama; onde também, depois de casar-se, morou com a sua fiel companheira, esclarecida confidente de todos os seus trabalhos, e sua preciosa secretária.

O gabinete de Flammarion era muito singelo; mas, nas paredes, sobre o pavimento, em cima das mesas e das cadeiras, por todos os lados, uma montanha de livros, periódicos, folhetos e papéis. A sua mesa estava sempre coberta de cartas, que chegavam todos os dias, dos quatro extremos do mundo, e de provas para a sua Revista "L´Astronomie", que fundara em 1882, e para o "Nouveau Dictionnaire Encyclopedique, etc."

Durante cerca de uma dezena de anos, Flammarion recebia, quase todas as semanas, extensas cartas de um Senhor chamado Meret, de Burgos, que o felicitava. - Flammarion, demasiado ocupado para responder a tal desbordamento de entusiasmo, se contentava em dar-lhe graças de vez em quando, por um breve bilhete de recebimento. Flammarion já não se preocupava com o generoso Bordelés, quando, um dia, se apresentou um notário em seu domicílio, para anunciar-lhe que M. Meret, sentindo próximo o seu fim, e não tendo herdeiros, lhe legava totalmente - objetivando que a utilizasse para seus estúdios - a bela e vasta propriedade que possuía em Juvisy, e que se chamava, no país, o " castelo da corte de França..."

Em 1883, Flammarion fundou o Observatório Juvisy, que dirigiu durante toda a sua vida. Foi presidente da "Societé Astronomique de France" e professor do Príncipe Imperial. Em 1923 presidiu a "Society for Psychical Research". Fez experiências, entre outras, com as médiuns Madame Girardin (na casa de Victor Hugo, em Jersey), Mademoiselle Huet e Eusápia Paladino.

O "Anuário Espírita do Brasil" (1931, 1ª ed.) destaca que "o sábio das constelações siderais, com a sabedoria de mestre, provou ao mundo que os domínios da Astronomia não iam somente ao conhecimento dos corpos celestes".

O Imperador Pedro II, amante das ciências, foi visitar o astrônomo em seu retiro e plantou, com as suas próprias mãos, no parque, para perpetuar a memória de sua passagem, um pequeno cedro do Líbano, de cujo ato Flammarion, por sua vez, gravou em uma prancha de cobre, os detalhes desse acontecimento.

Rendendo homenagem a Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, que desencarnara, repentinamente, dia 31 de março de 1869, Flammarion, a convite da Direção da Sociedade Espírita de Paris, consigna, no seu discurso, para a posteridade que "Ele era o que eu denominarei o bom senso encarnado", publicado, posteriormente, sob o título "Discours prononcé sur la tombe d´Allan Kardec", por Didier et Cie. Paris, 1869, Imp. P. A. Bourdier, 24 pp.; reeditado pela "Librairie Spirite", com o título "Le Spiritisme et la Science", Paris, 1869, "in" 8º., 24 pp., e incluída, por Pierre-Gaëtan Leymarie, em "Oeuvres Posthumes d´Allan Kardec" (Obras Póstumas) (RE - 1869 - Maio; OP, Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec).

As obras de Flammarion foram traduzidas para grande número de idiomas - para o inglês, espanhol, sueco, dinamarquês, italiano, húngaro, checo, holandês, romeno, russo, alemão, português - e são referidas na "Revue Spirite", que também publica seus artigos.

Fonte: Revista ICESP, nº 14.

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CAIRBAR SCHUTEL

retrato de Cairbar SchutelNo dia 22 de setembro de 1868, filho do casal Anthero de Souza Schutel e Rita Tavares Schutel, nasceu Caírbar de Souza Schutel, no Rio de Janeiro, então sede da Corte Imperial do Brasil, onde praticou em diversas farmácias e aos 17 anos de idade foi para o Estado de São Paulo, trabalhando como farmacêutico em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, cidade em que viveu durante 42 anos.

Possuidor de brilhante cultura, de grande prestígio social e sobretudo de notória autoridade moral, acabou sendo escolhido para o honroso e histórico cargo de primeiro Prefeito da cidade de Matão, cargo que ocupou por duas vezes, a primeira de 28 de março a 07 de outubro de 1899, voltando a exercê-lo de 18 de agosto a 15 de outubro de 1900, conforme consta das atas e dos registros históricos da municipalidade matonense.

Nascido em família católica, batizado aos 7 anos de idade, Caírbar Schutel cumpria suas obrigações perante a Igreja de Roma. Entretanto, já adulto e vivendo em Matão, passou a receber, em sonhos, a visita constante de seus falecidos pais, porque ele ficara órfão de ambos com menos de 10 anos de idade. Insatisfeito com as explicações de um padre para o fenômeno, Schutel procurou Quintiliano José Alves e Calixto Prado, que realizavam reuniões de práticas espíritas domésticas, logrando então entender a realidade do mundo extrafísico.

Convertido ao Espiritismo, cuidou logo de legalizar o Grupo (hoje Centro Espírita O Clarim) Espírita Amantes da Pobreza, cuja ata de instalação foi lavrada no dia 15 de julho de 1905. Resolvido a difundir a Doutrina Espírita pelos quatro cantos do mundo – e mesmo vivendo em uma pequena e modesta cidade no interior do Brasil -, o “Bandeirante do Espiritismo”, como ficou conhecido Caírbar Schutel, fundou o jornal “O Clarim” no dia 15 de agosto de 1905, e a RIE – Revista Internacional de Espiritismo no dia 15 de fevereiro de 1925, ambos circulando até hoje.

Além disso, o incansável arauto da Boa Nova, com todas as dificuldades da época e da região, viajava semanalmente até a cidade de Araraquara para proferir, aos domingos, as suas famosas 15 “Conferências Radiofônicas”, pela Rádio Cultura de Araraquara (PRD – 4), no período de 19 de agosto de 1936 a 02 de maio de 1937.

Escritor fértil, entre 1911 e 1937 escreveu os livros O batismo, Cartas a esmo, Conferências radiofônicas, Histeria e fenômenos psíquicos, O diabo e a igreja, Espiritismo e protestantismo, O espírito do cristianismo, Os fatos espíritas e as forças X…, Gênese da alma, Interpretação sintética do apocalipse, Médiuns e mediunidades, Espiritismo e materialismo, Parábolas e ensinos de Jesus, Preces espíritas, Vida e atos dos apóstolos, A questão religiosa, Liberdade e progresso, Pureza doutrinária, A vida no outro mundo e Espiritismo para crianças.

Para publicá-los, Schutel não mediu esforços: adquiriu máquinas, papel, tinta, cola e outros insumos para impressão, procurando escolher sempre material de primeira categoria. Desse esforço surgiu a Casa Editora O Clarim, que hoje emprega inúmeros funcionários em Matão, tendo publicado mais de cem títulos de obras de renomados autores, encarnados e desencarnados.

Consciente de sua responsabilidade como cidadão, cuidou de regularizar a sua união com Dª. Maria Elvira da Silva e Lima, com ela se casando no dia 31 de agosto de 1905; o casal Schutel não teve filhos carnais, porém sua dedicação aos semelhantes ficou indelevelmente marcada na história de Matão, uma vez que ambos jamais deixaram de atender aqueles que os procuravam.

Depois de curta enfermidade, Caírbar Schutel faleceu em Matão, no dia 30 de janeiro de 1938. Durante e após suas exéquias, inúmeras pessoas de Matão, das cercanias, do Estado de São Paulo e de diversas regiões do Brasil prestaram-lhe comovente tributo de gratidão e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, tendo certamente cumprido a sua missão.

Aliás, o prestigioso jornal “A Comarca”, de Matão, em sua edição de 6 de fevereiro de 1938, consignou o seguinte: “É absolutamente impossível em Matão falar-se quer da nossa história passada, quer da nossa história hodierna sem mencionar Caírbar Schutel. Caírbar Schutel foi, para Matão, um dínamo propulsor do seu progresso, um arauto dedicado e eloqüente das suas aspirações de cidade nascente. Mais do que isso foi o homem que, como farmacêutico, acorria com o seu saber e com a sua caridade à cabeceira dos doentes, naqueles tempos em que o médico era ainda nos sertões que beiravam o “Rumo”, uma autêntica “avis rara”.

“Militando na política por algum tempo, a sua atuação pode ser traduzida no curto parágrafo que abaixo transcrevemos, fragmento de um discurso pronunciado em 1923, na Câmara Estadual, pelo Deputado Dr. Hilário Freire, quando aquele ilustre parlamentar apresentou o projeto da criação da Comarca de Matão. Ei-lo: “Em 1898, o operoso, humanitário e patriótico cidadão Sr. Caírbar de Souza Schutel, empregando todo o largo prestígio político de que gozava, e comprando com os seus próprios recursos o prédio para instalação da Câmara, conseguiu, por intermédio de um projeto apresentado e defendido pelo Dr. Francisco de Toledo Malta, de saudosa memória, a criação do município de Matão”.

Dizem algumas comunicações mediúnicas que o Espírito Caírbar Schutel está, no mundo espiritual, encarregado pela divulgação do Espiritismo na Terra; sendo confirmada tal informação, essa nobre tarefa está muito dirigida, porque o movimento espírita deve muito ao querido “Bandeirante do Espiritismo”, assim como à sua digníssima esposa Dª. Maria Elvira da Silva Schutel, pois, como diz a sabedoria popular, ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher! Para nós, são ambos verdadeiros... SAL DA TERRA!

(Fonte: Instituto Cairbar Schutel - texto de Eliseu F. da Mota Júnior)

(1) Ainda sobre a admirável figura de Cairbar Schutel, gostamos sempre de lembar a passagem a seu respeito na obra "Voltei", de Fred Figner (Irmão Jacob), psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB: "Guillon e Schutel vieram abraçar-me. Prestei muita atenção à presença e à palestra de ambos, de modo a não ser impreciso em qualquer notícia que me fosse possível transmitir aos companheiros terrestres. Estavam como que remoçados e profundamente felizes. Auréolas de tênue luz irisada acentuavam-lhes a simpatia irradiante. Indagaram, bem-humorados, de minhas impressões iniciais na experiência nova, e, quando comecei a relacionar as surpresas, notei que fazia o possível por arrebatar-me o pensamento aos negócios e assuntos de somenos importância.Schutel mencionou o júbilo com que se entrega ao serviço de sua rica sementeira, em Matão, e falou das bênçãos que continua recolhendo na vida espiritual, com tanto entusiasmo que, francamente, lhe invejei a posição íntima. Guillon, visivelmente satisfeito, referiu-se ao contentamento com que colabora na extensão dos trabalhos doutrinários, sob a orientação de Ismael e mostrou imensa alegria pela possibilidade de prosseguir, em espírito, junto à esposa e aos filhos queridos, perfeitamente integrados em seu idealismo superior. Demonstrava enorme reconforto por haver readquirido plenamente a visão. Seus olhos, com efeito, permaneciam mais penetrantes, mais lúcidos".(Capítulo "Entre Companheiros")

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CARLOS TORRES PASTORINO

Retrato de Carlos Torres PastorinoCarioca, nasceu em 4 de novembro de 1910 e desencarnou em 13 de junho de 1980, em Brasília. Setenta anos de vida invulgar. Não foi somente um pensador, mas acima de tudo um homem de ação. Personalidade singular de vasta cultura e brilhante inteligência, aos 14 anos bacharelava-se em Geografia, Cartografia e Cosmografia, bem como em Português, obtendo a maior distinção no Colégio Pedro II.

Com grande vocação religiosa, foi para Roma. Em 1934, às vésperas de uma promoção, renuncia à carreira religiosa, entre outras razões, pela decepção que sofrera diante da recusa do Papa Pio XII em receber o Mahatma Gandhi com sua habitual e simples túnica branca indiana.

Deixando a batina tornou-se jornalista, crítico de arte, professor de Psicologia, Lógica e História da Filosofia até que, em 1939, voltou ao Pedro II como professor de Latim, tornando-se catedrático em 1961. Em 1972 foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação como titular de Língua e Literatura Latina e, em 1974, de Grego.

Era também tradutor público de Francês, Italiano e Espanhol da Universidade de Brasília, e ainda encontrava tempo para se dedicar à música e à poesia.

Como escritor humanista, filósofo e historiador, ainda fez abordagens no Hebraico e Sânscrito. Com essa formidável bagagem intelectual tornou-se espírita em 1950, após estudar "O Livro dos Espíritos", daí passando a intensa atividade doutrinária, depois de desenvolver sua mediunidade, no Centro Júlio César, no Grajaú. Fundou o Centro Espírita da Boa Vontade (depois Legião) , e vários outros órgãos espíritas, como o Lar Fabiano de Cristo. Sua convivência com o Coronel Jaime Rolemberg gerou a CAPEMI e a SEI, o Grupo de Estudos Espíritas e a revista Sabedoria. Participou de inúmeros programas de rádio, jornais e revistas com seus comentários esclarecedores sobre a sobrevivência da alma. Traduziu várias obras de autores internacionais, entra elas “O Sistema”, de Pietro Ubaldi. Seu livro "Minutos de Sabedoria", cujos direitos foram comprados de uma pequena editora que o publicara, pela maior editora católica do país, a Vozes, é hoje recordista de vendas desta Editora, embora seja um manancial de ensinamentos de moral espírita e reencarnacionista.

Foi também autor de um dos mais profundos e completos estudos exegéticos já feito dos textos evangélicos, de todos os tempos, publicados primeiramente na revista "Sabedoria“ e depois reunidos na magistral "Sabedoria do Evangelho", em oito

Sem qualquer dúvida, Carlos Torres Pastorino é "Sal da Terra".

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ÉMILIE COLLIGNON,
A MÉDIUM DE "OS QUATRO EVANGELHOS"

Émilie Aimée Charlotte Bréard nasceu na Antuérpia, Bélgica, em 1820, filha de Paul Damase Bréard, que vivia de rendas e Aimée Marie Célestine Hubert. Transferida a família para Paris (Rue des Vinaigres 8), é lá que a jovem Émilie virá a casar-se com o artista pintor Sr. Charles Paul Collignon, nascido nessa mesma cidade, em 1808. Filho de François Collignon e Jeanne Barber Le Tort, Charles residia na Rue Grange aux Belles, 19, e também vivia de rendas. O casamento deu-se em Paris, a 03 de janeiro de 1843. O casal manteve moradia na casa do noivo.

Retrato de Henri Collignon, filho de Émilie CollignonA Vida abençoou os recém-casados com três filhos: Jeanne Aimée Berthe, nascida em 15/12/1843, em Paris; Paule Victorine Aimée Collignon, a 11/10/1854 e um menino, Henri Paul François Marie Collignon, a 02/10/1856. Entre o nascimento das duas meninas a família se transfere de Paris para a commune de Caudéran, em Bordeaux, na Rue Terre Nègre, bairro de Saubos. Paule Victorine cumpriu pequena estada na Terra, pois, com menos de um ano de idade, em 25 de setembro de 1855, desencarnou, sensibilizando pela dor os seus pais. O pequeno Henri daria mais tarde aos Collignon e à França o maior exemplo de dedicação, serviço e amor. Formado como advogado, imortalizou-se na política como prefeito dos mais queridos, em diversos departamentos, e como herói na guerra de 1914, quando num gesto de coragem entregou a sua vida em defesa da pátria.

O casal Collignon entra para a seara espírita ainda nas suas primeiras horas, talvez impactado pela desencarnação de sua filhinha. Em 1860, quando de sua visita à Bordeaux, o pai de Gabriel Delanne, Sr. Alexandre Delanne, já os encontra liderando um dos mais frequentados grupos espíritas da cidade , provavelmente devido à preciosa mediunidade de Émilie, psicógrafa mecânica. Um fato de todo inusitado, no entanto, alteraria definitivamente as suas vidas, em 1861, levando Émilie ao lugar de destaque ao qual estava destinada na história de nossa Doutrina.

Inicialmente, foi visitá-la Allan Kardec, aproveitando sua estada em Bordeaux para a inauguração em 14 de outubro da Sociedade Espírita Bordelense. Foi então o Codificador convidado para observar as faculdades medianímicas da jovem Jeanne Collignon, a primeira filha de Émilie, que completaria dezenove anos em dezembro. Tratava-se de um magnífico desenho, um “um quadro planetário (un tableau planétaire) de quatro metros quadrados de superfície, de um efeito tão original e tão singular que nos seria impossível dar uma ideia pela sua descrição” (RS, 1861, FEB, novembro, p. 475).

Em dezembro do mesmo ano, foi a vez de Roustaing visitá-los para conhecer o mesmo tableau: “foi-me sugerido ir à casa de Mme. Collignon, que eu não tinha a satisfação de conhecer e a quem devia ser apresentado, para apreciar um grande quadro (un grand tableau) mediunicamente desenhado, representando um aspecto dos mundos que povoam o espaço” (QE, I, 64). Conheceram-se assim os dois missionários que, pouco depois, já estariam a trabalhar em conjunto na recepção da magistral obra “Os Quatro Evangelhos”...

Émilie foi a maior personalidade mediúnica de Bordeaux, aquela que recebeu a maior divulgação na impressa espírita, com um sem número de mensagens, poesias, novelas, artigos, cartas e livros, tanto de sua lavra como mediúnicos, incluindo-se, entre eles, obras da Codificação, como “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e “O Céu e o Inferno”, nos quais contribuiu com ricas e substanciosas mensagens , bem como intensa participação na Revue Spirite... Em princípios de 1870, inicia esforços pela criação de uma escola para meninas pobres e cursos para mulheres adultas, tornando-se assim também precursora de uma das grandes marcas de nosso movimento: a ação social, caritativa, em favor dos mais necessitados.

Os últimos anos de sua produtiva existência foram passados na bucólica cidade de Saint-Georges-de-Didonne, em Charente-Maritime, junto a familiares de Charles Paul Collignon, o seu digníssimo esposo. No lindo e significativo 25 de dezembro de 1902 ela desencarna aos 83 anos. Grande e significativo dia do Natal de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

Fonte: Texto adaptado do prefácio e introdução da obra “A Educadora Émilie Collignon - Grande Médium da Codificação Espírita”, publicada em 2010 pela CRBBM reunindo dos dois trabalhos da médium de Os Quatro Evangelhos: “Esboços Contemporâneos” (1870) e “A educação na família e pelo estado – chefe da família nacional” (1873). As outras obras dessa grande médium - “Conversas Familiares” e “A Educação Maternal - O Corpo e o Espírito” foram igualmente publicadas pela CASA, respectivamente em 2007 e 2009, sendo todas essas edições organizadas pelos confrades JORGE DAMAS MARTINS e STENIO MONTEIRO DE BARROS.

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ESTRELA BRANCA

Estrela brancaAniversaria em 31 de dezembro, quando é homenageado em nossa CASA. Revestiu a forma física de um caboclo, já que era mestiço, pois que filho de um senhor tirano e mau que abusou de uma índia escrava, engravidando-a. Esta, temendo suas maldades, resolveu fugir daquela fazenda, localizada em grande engenho no interior do Brasil.

Desesperada, faminta e desnorteada, foi amparada por bondoso velhinho, que, como muitos párias sociais da época, viera de Portugal, vítima das injustiças, da inveja e da cobiça dos poderosos, tornando-se respeitado e conhecido pela bondade e poder de beneficiar a todos que a ele recorriam, não sendo diferente com a índia que o procurou, já que o senhor maldoso mandara seus jagunços para prendê-la.

Juntamente com o velhinho empreenderam rápida fuga pela selva. Chegando a uma clareira reparou a índia que uma estrela luminosa, de intensa luz branca, tinha uma cintilação especial e para ela enviava sinais, falava à sua intuição, como que revelando a descida de um missionário para seu povo escravizado, sofredor, dividido pelas guerras tribais.

Era um ser de luz e paz que estava para nascer. Ao mesmo tempo pressentiu sua morte nesse parto, fazendo-a pedir ao bom velhinho que tutelasse o seu filho, que lhe desse o nome de Estrela Branca, em homenagem à luz e paz que e irradiava daquele astro.

O bondoso velho cumpriu sua promessa mas, passados alguns anos também chegava ao final sua missão terrena, que fora uma simples etapa preparatória para empreender uma missão mais grandiosa, designada pelo espírito guia de nosso país – o anjo ISMAEL- que determinou seria ele o Coordenador do Consolador Prometido na Terra do Cruzeiro, transformando-se depois no Kardec brasileiro, vindo a ser o nosso patrono Bezerra de Menezes.

Assim, o pupilo do bom velhinho tornou-se forte chefe guerreiro de uma tribo indígena, mas de espírito iluminado e educado na fraternidade, caridade e paz, cumprindo a missão destinada pelos mentores espirituais de nosso país. Ele continua operando no mundo espiritual até os nossos dias, agora como chefe de uma das falanges de socorro de nosso mentor Bezerra de Menezes, cuidando dos nossos problemas materiais e da entrada principal de nossa CASA, uma espécie de “força policial dos Espíritos”, assessorando-se da energia vibratória de caboclos, índios, pretos velhos e soldados missionários do Cristo.

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EURÍPEDES BARSANULFO

Eurípedes BarsanulfoQuem tem a chance de viajar pelo Brasil e visitar instituições espíritas pode se deparar, em muitas delas, com escolas espíritas. São escolas particulares, normalmente vinculadas a um centro ou casa espírita, mas gratuitas, apesar de contar com professores e funcionários profissionais, assalariados.

Essas escolas são o produto do esforço e do sacrifício de alguns valorosos irmãos de ideal, em prol da educação de qualidade universal. Em todas elas predominam instalações simples, sóbrias, desprovidas de qualquer luxo ou excesso, mas o ambiente é sempre de ordem, de paz, de amor e respeito ao próximo, propício à verdadeira educação moral e à formação da cidadania.

Quem dera, um dia, cada centro espírita possa implementar uma iniciativa dessa natureza, prestando todos, em conjunto e solidariamente, um dos serviços mais importantes para a transformação de nossso país na Pátria do Evangelho, no coração do mundo, seu destino, sua vocação.

Precisamos, para que tal aconteça, divulgar mais, conforme devido e merecido, o nome de Eurípedes Barsanulfo, o grande pioneiro da Educação Espírita.

Transcrevemos, abaixo, um pouco de sua biografia, destacando principalmente a fundação do Colégio Allan Kardec, certamente o seu maior legado, sem nenhum demérito a todos os exemplos de bondade e lucidez espiritual que nos deixou como herança...

Eurípedes Barsanulfo, um dos mais respeitados nomes do Espiritismo no Brasil, nasceu em Sacramento (MG). a 1º de maio de 1880. Foi professor, jornalista, político, médium notável e espírita convicto. Deixou como principal legado seus exemplos como verdadeiro homem de bem...

Ainda jovem, destacou-se por ser muito estudioso e compenetrado. Foi, por esse motivo, convidado por seu professor para dar aulas aos próprios colegas. Tornou-se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula, pela facilidade com que se colocava como líder e comunicador, tendo participado também ativamente da fundação do jornal Gazeta de Sacramento e do Liceu Sacramentano.

Foi através de um tio que Eurípedes tomou conhecimento dos fenômenos espíritas e das obras de Kardec. Acabou por converter-se totalmente ao Espiritismo. Como continuava a lecionar, decidiu incluir aulas sobre a Doutrina na sua disciplina. A reação veio de imediato, repleta de preconceito e intolerância da parte dos pais e de muitas outras pessoas da cidade. Diante de sua insistência em continuar a propagar o Espiritismo, os alunos foram sendo retirados dpo colégio, um a um.

Sob pressão, Eurípedes mudou-se para uma cidade vizinha. Justamente nessa época desabrocharam nele várias faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando-o para a vida missionária. De volta ao trabalho em Sacramento, começou a atrair centenas de pessoas da região. A todos Eurípedes atendia com paciência e bondade, através dos benfeitores espirituais. Jamais esmorecia e, humildemente, seguia seu caminho de médium curador, animado do mais vivo idealismo. Em 1905 Eurípedes fundou o Grupo Espírita Esperança e Caridade, apoiado pelos irmãos e alguns amigos, passando a desenvolver tanto trabalhos no campo doutrinário, como na assistência social.

Em 1º de abril de 1907 fundou o lendário Colégio Allan Kardec, que se tornou verdadeiro marco e ficou conhecido em todo o Brasil. Funcionou ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200 alunos, até o dia em que foi obrigado a fechar devido à epidemia de gripe espanhola.

Conta-se que, certa vez, Eurípedes protagonizou uma cena inesquecível diante de seus alunos: caiu em transe em meio à aula e, voltando a si, descreveu a reunião havida em Versailles, França, logo após a Primeira Guerra Mundial, dando os nomes dos participantes e a hora exata da reunião em foi assinado o célebre Tratado.

Sua presença fortaleceu de tal forma o movimento espírita que o clero católico, sentindo-se atingido, passou a desenvolver uma campanha difamatória contra ele. A situação chegou a um ponto que, desesperados, mandaram vir de Campinas (SP) o reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações, para que houvesse uma discussão em praça pública entre os dois. Eurípedes aceitou, sem perder a confiança e a fé.

No dia marcado, o padre iniciou suas observações diante da plateia de curiosos, insultando o Espiritismo como sendo "a doutrina do demônio”. Eurípedes aguardou serenamente sua vez. Iniciou sua parte com uma prece, pedindo paz e tranquilidade, e, em seguida, defendeu os princípios nos quais acreditava com racionalidade, lógica e calma. Ao terminar, Eurípedes aproximou-se do padre e abraçou-o, com sinceridade e sentimento, surpreendendo a todos. A plateia ficou perplexa e o momento entrou para a história.

Eurípedes seguiu com dedicação até o último instante de sua vida, auxiliando centenas de famílias pobres. É, ainda hoje, e cada vez mais, A GRANDE REFERÊNCIA PARA A FUNDAÇÃO DE EDUCANDÁRIOS ESPÍRITAS, EM TODO O PAÍS. Desencarnou em 1º de novembro de 1918, com apenas 38 anos, rodeado de parentes, amigos e discípulos. Deixou vastos exemplos de persistência, fé e serviço ao próximo, que para sempre irão nos inspirar, pelo que, para nós, foi e será sempre... SAL DA TERRA. (Fonte: Folha Espírita – adaptado)

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FRED FIGNER

Fred FignerEm 1918, os navios chegavam ao Porto do Rio de Janeiro com passageiros e tripulantes infeccionados com a Gripe Espanhola. Como estes saltavam livremente na cidade, sem qualquer vigilância, o Rio de Janeiro ficou rapidamente contaminado com essa terrível doença. A todo momento via-se alguém tombar subitamente no meio da rua, vítima da Gripe. Raras eram as famílias cariocas que não tinham pelo menos um de seus membros contaminados por esta terrível epidemia. A situação piorou ainda mais quando os estabelecimentos comerciais, principalmente as farmácias, começaram a fechar. E, além da Gripe, os cariocas passaram a conviver com a fome. A certa altura, um jornal carioca informou que já haviam na cidade cerca de 12 mil casos fatais e cerca de 600 mil infectados com a "simples gripe", conforme dogmatizara a medicina oficial.

Em meio a essa situação desesperadora, um estrangeiro - israelita, nascido na Boêmia em 1866 - levou 14 doentes para dentro de sua própria casa, sem medir as consequências que poderiam causar o convívio com irmãos infeccionados com a Gripe, que tantas vidas já tinha levado. Mas esse caso impressionante não se encerra por aqui, não. Esse irmão acabou ficando adoentado, em consequência da Gripe Espanhola e, como se fosse realmente de ferro, esse admirável seareiro passava dias inteiros na Federação Espírita Brasileira, atendendo a doentes e necessitados, sem se importar com a sua própria saúde.

Tanta bondade e solidariedade fez com que esse irmão, Frederico Figner, viesse a ter uma vida longa e iluminada, desencarnando somente aos 81 anos de idade.

Proprietário da Casa Edison, no Rio de Janeiro, fez fortuna rapidamente, mas não deixou jamais que os bens materiais o impedissem de ver e de amparar os pobres e necessitados que lhe cruzavam o seu caminho. Abraçou a nossa Pátria como se fosse a sua e tornou-se um brasileiro de fato, naturalizando-se e casando-se com uma brasileira.

Sua dedicação ao Espiritismo era tão impressionante quando à sua dedicação aos seus "fregueses", a maneira como ele chamava os necessitados que atendia.

Há um relato de que ele visitou diariamente uma enferma durante dois meses, até que ela se restabelecesse.

Na Federação Espírita Brasileira, por sua vez, Figner despachava de 150 a 200 receitas por dia e distribuía passes.

Foi Tesoureiro e Vice Presidente da Federação Espírita Brasileira, Membro do Conselho Fiscal, Tesoureiro da Comissão Pró Livro Espírita. Além disso, presidia vários grupos na FEB e em sua própria casa e tinha uma coluna espírita no "Correio da Manhã", que valiosa contribuição prestou da divulgação da Doutrina Espírita.

Possuía sólidos conhecimentos doutrinários e era um ardoroso defensor das obras de Kardec e Roustaing.

Foi casado com Dona Esther de Freitas Reys, com quem teve seis filhos. Como desencarnado, adotou o pseudônimo de Irmão Jacó, enviandonos um belíssimo livro, intitulado "Voltei", psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, onde destaca com humildade impressionante a necessidade da reforma íntima, independente daquilo que se diga ou faça exteriormente. (Vide 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios, cap. 13, versículos 1 a 8).

Por essas e por tantas, Frederico Fígner é, também, "Sal da Terra".

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FREDERICO PEREIRA DA SILVA JR.

Frederico Pereira da Silva Jr.Segundo o Dr. Bezerra de Menezes*, ele era "um médium portador de peregrinas qualidades morais e vastos cabedais psíquicos, que dele faziam, sem contestação possível, um dos mais preciosos e eminentes intérpretes da Revelação Espírita no mundo inteiro, em todos os tempos, ..., transmitindo do Invisível para o mundo objetivo caudais de luzes e bençãos, de bálsamos e ensinamentos para quantos dele se aproximassem sequiosos de conhecimentos e refrigérios para as asperidades da existência.“ [...] “Tão nobre obreiro da Seara Cristã repartia-se em múltiplas modalidades de serviços mediúnicos, dedicado e fraterno até à admiração, porquanto seus dons psíquicos, variados e seguros, obtinham também, do Além-túmulo, as mais lúcidas revelações, relatando para os interessados empolgantes realidades espirituais".(*)

Em sua obra "Grandes Espíritas do Brasil", o querido Zeus Wantuil traz subsídios preciosos para o conhecimento da vida e da obra desse grande médium brasileiro - Frederico Pereira da Silva Júnior, falecido a 30 de agosto de 1914, no Rio de Janeiro, depois de um glorioso mandato mediúnico de 34 anos...

"O primeiro contato dele com o Espiritismo foi em 1878, na "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade" [...]. Desejava Frederico obter notícias de uma pessoa querida desencarnada [...]. Para surpresa geral, ele próprio cai em transe sonambúlico, influenciado por um Espírito. Data daí a sua iniciação como médium na mencionada Sociedade."

Quando a "Sociedade de Estudos Espíritas" tomou, em 1879, rumo puramente científico, ... dela se desligou junto com um grupo de amigos entre os quais encontravam-se Bittencourt Sampaio e Antônio Luiz Sayão. Juntos, fundaram em 1880 o "Grupo Espírita Fraternidade", que mais tarde seria conhecido como "Grupo Ismael", dada a amorosa orientação do mentor do Espiritismo no Brasil ao grupo cujo trabalho resultaria na fundação da Federação Espírita Brasileira.

"Durante 34 anos Frederico Junior exerceu assiduamente suas funções mediúnicas no Grupo Ismael, tendo recebido, em 11 de junho de 1914, a sua última comunicação do além."

Por seu intermédio contam-se centenas de páginas e obras preciosas. A segunda parte da edição original de "Elucidações Evangélicas", de Antônio Luiz Sayão, que contava com uma centena de preciosas mensagens, foi toda produzida com o concurso da mediunidade de Frederico.

Com a desencarnação de Bittencourt Sampaio, em 1895, obras antológicas da literatura espírita mundial, de todos os tempos, foram recebidas por Frederico diretamente de seu antigo companheiro de trabalhos espirituais e amigo pessoal: "Jesus perante a Cristandade"(1808); "De Jesus para as crianças"(1901) e "Do Calvário ao Apocalipse"(1907)."Em todas elas reconhecia-se o mesmíssimo estilo do autor de "A Divina Epopeia", apesar de serem ditadas pela boca de um homem iletrado..." - conta Zeus.

"Frederico Junior era um bom, querido de todos, sendo muitos os que lhe deviam gratidão por um que outro serviço, e, como funcionário público, estimadíssimo pelos seus colegas.“ [...]

"Com graves responsabilidades no meio espírita, grande era sobre ele o assédio dos aborrecidos da Luz ... Certa vez, os Espíritos das Trevas tentaram até incendiar-lhe a casa. E graças aos seus Guias protetores e ao Espírito de sua primeira esposa, Frederico não sucumbiu ao suicídio."

"A tuberculose pulmonar acompanhou-o nos derradeiros anos de vida. Sem uma queixa e achando justo o seu sofrimento, o prodigioso médium purgava as faltas de encarnações passadas, remindo assim o seu espírito. Pressentindo, afinal, o seu desenlace, reuniu a família e, após pronunciar sentida prece, fechou os os olhos ao mundo..."

Por tantos exemplos de cristandade, por sua mediunidade e seu espírito de serviço, pelo valor imenso de seu sacrifício e das obras que deixou, a nossa homenagem deste mês vai para Frederico Pereira da Silva Júnior - verdadeiro SAL DA TERRA!!!

(*)"A Tragédia de Santa Maria" por Yvone Pereira, 12ª ed. FEB, pág. 224.

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GUILLON RIBEIRO

Guillon RibeiroMuito devemos ao incansável trabalho deste seareiro de primeira grandeza, embora não tanto conhecido do grande público. Podemos mesmo dizer que poucos espíritas devem haver que jamais tenham lido um livro dentre os tantos que passaram pelas criteriosas mãos de Luiz Olímpio Guillon Ribeiro.

Porque Guillon Ribeiro traduziu quase todos os livros do Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec: "O Evangelho Segundo O Espiritismo", "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns", "A Gênese", "O Que É O Espiritismo" e "Obras Póstumas" - só não traduziu "O Céu e o Inferno", que coube o Manuel Quintão.

Os que se dedicam ao estudo de "Os Quatro Evangelhos", de J.B. Roustaing, têm aí também outra tradução de Guillon Ribeiro, inclusive com toda uma estrutura de índices criada por sua própria lavra, para facilitar o acesso ao conteúdo da obra.

A lista de livros traduzidos por Guillon Ribeiro é impressionante! Inclui livros de Pietro Ubaldi, Léon Denis, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne, Arthur Conan Doyle, entre muitos outros.

Nessa vasta lista destacam-se os livros "A Grande Síntese"(de Pietro Ubaldi), "Joanna d'Arc, Médium" e "O Além e a Sobrevivência do Ser" (ambos de Léon Denis) e "A Crise da Morte", "Animismo e Espiritismo", "Xenoglossia" e "Psicologia e Espiritismo (todos os quatro de Ernesto Bozzano). Além de todo esse trabalho, Guillon Ribeiro ainda escreveu seus próprios livros: "Jesus, Nem Deus Nem Homem", "Espiritismo e Política", "A Mulher", "A Federação Espírita Brasileira".

Outros trabalhos seus são as seguintes compilações: "Trabalhos no Grupo Ismael" (3 volumes), "Ensinamentos do Além", e "Advertência do Aquém".

Também foram publicadas diversas matérias suas no "Reformador" e na Imprensa Espírita.

A vida de Guillon Ribeiro é tão impressionante quanto a sua obra em benefício do Espiritismo. Pois, tendo nascido no Estado do Maranhão, a 17 de janeiro de 1875 (três dias depois de o "Jornal do Commércio" anunciar o lançamento da primeira tradução para o português de "O Livro dos Espíritos", por Fortunio, pseudônimo do Dr. Joaquim Carlos Travassos), filho de pais pobres, passando privações, órfão de pai aos 7 anos, acabou por chegar ao Senado Federal, desempenhando naquela Casa um trabalho tão importante, que mereceu inclusive um discurso elogioso de Rui Barbosa. Nessa Casa chegou ao cargo de Diretor Geral da Secretaria do Senado.

Foi Presidente da Federação Espírita Brasileira e Diretor dessa Entidade durante vinte e seis anos consecutivos, tendo exercido quase todos os cargos. Por todo o seu incessante trabalho na divulgação do Espiritismo, Guillon Ribeiro, esse valioso seareiro é o SAL DA TERRA.

Contribuição de João Marcos Weguelin)

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GUSTAVE GELLEY

Gustave Geley"Nasceu em Nancy, em França, em 1865. Formado em medicina pela Faculdade de Lyon, clinicou até 1918 em Annecy, onde alcançou grande reputação.

Interessando-se pelos fenômenos paranormais, a respeito deles publicou, em 1897, um "Ensaio de revisão geral e de interpretação sintética do Espiritismo".

Suas melhores investigações, porém, datam de 1916, com a médium Eva Carriére. Mme. Bisson colaborou também nesses trabalhos. Em 1919 assumiu a direção do Instituto Metapsíquico Internacional, onde obteve fenômenos extraordinários com o médium polonês de materializações Franck Kluski. Em 1922 e 1923, promoveu outra série de sessões de ectoplasmia com o médium Jean Guzik, que resultou no histórico MANIFESTO DOS 34, assinado por eminentes homens de ciência, médicos, escritores e peritos de polícia (a rigor, o Manifesto tinha 35 signatários, e não 34, o que se deveu a um erro tipográfico).

De 1921 a 1923 realizou, quer em Varsóvia, quer em Paris, experiências irrefutáveis com o médium polonês Stephan Ossowiecki.

A obra experimental e filosófica de Geley acha-se contida nos seguintes livros, além do "Ensaio" acima citado: "O SER SUBCONSCIENTE", Paris, 1899); "MONISMO IDELISTA E PALINGENESIA", Annecy, 1912; "A CHAMADA FISIOLOGIA SUPRANORMAL E OS FENÔMENOS DE IDEOPLASTIA", Paris, 1918; "DO INCONSCIENTE AO CONSCIENTE", Paris, 1919; "A ECTOPLASMIA E A CLARIVIDÊNCIA", Paris, 1924.

Geley desencarnou num acidente de avião, em 1924, quando regressava a Paris, após haver assistido em Varsóvia a várias sessões com Franck Kluski. Retirado dos destroços, ainda segurava sua valise, na qual se continham fragmentos de moldes em parafina. Terminava a missão de um cientista e filósofo que lutara para convencer o homem de que ele é mais do que parece, de que a morte não existe, de que o Espírito evolui sempre, do insconsciente para o consciente, na direção de Deus."

Por essas, e tantas mais, Gustave Geley é para nós, também, Sal da Terra...

(Extraído de "O Reformador" de novembro de 1971 - artigo de Hermínio C. Miranda)

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HERNANI GUIMARÃES ANDRADE

Hernani Guimarães AndradeDesencarnou em 25 de abril de 2003, em Bauru (SP), onde vivia, o pioneiro da Ciência Espírita no Brasil - o Dr. Hernâni Guimarães Andrade.

Fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (1963), Dr. Hernani transformou-se, ao longo de quarenta anos de profícuo trabalho, numa das maiores autoridades do mundo na área de parapsicologia e estudos sobre reencarnação, tendo desenvolvido, ainda, uma farta bibliografia acerca da natureza do Espírito e do Perispírito e também sobre transcomunicação.

Nascido em 31 de maio de 1913, em Araguari (MG) e formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP, em 1941, fundou em 1963 o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, hoje instalado na cidade de Bauru. Um dos destaques de sua obra é a TEORIA DO MODELO ORGANIZADOR BIOLÓGICO, publicada em 1958, acerca da natureza do Espírito e do Perispírito. Construiu uma série de aparelhagens para pesquisar e demonstrar a sobrevivência do espírito. Foi o primeiro a trabalhar pessoalmente em inúmeros casos sugestivos de reencarnação e de Poltergeist, desenvolvendo igualmente artigos e aparelhagens ligadas à transcomunicação, com linguagem e formato na excelência científica. Foi sempre um divulgador das novidades mundiais de pesquisa de ponta, mostrando com simplicidade e serenidade a realidade dos fenômenos psicobiofísicos e incentivou o quanto pode a criação de outros Institutos de Pesquisas no Brasil.

Espírita na plena e melhor acepção da palavra, conhecido por sua simpatia e humildade, Dr. Hernani foi também um pesquisador metódico e rigoroso, tendo obtido reconhecimento no meio científico com o produto de seus trabalhos, nacional e internacionalmente. Entre muitos prêmios, recebeu o Diplôme de MEDAILLE DOR, concedido pelo Conselho Superior da ORDRE DE LÉTOILE CIVIQUE Union des Elites Françaises, fundada em 1929 e consagrada pela Academia Francesa, em reconhecimento pelos trabalhos científicos no campo da Parapsicologia.

Dr. Hernani plantou bases sólidas para o desenvolvimento de uma pesquisa realmente científica acerca da natureza do Espírito e suas manifestações. Expandiu, assim, os próprios limites da Ciência, oferecendolhe novo objeto de estudo e novas metodologias de trabalho. Merecia, por isso, um Prêmio Nobel. Talvez receba um, algum dia, póstumo. De nossa parte, fica aqui registrada a nossa singela homenagem a este pioneiro, que foi, sem dúvida alguma, também um saboroso SAL DA TERRA...

Principais obras do Dr. Hernani:

  1. A Teoria Corpuscular do Espírito (Uma Extensão dos Conceitos Quânticos e Atômicos à Idéia do Espírito), 1a. edição, 1958; Edição do Autor.
  2. Novos Rumos à Experimentação Espirítica, 1a. edição, 1960; Edição do Autor.
  3. Parapsicologia Experimental, 1a. edição, 1967; Editora Pensamento , São Paulo, SP.
  4. A Matéria Psi, 1a. edição, 1972, Casa Editora O Clarim, Matão ¾ SP.
  5. Morte, Renascimento Evolução: (Uma Biologia Transcendental) 1a. edição, 1983; Editora Pensamento, São Paulo, SP.
  6. Muerte, Renacimiento, Evolución: (Una Biología Transcendental) 1a. edição, 1993, Ediciones CIMA, Apartado 3425 ¾ Caracas (1010) ¾ Venezuela (em espanhol).
  7. Espírito, Perispírito e Alma: (Ensaio Sobre o Modelo Organizador Biológico) 1a. edição, 1984, Editora Pensamento, São Paulo, SP.
  8. Psi Quântico (Uma Extensão dos Conceitos Quânticos e Atômicos à Idéia do Espírito) 1a. edição, 1986: Editora Pensamento, São Paulo, SP.
  9. Reencarnação no Brasil (Oito Casos que Sugerem Renascimento) 1a. edição, 1988, Casa Editora O Clarim, Matão, SP.
  10. Ocho Casos de Reencarnación, 1a. edição, 1994 ¾ Editora Rivail, Apto. 18847, Santafé de Bogotá, D.C. - Colômbia (em espanhol).
  11. Poltergeist (Algumas de Suas Ocorrências no Brasil), 1a. edição 1989 ¾ Editora Pensamento, São Paulo, SP.
  12. Transcomunicação Instrumental - TCI (pseudônimo Karl W. Goldstein) ¾ 1a. edição, 1992, Editora Jornalística FE., Coleção Folha Espírita; v.1, São Paulo, SP.
  13. Renasceu por Amor ¾ (Um Caso que Sugere Reencarnação ¾ Kilden & Jonathan) - 1a. e 2a. edição, 1995, 3a. edição 2000, Editora Jornalística FE., (monografia n.7).
  14. A Transcomunicação Através dos Tempos ¾ 1a. edição, 1997, Editora Jornalística FE., Coleção Folha Espírita, São Paulo, SP.
  15. Morte: Uma Luz no Fim do Túnel ¾ 1a. edição, 1999, Editora Jornalística FE, São Paulo, SP.
  16. Psi Quântico (Uma Extensão dos Conceitos Quânticos e Atômicos à Idéia do Espírito) ¾ 1a. reedição, 2001, Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier, Votuporanga, SP
  17. Parapsicologia ¾ Uma Visão Panorâmica 2002, Editora Jornalística FE, São Paulo, SP
  18. Você e a Reencarnação ¾ 1a. edição, 2002, CEAC Editora, Bauru, SP.

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IAN STEVENSON,
O GALILEU DA REENCARNAÇÃO

Foto do Dr. Ian Stevenson, o Galileu da ReencarnaçãoIan Pretyman Stevenson nasceu a 31 de outubro de 1918, em Montreal, Canadá, e faleceu a 08 de fevereiro de 2007, em Charlottesville, Virgínia, Estados Unidos, aos 88 anos. Foi um cientista e professor de psiquiatra da Universidade da Virginia; um dos mais importantes pesquisadores de temas espirituais, de todos os tempos. A sua pesquisa incluía principalmente o tema da reencarnação, a problemática do relacionamento entre mente e cérebro e a continuidade da personalidade após a morte.

Cresceu em Ottawa, onde seu pai era o correspondente canadense para o New York Times. Sua mãe, por sua vez, fez com que Stevenson se interessasse por Teosofia. Estudou na Universidade de St. Andrews, na Escócia, e na Universidade McGill, em Montreal, onde graduou-se em 1942 e especializou-se em 1943, sendo o primeiro de sua classe. Nos anos de 1950, inspirado por um encontro com Aldous Huxley, tornou-se um pioneiro no estudo médico sobre os efeitos do LSD.

Em 1957 Stevenson foi nomeado chefe do Departamento de Psiquiatria e Ciências Neurocomportamentais da Universidade da Virgínia. A sua principal pesquisa incluía doenças psicossomáticas, compêndios sobre pacientes entrevistados e exames psiquiátricos.

Em 1958 e 1959, escreveu ativamente na conceituada revista Haper, incluindo temas como doenças psicossomáticas e percepção extra-sensorial, e em 1958, foi o vencedor em uma competição de ensaios sobre fenômenos paranormais e vida após a morte promovida pela organização parapsicológica American Society for Psychical Research, em homenagem a um dos pioneiros da área, William James (1842-1910). A partir daí Stevenson se aprofundou muito mais nos fenômenos paranormais, se tornando o fundador da moderna pesquisa científica a respeito da reencarnação e ficando famoso por recolher e analisar meticulosamente casos de crianças que declaravam lembrar-se de vidas passadas sem o auxílio da hipnose.

Após a publicação de seu primeiro ensaio sobre reencarnação em 1966, o inventor da fotocopiadora, Chester Carlson, custeou as suas primeiras visitas de campo à Índia e ao Sri Lanka. Quando Carlson faleceu (1968), legou um milhão de dólares para manter uma cadeira na Universidade da Virgínia, e mais um milhão de dólares para o próprio Dr. Stevenson, com o intuito de que a pesquisa sobre a reencarnação não parasse. O trabalho de pesquisa sobre reencarnação realizado pelo psiquiatra também recebeu significativo apoio financeiro de Eileen J. Garrett (1893-1970), um dos fundadores da Parapsychological Fundation.

Em 1967, Stevenson foi escolhido como Diretor do Setor de Estudos da Personalidade (posteriormente recebendo o nome de "Setor de Estudos da Percepção"), que funciona ainda hoje com objetivo de realizar investigação de fenômenos paranormais através de métodos científicos.

Dr. Stevenson realizou sua pesquisa de campo sobre reencarnação na África, Alasca, Colúmbia Britânica, Birmânia, Índia, América do Sul, Líbano, Turquia e muitas outras localidades. As crianças estudadas normalmente se lembravam de suas experiências passadas entre os dois e os seus quatro anos de idade, mas pareciam esquecê-las por volta dos sete ou oito anos. Em seus relatos, mencionavam frequentemente terem morrido de forma violenta e, além disso, as lembranças de como haviam morrido eram aparentemente claras. Reuniu também testemunhos, assim como registros médicos contendo informação a respeito de sinais de nascença, defeitos de nascimento e outras evidências físicas de reencarnação (para conhecer melhor esse trabalho, clique no link a seguir e baixe gratuitamente o artigo Marcas de nascença e defeitos congênitos correspondentes a feridas em pessoas falecidas e leia em português um de seus primeiros artigos sobre o tema).

Stevenson publicou apenas para as comunidades científica e acadêmica, e seus mais de 200 artigos e vários livros - trazendo ricos detalhes de pesquisa e argumentos acadêmicos - podem ser técnicos demais para um público leigo. Sua pesquisa, com mais de 3.000 estudos de casos, fornece evidências em favor da possibilidade de reencarnação, apesar de ele mesmo ter sido sempre muito cauteloso ao se referir a elas como "casos sugestivos de reencarnação" ou "casos do tipo de reencarnações"

Stevenson aposentou-se em 2002, deixando o seu trabalho para sucessores, dirigidos pelo Dr. Bruce Greyson, e faleceu de pneumonia na comunidade para aposentados de Blue Ridge em Charlottesville, na Virginia. Por sua vida e por sua obra, pelo legado que deixou, eis aqui também um valoroso... SAL DA TERRA!

Texto adaptado da Wikipedia - Artigo Ian Stevenson

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IGNÁCIO BITTENCOURT

Ignácio BittencourtA 18 de fevereiro de 1943 partia para a Pátria Espiritual, octogenário, o maior expoente do Espiritismo carioca do século XX: Ignácio Bittencourt. Nascido a 19 de abril de 1862, na Ilha Terceira, Arquipélago de Açores, Freguesia de Sé de Angra do Heroísmo (Portugal), Inácio deixou a sua terra natal e aos treze anos de idade passara a viver no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até o fim de sua vida terrena.

Sete anos depois de aportar na capital brasileira, Ignácio conheceu o Espiritismo quando ficou muito enfermo e bastante desesperançado. Foi com um médium chamado Cordeiro, residente na rua da Misericórdia, que ele conseguiu ficar com a sua saúde totalmente restabelecida. Espantado com o acontecido, pelo fato do médium não ser médico, não ter indagado quais eram os seus padecimentos ou ter sequer lhe tocado, Ignácio buscou explicações, para as quais recebeu imediata resposta: "Leia O Evangelho Segundo O Espiritismo e O Livro dos Espíritos. Medite bastante e neles encontrará a resposta para a sua indagação."

Ignácio assim o fez, abraçando o Espiritismo e entrando para a Federação Espírita Brasileira, à época que seu Presidente ainda era o Dr. Bezerra de Menezes. Então brilhou como poucos: seja, como médium receitista e curador, na sua própria residência; seja no alto das tribunas doutrinárias da FEB. Só não se sabe se ele era tão competente como barbeiro, que era o seu ganha-pão. A profissão humilde e o pouco estudo - deixou os bancos escolares aos dez anos - jamais interferiram no seu trabalho doutrinário.

As descrições desse seareiro do bem em ação impressionam. Uma delas foi a que o Reformador publicou em março de 1943, um mês após o seu falecimento: "Era então de causar pasmo, e pasmo geral, ouvi-lo, a ele, que não lograra dispor de ampla cultura intelectual discorrer de maneira fluente, até com eloquência muitas vezes, sobre o ponto em estudo, proferindo discursos ricos de belas imagens e de conceitos profundos, que seriam de impressionar e abalar os ouvintes, mesmo quando enunciados por mentalidades de vasta erudição científicas e filosóficas".

Neste mesmo número do Reformador encontramos outra descrição: "E as curas, por seu intermédio, se multiplicavam, assumindo não poucas o caráter de assombrosas. Inúmeras vezes, considerado perdido o caso, um apelo a Ignácio Bittencourt era o recurso extremo e a volta da saúde ao enfermo se verificava, com espanto dos que ansiavam, porém já descriam do seu restabelecimento, operando-se, em conseqüência e em muitíssimas ocasiões, surpreendentes conversões ao Espiritismo".

Sobre esse assunto - o estudo e a cultura - escreveu o confrade Paulo Alves Godoy, no livro "Grandes Vultos do Espiritismo": "Não foi somente como médium receitista e curador que Ignácio Bittencourt grangeou a notoriedade, a estima e a admiração de todos, mas igualmente como médium apto a receber do Alto inspiração que, durante larga fase do seu mediunato, se manifestou notória e admirável, sempre que ele assomava às tribunas doutrinárias, principalmente à da Federação Espírita Brasileira, a cujas sessões de estudos comparecia com bastante assiduidade. Embora não fosse dotado de cultura acadêmica, escrevia artigos doutrinários de forma surpreendente, e fazia uso da palavra em auditórios espíritas de forma bastante eloqüente. O simples fato de dirigir um jornal de grande penetração como o foi "Aurora", demonstra a fibra e o valor desse seareiro incomparável e incansável." Nesse mesmo livro, Paulo Alves Godoy, aponta outras realizações de Ignácio Bittencourt. Além das já citadas, Inácio fundou, juntamente com Samuel Caldas e Viana de Carvalho, o Centro Cáritas, presidindo-o até a data de sua desencarnação. Teve parte ativa na fundação da União Espírita Suburbana. E, ainda segundo o confrade e autor, "durante alguns anos exerceu também a Vice-Presidência da Federação Espírita Brasileira: presidindo também o Centro Humildade e Fé, onde nasceu a Tribuna Espírita, por ele dirigida durante anos.

Ignácio BittencourtTambém Zêus Wantuil escreveu sobre Ignácio Bittencourt, no livro Grandes Espíritas do Brasil: "Forte na fé, valoroso na humildade, impertérrito na caridade, tal se revelou constantemente este velho companheiro de lides espiritualistas e amigo muito benquisto." E mais adiante: "Apreciando em seu justo valor esse dom e em sua legítima significação, consciente da responsabilidade imensa com que lhe onerava o Espírito, exerceu-o o saudoso lidador como verdadeiro sacerdócio, disposto a todos os sacrifícios que lhe adviessem da necessidade de dar cumprimento ao dever, que a sua consciência cristã lhe impunha, ante o lema da doutrina a que servia com inteiro devotamento e abnegação: "Sem Caridade, não há salvação"." Para a Revista Internacional do Espiritismo, de 15 de março de 1943, Ignácio Bittencourt era "um dos mais devotados trabalhadores da seara cristã, cujos exemplos de caridade, perseverança, tenacidade e humildade constituem uma bússola para todos quantos porfiam por entrar no reino de Deus, em demanda dos seus gloriosos destinos". (...) "Ao correr a notícia do seu passamento, começou a romaria à residência desse Apóstolo do Espiritismo. Ricos e pobres, pretos e brancos, altas personalidades, intelectuais e os espíritas em geral, foram, pela derradeira vez, contemplar o corpo daquele justo, numa demonstração de solidariedade à família desolada, num culto de estima, amor e consideração. Cremos que nenhum espírita, como nós, desconhece a atuação de Ignacio Bittencourt na Doutrina. O seu trabalho se desenvolveu sem tréguas e, animado por aquela fé característica dos grandes missionários do Bem e da Verdade, ele traçou e cumpriu à risca um programa que constituiu o principal objeto de suas nobres e cristãs aspirações: pregar a doutrina evangelicamente não só por palavras como principalmente por obras."

Mais outro trecho interessante, ainda na mesma Revista: "Estudando, pregando e praticando a Doutrina, Ignacio Bittencourt, em pouco tempo, tornou-se um dos oradores mais apreciados, dedicando-se, com especialidade, à pregação do Evangelho, não só na Capital Federal, como no interior do País. Era médium inspirado e receitista. Como médium receitista, conquistou tal popularidade em todo o País pelas curas operadas, que atendia, diariamente, em seu modesto consultório, à Rua Voluntário da Pátria 20, entre 500 e 600 pessoas". Acrescenta ainda a matéria: "Ao tempo em que Leopoldo Cirne, outro Apóstolo do Espiritismo, era presidente da Federação Espírita Brasileira, Ignacio Bittencourt exercia, nessa entidade, o cargo de vicepresidente e estava sempre em contato com os luminares do Espiritismo dessa época, Bezerra de Menezes, Sayão, Bittencourt Sampaio, etc. Dando cumprimento ao seu programa de ação no campo da Doutrina, Ignacio Bittencourt fundou em 1919, o Abrigo Teresa de Jesus, destinado a abrigar a infância desválida. Como presidente perpétuo dessa instituição, dirigiu-a até os seus últimos momentos de vida terrena. Fundou, há trinta anos, o "Aurora", que é um dos baluartes da imprensa espírita, com ampla circulação por todo o país." E, ao final da longa matéria, diz que Ignácio Bittencourt foi "amigo dos humildes, amparo dos necessitados, médico da alma e do corpo e paladino das verdades crísticas".

E não eram só os órgãos ou os livros espíritas que enalteciam a personalidade desse grande benfeitor. O Correio da Manhã , de 19 de fevereiro de 1943 escreveu, por ocasião de seu falecimento: "Os que professam a doutrina de Kardec diziam haver na sua personalidade um médium de extraordinários dons. Era curador. Fazia diagnósticos como se fosse médico e dava receitas, em geral pelo sistema de Hahnemann, com o que foi ganhando fama, através das curas que ia realizando. Mas o mais curioso, o que atraia para Ignácio Bittencourt as simpatias gerais, era a sua caridade, o seu devotamento ao próximo. Em cima de sua barbearia, ficava a residência do dono. Os doentes subiam uma pequena escada e entravam para a sala de visitas - muito modesta, bem pobre, de móveis baratos e comuns. O espírita chegava e apenas indagava o nome, a idade e a profissão do candidato a consulta. Às vezes, nem isso. Ignácio Bittencourt sentava-se a uma mesa, concentrava-se e escrevia a lápis uma receita. Dentro de poucos minutos, dava consultas a cinco, dez, vinte pessoas. Todo o dia se passava assim. À noite, havia o mesmo movimento. Nunca aceitou remuneração em dinheiro, ao menos para si."

Detalhe da fachada do Abrigo Teresa de JesusDescoberta inédita é uma matéria do imortal e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregesilo de Athayde, estampada com destaque na primeira página do "Diário da Noite", de 19 de fevereiro de 1943, e que comunicava a morte do nosso benfeitor. O título da matéria era: "A Morte do Apóstolo". Eis o texto na íntegra: "Seja qual for o ponto de vista religioso em que nos coloquemos, a figura de Ignácio Bittencourt, ontem, sepultado, adquire inconfundíveis relevos de apóstolo cristão. Era o patriarca do Espiritismo, seu propagandista incansável e devotado sacerdote. Pregava pelo jornal, pela palavra nas reuniões do culto, pelo exemplo de uma vida sem mácula de interesse, no cumprimento estrito dos deveres vocacionais. Foi um santo. Milhares de pessoas levaram-no à beira do túmulo, testemunhando-lhe o agradecimento da pobreza. Para ele o que principalmente ligava o homem a Deus era o espírito de Caridade. O Cristo era o amor do próximo. Não havia sacrifício que não fizesse para servir os seus irmãos, nas tristes condições da humildade. Não sei se curava. Não sei se como médium conversava com os espíritos. Sei, no entanto, que foi um grande consolador de sofrimentos e nunca ninguém se aproximou dele que não saísse aliviado das suas penas morais. Assim cumpriu a missão sagrada do pastor e Deus, na sua misericórdia, tê-lo-á recebido com as dignidades reservadas aos seus justos." O jornal "A Noite", que deu a notícia do falecimento de Ignácio Bittencourt em primeira mão (no próprio dia 18 de fevereiro) escreveu: "Modesto como sempre foi, não vendo a felicidade nos bens terrenos, como soi acontecer entre os viventes em geral, Ignácio Bittencourt era homem que tinha as vistas voltadas para o alto. Compreendia em toda a sua extensão a vaidade humana e daí o seu último pedido, o seu último desejo - um enterro de última classe. Não obstante, inúmeras coroas enchem o pequeno jardim da residência da família do saudoso extinto."

Assim o "Jornal do Commercio" escreveu sobre o grande benfeitor: "No sobejamente conhecido na nossa Capital, o morto de ontem, tornou-se um elemento de projeção pelo seu espírito de bondade e desprendimento pelos laços materiais, só se importando com os benefícios que podia prestar aos que dele se acercavam, sem distinção, de classes, fortuna ou posições sociais. Foi um homem que viveu acolhendo os pobres, servindo aos ricos, mitigando dores, levando esperanças aos enfermos e confortando muitos outros às portas da morte."

Nessa enorme matéria do "Jornal do Commercio" há outro trecho que merece destaque. Depois de afirmar que Ignácio Bittencourt atendera aos doentes até o final de sua vida, o jornal escreve: "Há cinco anos sofreu um derrame cerebral, ficando parcialmente paralítico e cego de um dos olhos. Com os seus próprios recursos venceu a grave crise. Há dois anos, entretanto, seu estado de saúde sofreu uma grande queda, e ele conseguiu manter-se entre alternativas de melhoras e pioras até a manhã de ontem quando foi fulminado por um colapso cardíaco."

Também o Jornal do Brasil se manifestou da mesma maneira em relação ao nosso benfeitor, considerando-o "uma das individualidades mais populares em todos os círculos sociais, que lhe admiravam o ardente espírito de caridade, o devotamento de todos quantos o procuravam e nele encontravam uma palavra de conforto moral, um gesto de alívio ao sofrimento".

Outro jornal que registrou o falecimento de Ignácio Bittencourt foi o Diário de Notícias, que num trecho escreveu: "Foi fundador da Federação Espírita Brasileira, do Abrigo Teresa de Jesus, da Legião do Bem, instituições de assistência aos necessitados. Fundou, também, há cerca de 30 anos, o jornal "Aurora", que ainda circula como órgão da doutrina de Allan Kardec. O Sr. Ignácio Bittencourt, que faleceu aos 80 anos, era português de nascimento e brasileiro naturalizado, tendo chegado ao Brasil com a idade de 12 anos". A primeira informação do trecho acima não é verdade: Ignácio Bittencourt não fundou a Federação Espírita Brasileira. O Reformador de março de 1943 tratou de corrigir esse equívoco do diário carioca. E mais O Jornal escreveu sobre Ignácio Bittencourt, dizendo que o nosso benfeitor era um "nome largamente conhecido através da atuação que, durante muitos anos exerceu nos domínios da teoria espírita". "Português de nascimento, veio para o Brasil havia mais de 60 anos, dedicando-se a princípio ao comércio, para depois, conhecedor profundo da doutrina que abraçara, se tornar um verdadeiro batalhador da causa. Dotado das qualidades de "médium" receitista, grangeou, com isso, um vasto círculo de relações e de simpatias, por um grande número de curas apregoadas como devidas àquele se estranho poder".

Detalhe do Túmulo de Ignácio BittencourtNo livro "Seareiros da Primeira Hora", de Ramiro Gama encontramos muitas informações valiosas sobre Ignácio Bittencourt: "Foi um verdadeiro Apóstolo da Caridade. Médium receitista, inspirado, vidente, clarividente, possibilitou milhares de curas. Foi chamado várias vezes a processo criminal por realizar a medicina ilegal, mas graças à proteção do Alto, foi sempre absolvido, possibilitando que fosse criado, com seus casos, uma jurisprudência favorável ao Espiritismo consolador e curador de corpos e almas. Desencarnou, bastante idoso, e sempre trabalhando pelos pobres e doentes, famintos da luz e do amor, em 18 de fevereiro de 1943. Foi um dos fundadores do Abrigo Tereza de Jesus e fundador, organizador e estimulador de vários Centros Espíritas na Guanabara. Orador inspirado e conhecedor profundo do Espiritismo fez milhares de maravilhosas conferências aqui e pelo Brasil afora. Fundou o ótimo jornal Aurora, que realizou um serviço inestimável no jornalismo espírita."

No precioso trabalho do Dr. José Carlos Moreira Guimarães, publicado em outro livro de Ramiro Gama, "Os Mortos Estão de Pé", novos dados são apresentados, o mais importante dizendo respeito ao escritor e imortal Coelho Neto, também um estudioso da vida de Ignácio Bittencourt. É apresentado texto do artigo "O Bom Samaritano" em que Coelho Neto defende o nosso benfeitor das acusações de exercício ilegal da medicina. Num determinado trecho, escreve o imortal: "E esse homem, que se chama Ignácio Bittencourt - nome constantemente invocado por milhares de sofredores - é intimado a comparecer perante o Tribunal para responder por crimes que, se fossem citados no Código Penal, seriam esplendores, como são as estrelas dentro da noite. E são eles: sarar enfermos, valendo-lhes com a medicina, com a dieta e com o desvelo; mitigar desesperos; reconciliar desavindos, restaurando lares destruídos; promover os meios de legitimar ligações; reconhecer transviados; amparar crianças órfãs; agasalhar anciãos; pregar o amor ao próximo, o respeito e prestígio à Lei, e levantar as corações combalidos com a força suprema da Fé. (...)"

Ignácio Bittencourt e Dona Rosa tiveram 14 filhos, dos quais cinco já haviam falecido. Naquele ano, a 23 de abril, completariam o sexagésimo aniversário de casamento. Entre os filhos, Ignácio Bittencourt Filho foi jornalista e Ismael Bittencourt diretor do Café Globo. O casal morava na Rua Rodrigo de Brito, 24, Botafogo. Hoje não existe mais a sua casa - o local é apenas um estacionamento, mantendo ainda o número 24 na entrada. Já no local onde era o Centro Cáritas, na Rua Voluntário da Pátria, 20, Botafogo, hoje funciona a Homeopatia Nóbrega, com móveis em madeira e vidros antigos - na parede está escrito "Pharmacia". Na sobreloja, onde era localizado o Centro hoje existem escritórios de médicos homeopatas.

Que possamos sempre nos inspirar nos exemplos de Ignácio Bittencourt, verdadeiro SAL DA TERRA!

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INDALÍCIO MENDES

Indalício MendesEm Leopoldina, Minas Gerais, em 23 de maio de 1901, nascia Indalício Hildegárdio Mendes. Filho de Maria Lídia da Rocha Mendes e Cristóvão José Mendes, teve como irmãos Otília, Iremarco e Dulcina. Gêmeo de sete meses, foi criado nos primeiros dias de vida em uma caixa de sapatos, envolto por algodão, para que sobrevivesse. Seu irmão não teve a mesma sorte. Com aparência franzina, muito claro, de olhos muito azuis, sua saúde sempre inspirava cuidados, que eram tratados com desvelo, primeiro por sua mãe, depois por sua dedicada esposa.

Com um mês de vida, Indalício veio com sua família para o Rio de Janeiro. Foram morar no bairro de São Cristóvão.

Autodidata, cursou até o ginasial, quando começou a trabalhar para ajudar a família, empregando-se na firma White Martins, onde criou o logotipo "estrela verde", usado até hoje. Fez carreira, chegando à posição de Diretor da Seção de Propaganda, e de lá saiu apenas para se aposentar. Desde pequeno apresentava gosto pela leitura, que o acompanhou por toda a vida, resultando disso uma invejável ilustração e aprofundada cultura, abrangendo os mais variados ramos e temas do conhecimento humano. Versado em linguas estrangeiras, lia com facilidade obras em inglês, francês, italiano e espanhol.

Em sua biblioteca de centenas de livros, deixou nas margens dos mesmos preciosos comentários e observações, que enriquecem os textos. Indalício conheceu Nadir, sua esposa, no Rio de Janeiro. Foi em 1925, no dia 24 de dezembro, na igreja de São Salvador, em Campos, que receberam a benção nupcial. Desta união nasceram Myrian Neide e Spencer Luiz, que lhes deram sete netos e quatro bisnetos.

Capa do volume Rumos Doutrinários, de Indalício MendesFoi depois de uma pneumonia, na década de 40, que começou sua busca espiritual. Luís Fernandes da Silva Quadros, tio de sua esposa e membro da Federação Espírita Brasileira, convidou-o a conhecer a doutrina e a Casa de Ismael, despertando-o para o caminho novo que surgia. Indalício passara anteriormente pelas ideias materialistas, marxistas e simpáticas a Herbert Spencer, de que teve a inspiração para dar o nome a seu filho.

Na Casa Máter, dedicou-se principalmente ao estudo das obras da Codificação de Allan Kardec, e "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing. Em 1943, foi empossado como Secretário de "O Reformador", revista oficial da FEB. Foi com o Artigo de fundo "Libertação pelo Evangelho", publicado em março de 1944, que Indalício iniciou sua colaboração em "O Reformador". Mais de seiscentos artigos se sucederam ao longo de 32 anos(*).

Deu também sua colaboração durante quatro anos na Comissão de Assistência da FEB, sendo ali companheiro de trabalho de Luís Quadros. Em 1953 entrou para o Conselho Federativo Nacional, como representante da Federação Espírita Paraibana e em 1956 foi eleito membro efetivo do Conselho Superior da FEB.

Indalício Mendes foi autor do "árduo" estudo comparativo das obras literárias de Humberto de Campos - Homem - e Humberto de Campos - Espírito, conforme consta em "Duas Palavras", do livro "A Psicografia ante os Tribunais". Este trabalho reuniu toda a documentação necessária à defesa de Chico Xavier e da FEB, entregue a Miguel Timponi.

Em 1975 foi eleito Vice-Presidente da FEB mas, daí por diante, suas forças começaram a declinar e sua presença era solicitada ao lado de sua dedicada esposa. Deixou o Conselho Federativo Nacional, o qual servira por 23 anos. Foi desativando aos poucos, deixando a vice-presidência em 1978. Mas, até a sua desencarnação, permaneceu como redator de "O Reformador" e Assessor da Presidência.

De sua personalidade, lembramos a alegria. Tinha o humor incrível que caracteriza os homens de gênio. Gostava de ouvir música. Nas reuniões familiares, dançava e até sapateava, sempre sob o sorriso amigo da esposa Nadir, que o acompanhava, formando um casal exemplar.

Esportivo, na mocidade chegou a lutar box. Tinha o pescoço um pouco inclinado, dizia ele, por ter recebido um golpe desastrado. Admirava o futebol, e sobre esse assunto assinou durante muitos anos uma coluna intitulada "Pra ler no bonde", no "Diário de Notícias", utilizando o pseudônimo de "José Brígido". Foi membro da diretoria do Fluminense Futebol Clube, no cargo de 2º Secretário.

Voz fraca, quase inaudível, foi pela escrita que fez a divulgação de seu conhecimento. De sua pena saíram contos, alguns de inspiração oriental; versos; tinha sempre palavras escritas para lembrar alguma ocasião como aniversários, casamentos, etc... e gostava de presentear com livros que levavam sempre dedicatórias gentis e doutrinárias. Usou vários pseudônimos: "José Brígido", já citado; "Túlio Tupinambá", "Vinélius Di Marco", "Boanerges da Rocha", "Tasso Porciúncula", "I. Salústio", "Percival Antunes", "Tibúrcio Barreto", "Jesuíno Macedo Jr.", "A. Pereira", "Tobias Mirco", "Gonçalo Francoso", "Damasceno", "X.Z"e outros.

Trabalhou em vários jornais, dentre eles "A Gazeta de São Paulo", "A Tribuna da Imprensa", "O Rio Esportivo" e "O Diário de Notícias", do qual foi um dos fundadores ao lado do jornalista Orlando Dantas, em 1930. Tornou-se jornalista profissional, tendo ocupado na ABI, Associação Brasileira de Imprensa, o cargo de Diretor do Setor de Relações Sociais e Humanas, do Departamento de Assistência Social.

Somado a tantas atividades, exerceu o cargo de Assistente de Plenário do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Por volta de 1963, pouco depois de sua fundação, ingressou na "Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes". Fundou em 1965, junto com o seu Orientador Geral, Azamor Serrão, o seu órgão de divulgação doutrinária, "O Cristão Espírita", de distribuição gratuita, dirigindo-o até a sua desencarnação. Indalício Mendes foi também membro do Conselho Deliberativo da Casa desde a criação deste último, a 18 de novembro de 1967, exercendo essa função até o seu regresso à Pátria Espiritual.

Nos últimos anos de sua vida "O Cristão Espírita" já lhe custava extremado esforço. As forças diminuíam dia a dia, e não encontrava quem o pudesse substituir. Escrevia à mão, pois não conseguia mais usar a máquina de escrever. Muitas vezes pensava até em desistir, mas o estímulo de amigos levou-o a continuar.

Assinatura de Indalício MendesSeu último e precioso trabalho foi sobre "O Corpo Fluídico de Jesus", que não chegou a ser publicado. Sua vivência no Espiritismo foi cercada de inúmeros obstáculos. Acordava às quatro horas da madrugada para poder estudar e escrever, inclusive "O Cristão Espírita".

Em 1974 o casal comemorou 50 anos de casados, "Bodas de Ouro". Em 25 de agosto de 1984 desencarnou sua esposa Nadir. Ficou um grande vazio na vida de Indalício.

A 13 de maio de 1988, Indalício partiu para a espiritualidade. Frágil como uma luz de vela prestes a apagar, na Casa de Saúde Santa Lúcia, em Botafogo. Justo no dia 13 de maio, dia da libertação dos escravos, Indalício libertou-se do jugo carnal. A vibração na capela do São João Baptista, onde seus restos mortais repousavam, era amena, tranquila. Sentia-se a presença de seu espírito.

Indalício Mendes deixou um rastro de luminosidade na Terra, pela intensidade e dignidade da vida que viveu. Por isso, nós o chamamos, também, "Sal da Terra"...

(*) O blog "Aron, um Espírita" prestou relevante serviço à família e à causa espíritas publicando, na Internet, muitos dos artigos de Indalício Mendes no Reformador, sob alguns desses variados pseudônimos. Registramos aqui a nossa gratidão pela iniciativa, e convidamos a todos para conhecer e apreciar essa saborosa Coleção Indalício Mendes.

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JOSÉ LUIZ DE MAGALHÃES

(Rio de Janeiro, 06.05.1871 a 22.11.1948)

José Luiz de MagalhãesPai do inesquecível conselheiro, secretário-geral de nossa Casa Ivo Magalhães, foi escolhido como Patrono de nosso Departamento de Estudo e Divulgação Doutrinária.

Durante a vida física teve o despertamento para o Espiritismo provocado pela doença de um de seus sete filhos - a menina Lídia, que aos cinco aninhos ficou gravemente enferma e foi desenganada pelos médicos. Procurou, a conselho de amigos, o famoso médium Ignácio Bittencourt, que confirmou o diagnóstico dos médicos e, para consolá-lo, deu-lhe um exemplar do "Evangelho Segundo o Espiritismo".

Com a leitura dessa obra, tornou-se ávido estudioso da Codificação e logo Espírita convicto, trabalhando infatigavelmente na seara. Ao freqüentar a Federação Espírita Brasileira, sob a presidência de Leopoldo Cirne, chegou a ser eleito para a diretoria em 1912, até assumir a direção da Assistência aos Necessitados, a qual dedicou-se de corpo e alma.

Participou da fundação do Abrigo Tereza de Jesus, na rua Ibituruna (Rio de Janeiro), tendo como companheiro Ignácio Bittencourt e Ernestina Ferreira dos Santos. Poeta nato, escreveu inúmeras poesias espíritas, todas publicadas em "O Reformador", merecendo de Indalício Mendes (também conselheiro de nossa Casa) - na publicação de setembro de 1966 daquele periódico - o seguinte perfil biográfico:

"Espírita inato, sempre se manteve humilde nas atitudes e precavido nas manifestações verbais. Sabia ouvir com serenidade todas as opiniões, principalmente as que eram contrárias ao seu ponto de vista (...). Alma sensível, tinha de ser poeta, tinha de ser poeta, e o foi no melhor sentido do vocábulo (...). Era José Luiz de Magalhães espírita nos menores atos, nas mais simples e despreocupadas atitudes, demonstrando a evangelização de sua alma terna e boa."

O relato de Indalício nos deixa a plena certeza de ser José Luiz de Magalhães, entre nós, Espíritas, "Sal da Terra"... Nós o homenageamos, de maneira singela, reproduzindo abaixo o poema que cunhou quando da inauguração do edifício-sede da Federação Espírita Brasileira, a 10 de dezembro de 1911.

VOZES DE FESTA

I

Deus, Cristo e Caridade! Horas secretas
Da gênese insondável do infinito,
Cataclismo de mundos de granito, Nebulosas de sóis - errantes setas;

Almas da noite lúgubre inquietas,
Almas cruzando pelo azul bendito,
Às cismas do filósofo precito,
Aos encantados sonhos dos poetas;

"Sarças de fogo da solidão divina,
Caniço do deserto posto ao vento,
Parábolas de luz da Palestina;

Água lustral dos mártires da terra,
óleo santo de vida e pensamento:
Deus, Cristo e Caridade - tudo encerra.

II

Desta casa - hospital, templo e oficina,
Prá rôtos e famintos saciar,
E a multidão qu'evoca peregina
Dos sedentos da luz desalterar;

Na fachada, bem alto a s'ostentar,
Da casa (que o trabalho, lei divina,
Propiciatório a todos vem lembrar):
Fé e amor e humildade o lema ensina.

Basta! E agora este voto dirijamos
Aqueles cujos nomes veneramos:
Que tu, bom guia - ó Ismael! assim

Em novas forças nosso empenho mudes,
A Deus rogando na amplidão sem fim
Do estelífero sólio das virtudes.

José Luiz de Magalhães.

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JULIETA MARCONDES VERÍSSIMO DE MELO

(02.02.1914 a 09.05.1997)

FloresDe esmerada educação, postura elegante, cultura elevada, chegou à Casa de Recuperação em meados de 1969. Discreta e silenciosamente, altiva e ao mesmo tempo simples e de fala mansa, logo a todos cativou.

Seu privilegiado intelecto não teve dificuldade em assimilar os princípios da fé raciocinada, base dos postulados espíritas, que logo a colocaram em intensa atividade em nossa Casa. Sua mediunidade ficou limitada ao passe, mas os sentimentos cristãos potencializados pela concepção espírita, fizeram-na participar de vários setores e atendimentos, tais como a higiene mental preparatória das sessões, tendo na sua voz, macia e lúcida, uma marca registrada por muitos anos.

O estudo de Roustaing, feito às segunda feiras, recebeu sua colaboração por muitos anos, bem como o estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo, das terças ou quintas feiras à tarde, ambos inteligentemente comentados com ilustrativa sensibilidade. A tarefa do aconselhamento, como também de passes especiais, foram por ela pacientemente coordenados por anos a fio com minuciosa atenção pelos que sofrem.

Mas o ponto alto do seu carinho e espírito fraterno realizou-se na organização das bolsas de especiarias de Natal, distribuídas às trezentas famílias assistidas pelo Departamento Ali Omar por ocasião das festas natalinas.

Por quase duas décadas, estas famílias humildes conheceram também a alegria de se reunirem no lar, tendo à mesa as iguarias somente encontradas em lares mais abastados. Nozes, castanhas, avelãs e muitas outras guloseimas bem adornadas levavam a mensagem de solidariedade carinhosa, capitaneada por Julieta em nome da equipe de médiuns da Casa, dizendo aos menos afortunados: "somos todos iguais diante de nosso Pai, portanto na noite em que nossos lares devem se alegrar na festividade natalina, que sejam idênticos nossos prazeres à mesa em que nos confraternizamos pela presença do Cristo entre nós."

Seu espírito deixou o corpo alquebrado pelos 83 anos, suportando resignada e valentemente nos últimos anos assédio constante de doenças que minaram pouco a pouco sua resistência. Mas, em instante algum deixou-se abater em sua fé e na firme disposição de ser útil; sempre que conseguia reunir forças, fazia-se presente às reuniões, privilegiando-nos com a firmeza e doçura da sua higiene mental.

Tudo em Julieta era organização, definição, confiança no que fazia, sempre em respeito a si mesma e ao sentimento alheio. Na passagem para o outro lado da vida, deixou tudo programado, o que queria e não queria em seu enterro, até mesmo a mensagem antecedendo a prece, foi por ela determinada sabiamente: "A quem me ama", de G. Perico, S.J.. Assim se despediu:

A Quem me ama

"Se você me ama, não chore; se você conhecesse o mistério insondável do céu onde agora me encontro, se você pudesse ver e sentir o que eu sinto e vejo nestes horizontes sem fim e nesta luz que tudo alcança e penetra, você jamais choraria por mim. "Estou agora absorvido pelo encanto de Deus, pelas suas expressões de infinita beleza: em confronto com esta nova vida as coisas do passado são pequenas e insignificantes.

"Conservo ainda todo o meu afeto por você, uma ternura que jamais lhe pude revelar: amamo-nos ternamente em vida, mas tudo era então muito passageiro e limitado.

"Vivo na serena e alegre expectativa da sua chegada entre nós e sempre que se lembrar de mim pense assim - "com muita alegria"...

"Ao sentir-se envolvido em suas lutas, pense nesta maravilhosa moradia onde não existe a morte e onde juntos viveremos no encantamento mais puro e mais intenso junto a uma fonte inesgotável de amor e de alegria.

"Se você verdadeiramente me ama, não chore por mim."

Conosco, fica a certeza de que Julieta Veríssimo de Mello foi entre nós ... Sal da Terra!

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LEDA BORGES DO AMARAL

(13/02/1922 - 26/10/1985)

Foto de Leda Borges do AmaralNo mês de outubro lembramos sempre um dos maiores símbolos de espiritualidade e caridade cristã de nossa Casa, de todos os tempos. Sua figura, especial e admirável, deixou para todos os que com ela conviveram o exemplo de permanente dedicação aos que sofrem.

Ledinha - como carinhosamente a chamamos - vivenciou nos mínimos detalhes a máxima de Ali-Omar, mentor do Departamento de Assistência aos Necessitados, por ela dirigido durante tantos anos: "alivia as chagas dos que padecem e terás o esquecimento da própria dor."

A dor de Ledinha começou cedo. Era jovem, bonita e bem formada, de pais espíritas, quando terrível doença a assaltou: lepra. Só ficou curada após ter o rosto deformado, assim com as mãos e os pés, dificultando sua movimentação. Os ouvidos, afetados, permitiam apenas audição bem reduzida; extinguira-se também a luz em seus olhos, resultando em irremediável cegueira em pleno alvorecer de seus 17 anos. Não saiu mais de casa. Porém, a concepção cristã-espírita logo a ergueu do vale da sombra e da dor com um remédio todo especial, chamado - caridade!

Sua voz - tão fraca, tão prejudicada - passou a fazer permanentes apelos telefônicos para alívio do sofrimento dos infelizes que a ela recorriam. Arranjava também alimentos, internações, socorro assistencial, cadeiras de rodas, muletas, empregos, bolsas de estudos, tudo em benefício dos outros. Logo percebeu que seu "prestígio" provinha da forte impressão que seu sofrimento despertava na sensibilidade alheia...

Foi nesse afã de caridade plena que veio a conhecer Azamôr Serrão, o "Ceguinho", fundador de nossa Casa. Grande afinidade surgiu entre os dois campeões da caridade, e logo Azamôr a convenceu a sair de casa e vir para a linha de frente, assumindo a direção do então nascente Departamento de Assistência aos Necessitados da Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes, que recebeu o nome de Ali-Omar.

Além da distribuição mensal de alimentos aos mais carentes, aulas de moral cristã e higiene passaram a ser administradas a centenas de famílias pobres. Logo o setor cresceu, graças à grande facilidade de Ledinha em ter seus pedidos atendidos. Diante daquela figura alquebrada pela doença, mas dinâmica e determinada no amor ao próximo, não havia quem resistisse ao seu convite para participar na caridade pura.

Exemplo a ser seguido por todos, resta a certeza de saber que Ledinha foi - de fato - "Sal da Terra".

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MARECHAL FRANCISCO RAIMUNDO EWERTON QUADROS

Marechal Ewerton QuadrosEle foi o primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira e o primeiro tradutor de “Os Quatro Evangelhos”, de Roustaing, no Brasil. Nasceu em São Luiz, Maranhão, em 17 de outubro de 1841, e faleceu há exatamente 100 anos, a 20 de novembro de 1919. Com justa razão, é ele, pois, o nosso SAL DA TERRA dessa edição. Nossa reverência ao Marechal Francisco Raimundo Ewerton Quadros!

Entre os trabalhadores da primeira hora, no Espiritismo do Brasil, o Marechal Francisco Raimundo Ewerton Quadros ocupa lugar de justificado destaque, em virtude da valiosa colaboração que prestou à ingente obra de disseminação e explanação da doutrina codificada por Allan Kardec.

Homem de grande envergadura moral, possuidor de sólida e generalizada cultura, doutor em engenharia e figura de prestígio na sociedade e no Exército nacionais, tendo sucedido ao General Franklin do Rego Cavalcanti de Albuquerque Barros na presidência do Clube Militar, exatamente no governo de Prudente de Morais, o marechal Ewerton Quadros, não obstante tudo isso, não se deixou fascinar pelas ambições da vida material.

Espírito ativo e familiarizado com estudos profundos, escreveu numerosos trabalhos de cunho filosófico, os quais constituem inequívoco atestado do seu valor intelectual. De costumes austeros, mas de visão larga, não tardou fosse atraído pelo Espiritismo, dele se tornando, desde 1872, dos mais probos e autorizados propagandistas, pelo verbo e pela pena, ajudado pelas várias mediunidades que possuía, principalmente a da vidência, o que maior força imprimia às suas já alicerçadas convicções doutrinárias.

Ele mesmo, através das páginas de "Reformador", contou uma série de notabilíssimos fenômenos devidos aos seus dons mediúnicos, os quais nele se manifestavam desde a idade de oito anos.

Em março de 1873, desenvolveu-se-lhe a psicografia, e, em pouco tempo, começou a produzir trabalhos admiráveis. Experimentando a sua nova faculdade mediúnica, no sentido de comprovar a não participação do seu próprio Espírito nas comunicações, obteve, certa vez, que um Espírito evocado por um seu amigo se manifestasse a este, respondendo a perguntas mentais, sobre História.

Ao ser criada a Federação Espírita Brasileira, foi ele eleito seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1888, quando cedeu o posto ao Dr. Bezerra de Menezes, cujo nome havia sido sufragado para esse fim.

Francisco Raimundo Ewerton Quadros mostrou-se à altura de sua missão. Cultivou sempre com acendrado carinho as virtudes cristãs, servindo ao Espiritismo e à Federação Espírita Brasileira, com a superioridade e firmeza dos verdadeiros crentes. Foi legítimo semeador das verdades evangélicas, pregando-as pelo exemplo constante e pela palavra.

Jamais ocultou, a quem quer que fosse, as suas convicções. Serviu à fé espírita com ilimitado devotamento, deixando, ao retornar à vida espiritual, o testemunho seguro do trabalhador que bem cumpriu seus deveres, como sói acontecer com todos aqueles que se propõem seguir a consoladora doutrina do Cristo.

Livro sobre a biografia do Marechal Ewerton QuadrosEwerton Quadros nasceu na capital do Maranhão, em 17 de outubro de 1841, e faleceu no Rio de Janeiro aos 20 de novembro de 1919. Seu pai, Capitão honorário Francisco Raimundo Quadros, desencarnado no referido Estado do norte brasileiro, em 1874, criou outros filhos, entre eles um futuro oficial da Armada, falecido em Montevidéu, também em 1874.

Órfão de mãe em tenra idade, Ewerton Quadros foi criado por sua tia e madrinha, que partiu para o Além em 1868.

Fez na terra natal, com o maior brilhantismo, o seu curso de humanidades e, em princípios de 1860, rumou para o Rio. Aí, mal saído da Escola Militar, em 1864, como Alfares-aluno adido ap 1o. Batalhão de Artilharia a pé, segue a reunir-se às forças invasoras da Republica Oriental, o que lhe valeu a medalha C.O. Daí avança para o Paraguai, de onde volta, em 1870, como Capitão, Cavaleiro da Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da Ordem de S. Bento de Aviz, e fazendo jus à medalha geral da Campanha do Paraguai com o passador de prata e o número 5(P-5), bem como à medalha Argentina, concedida pelo governo dessa República, e à medalha(oval) de Paissandu.

Desempenhou depois, e até 1872, várias funções nos Comandos Militares do Pará e Amazonas, sempre louvado em ordens regimentais "pelas nobres qualidades que o distinguem como militar disciplinado e severo cumpridor de seus deveres, pelos bons serviços que prestou com dedicação, zelo, inteligência e sisudez que o caracteriza".

Forma-se em Engenharia pela Escola Central da Corte (atual Escola Politécnica), toma grau de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas em 3/7/1874, e vai trabalhar um lustro no Rio Grande do Sul, como Ajudante da Comissão de Engenharia Militar naquele Estado sulino.

Espírita desde 1872, conforme já falamos, logo começou a colaborar na propaganda da Doutrina Espírita, tendo sido um dos fundadores, em 7 de junho de 1881, do Grupo Espírita Humildade e Fraternidade, no Rio. Este Grupo, desdobramento do Grupo Espírita Fraternidade, que se instalara aos 21 de março de 1880, compunha-se de "algumas pessoas ilustradas que se consagravam ao estudo sério da doutrina espírita".

Seus primeiros escritos espíritas saíram publicados na "Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade", periódico fundado em Janeiro de 1881, o segundo órgão espírita surgido no Rio de Janeiro. O primeiro trabalho de Ewerton Quadros ali apareceu nos meses de agosto e setembro de 1881. Era um erudito estudo sobre "O Magnetismo na Criação". Seguiu-se a este, em Fevereiro de 1882, bela poesia de sua autoria, em dezesseis estrofes de quatro versos, intitulada - "O Redivivo".

E em seu número de Julho de 1882, a referida Revista estampava primorosa e edificante página poética recebida, através da mediunidade de Ewerton Quadros, aos 18 de junho de 1880. Intitulava-se "Morrer é deixar a ilusão pela verdade", e fora assinada com as iniciais A.A.

Participou ativamente da fundação da Federação Espírita Brasileira, e foi eleito seu primeiro presidente (1884-1888). Nesse tempo era ele Major do Estado Maior de Artilharia do Exército. Em 1888, deu à FEB sede independente, pois que até então funcionava na residência de um que outro confrade. É assim que a FEB ficou instalada no sobrado do prédio número 17 da Rua Clube Ginástico Português, depois Rua Silva Jardim.

Ewerton Quadros realizou, além de outras, duas eruditas conferências no salão da Guarda Velha, na Rua Guarda Velha (atual Av. 13 de Maio), enfileirando-se entre os que abrilhantaram aquele memorável ciclo de conferências públicas, de larga repercussão, patrocinadas pela FEB.

Colaborou no "Reformador" e em outros órgãos da imprensa espírita até os derradeiros meses de sua vida terrena. Alguns meses antes de falecer, doou à FEB, da qual era presidente honorário desde 1891, muitos exemplares do seu livro "Os Astros", para com o produto de sua venda socorrer os pobres da Assistência aos Necessitados.

Possuía Ewerton Quadros incontestável cultura e vasta erudição, sendo amplos os seus conhecimentos de Astronomia, História Natural e História Universal. Seus artigos em prosa eram às vezes assinados com o pseudônimo Freq. Revelou-se igualmente como poeta, publicando de vez em quando suas produções nos periódicos espíritas.

Deixou em numerosos escritos e em várias obras o fruto de suas meditações iluminadas pelo Espiritismo. São de sua lavra: "História dos Povos da Antiguidade", escrita sob o ponto de vista espírita, até a vinda do Messias,etc.; "Os Astros", estudos da Criação; Conferência sobre "O Espiritismo", seu lugar na classificação das ciências, etc.; "As Manifestações do Sentimento Religioso Através dos Tempos"; "Catecismo Espírita", dedicado às meninas; etc.

Logo que saiu o primeiro livro acima citado, a Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, de fevereiro de 1882, deu dele ciência ao público ledor, dizendo a seguir:

"O Sr. Dr.Quadros é mais um trabalhador incansável e corajoso que se apresenta na arena da propaganda, como demonstra o importante volume que acaba de publicar, cujo assunto só por si é recomendação para os estudiosos, abona o autor, e dá testemunho da perseverança com que se dedica aos trabalhos espiríticos."

Traduziu muitos artigos, bem como obras, do francês e do inglês, sobressaindo entre estas últimas "O Fenômeno Espírita", de Gabriel Delanne; "Bases Cientificas do Espiritismo", de Epes Sargent; "Região em Litígio entre este mundo e o outro", de Robert Dale Owen.

avenida-pasteur-inicio-seculo-xxCristão sincero, depressa compreendeu a necessidade de vulgarizar a notável obra mediúnica coordenada e publicada em França por J.B.Roustaing - "Os Quatro Evangelhos". Atirou-se a árdua tarefa com entusiasmo e, em 1883, terminou a sua tradução, que foi a primeira em língua portuguesa. "Reformador" começou a publicá-la em 15 de janeiro de 1898, só o fazendo parcialmente.

Em 1900, saiu, editada pela FEB, a 1a. edição da referida obra, em três volumes, traduzida, ao que parece, pelo Sr. Henrique Vieira de Castro (cf."Reformador", 1921,pg.443)(1). Em fins de 1918, a Federação Espírita Brasileira cogitou em reeditar a referida obra de Roustaing, agora na tradução do dr. Guillon Ribeiro, para isso tendo encetado uma campanha. Pois bem, Ewerton Quadros formou-se, imediatamente entre os primeiros subscritores dessa edição, que saiu em 1920.

Tomou parte nas conferências escolares que em fins do século passado se realizavam anualmente no Liceu de São Cristóvão. Discorria, então, para os alunos, sobre assuntos ligados à Astronomia.

De 1880 a 1887 participou de várias e importantes atividades no Exército, inclusive num projeto de uma estrada que ligasse a Corte às Províncias do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, bem assim na confecção de plantas de dezenas de cidades do Rio Grande do Sul, com planos defensivos e memórias descritivas.

Em 1889 é comissionado pelo governo central nos sertões de Goiás, daí porque não fora reeleito para a presidência da FEB. E, depois disso, andou por várias regiões brasileiras, em comissões científicas e militares, tendo trabalhado, por exemplo, junto à comissão militar(que também chefiou) encarregada da linha telegráfica entre Uberaba e Cuiabá, cujos trabalhos de observação e exploração ele publicou numa Memória. Esta Memória terminava com um vocabulário comparado, do português com as línguas indígenas: guarani, caiuá, coroado e xavante.

Ewerton Quadros prestou ao País relevantes serviços, tendo exercido cargos de elevada responsabilidade, recebendo várias medalhas de mérito científico e militar.

Não foi o sétimo presidente do Clube Militar, conforme assinala a "Revista do Clube Militar" de abril de 1940,pág.22. Pesquisas por nós realizadas em extensa documentação, inclusive nas Atas das Assembléias Gerais do referido clube, patenteiam ter sido Ewerton Quadros o sexto presidente(1895-1896), eleito em sucessão ao Gen. Franklin do Rego Cavalcanti de Albuquerque Barros. O jornal "O Paíz" põe por terra qualquer dúvida que ainda possa subsistir. Em seu número de 30 de abril de 1895, ele relacionou os membros da nova diretoria do Clube Militar, eleitos no dia anterior.

Ewerton Quadros foi, também, diretor do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, Comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro(1894-95), então localizada na Praia Vermelha, e lente da Escola Politécnica. Agraciado pelo governo do Marechal Deodoro com a Ordem de Avis, no grau de Oficial. Constituiu-se num dos mais esforçados auxiliares do Marechal Floriano Peixoto durante a revolta de 1893-1894, tendo sido Comandante do 5o. Distrito Militar, Comandante-em-Chefe das forças em operações no Paraná, Comandante das Fortalezas de São João e da Laje. Reformado no posto de Marechal, por Decreto de 4 de julho de 1895.

Por volta de 1908, dirigiu, com outros diretores, a "Liga de Propaganda das Ciências Psico-Físicas", que se ocupava dos fenômenos regidos por forças supranormais.

Além da notável cultura filosófica e científica que demonstrou possuir, era ele senhor de riqueza bem maior e mais apreciável - a do coração, a dos sentimentos cristãos. Suportou, sereno e resignado, todos os golpes da calúnia, da intriga e do sarcasmo com que tentaram empanar-lhe o brilho da trajetória terrena.

A causa do Espiritismo no Brasil teve nele uma das mais fortes colunas. Com a sua pena culta, com a sua palavra esclarecida e autorizada, com seu exemplo de cidadão reto e honrado, foi um dos maiores propagandistas a serviço da Doutrina Espírita. Para nós, será, para sempre… SAL DA TERRA!

(1) Vide a respeito o item 13 de nosso painel biográfico sobre Jean Baptiste Roustaing - ROUSTAING E AS TRADUÇÕES DE OS QUATRO EVANGELHOS - em nosso Museu Roustaing.

Fonte: Transcrito/adaptado do site da Federação Espírita do Paraná - http://www.feparana.com.br/topico/?topico=637

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MEIMEI

Retrato de MeimeiA abnegada trabalhadora da Espiritualidade Maior MEIMEI é a aniversariante do mês de outubro. Seu verdadeiro nome era Irma Castro, nascida a 22 de outubro de 1922, em Mateus Leme, Minas Gerais. Viveu ainda em Itaúna e Belo Horizonte, no mesmo Estado.

Extremamente bela e de uma inteligência invulgar, Irma era sempre a primeira aluna da turma. Tinha grande facilidade para os estudos e era ávida por novos conhecimentos. Quando cursava o Segundo Ano Normal, a enfermidade que acabaria por tirar a sua vida terrena - nefrite - se manifestou pela primeira vez, fazendo com que, até o final de sua curta vida terrena, tivesse seu estado de saúde oscilando entre momentos de saúde e de enfermidade.

Era uma mulher extremamente caridosa, sempre disposta a levar uma esmola ou uma palavra de conforto aos mais necessitados. Casou-se aos 22 anos, com Arnaldo Rocha, e seu matrimônio durou apenas dois anos, porque, então, adoeceu definitivamente. Desencarnou em primeiro de outubro de 1946, depois de três meses acamada, vítima de nefrite crônica.

Meio que contrariado, Arnaldo Rocha, que não acreditava em Deus, foi chamado pelo irmão, Geraldo Benício Rocha, naquele mesmo mês, para ir à sua casa. Avesso às manifestações espíritas, chegou lá e encontrou o ambiente pronto para uma reunião. Saiu de lá com informações de Irma e transtornado com a mensagem de uma médium sexagenária, que falava muito mau o português, mas cuja voz não deixou qualquer dúvida de que se tratava de Irma.

Já em novembro, numa reunião em que Arnaldo estava presente, o médium Francisco Cândido Xavier, através de uma psicofonia sonambúlica, transmitiu uma mensagem de Meimei. Desde então, vários livros foram ditados ao médium por Meimei, entre eles: "Pai Nosso", "Amizade", "Palavras do Coração", "Cartilha do Bem", "Evangelho em Casa", "Deus Aguarda" e "Mãe". Na Espiritualidade Maior, Meimei é Blandina (seu nome teria sido mudado por André Luiz).

O livro "Entre A Terra e o Céu", de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, mostra, nos capítulos nove e dez, o seu abnegado trabalho no Lar da Bênção.

A palavra "Meimei" foi escolhida pelo seu esposo, quanto juntos assistiram a um filme. Trata-se de uma expressão chinesa que significa "amor puro".

Por toda a sua caridade, pela sua bondade, abnegação e reto proceder, pelas suas preciosas mensagens e ensinamentos e pelo belíssimo trabalho que desenvolve na Espiritualidade Maior, Meimei é o perfeito exemplo de SAL DA TERRA.

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MIGUEL COUTO

Rio de Janeiro, 01/05/1864 -Rio de Janeiro, 06/06/1934)

Miguel CoutoMiguel Couto nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 1º de maio de 1864. Era filho de Francisco de Oliveira Couto e de Maria Rosa do Espírito Santo. Faleceu no Rio de Janeiro, a 6 de junho de 1934.

Frequentou o Colégio Briggs ingressando, a seguir, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, da qual se tornaria lente, por concurso, no ano de 1898. Na cadeira de Clínica Médica substituíra Francisco de Castro, notável expressão da cultura médica no início do século atual.

O professor Miguel Couto era poliglota e profundo conhecedor da língua portuguesa. Participou de vários congressos de Medicina nos quais se destacou pela sua competência profissional, sendo considerado um dos mais notáveis clínicos de sua época.

Apóstolo da educação nacional combateu, também, a imigração japonesa, que considerava poder vir a constituir sério perigo para o Brasil, em oposição ao pensamento do seu colega de Medicina, o professor Bruno Lobo.

Em 1916 entrou para a Academia Brasileira de Letras e em 1933 foi Deputado Constituinte, tendo conseguido a aprovação do projeto que destinava 10% das rendas federais para a instrução pública. Miguel Couto teria publicado 14 livros entre 1901 e

Ainda antes da Revolução de outubro de 1930, proferira Miguel Couto, na Associação Brasileira de Educação, o mais conceituado clínico do Rio de Janeiro, proferira na Associação Brasileira de Educação, a 2 de julho de 1927, uma conferência em que apresentava um projeto sobre educação, largamente distribuído em todas as escolas normais e institutos profissionais da então Capital Federal. Era sugerida, nesse documento, a criação do Ministério da Educação, com "dois departamentos: o do ensino e o da higiene".

A 14 de novembro de 1930, um decreto do Chefe do Governo Provisório da República criava "uma Secretaria de Estado, com a denominação de Ministério da Educação e Saúde Pública, sem aumento de despesa". Praticamente, o apelo de Miguel Couto na Associação Brasileira de Educação começara a dar os seus frutos.

O famoso "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", lançado em 1932, reproduziu o que já pregara Miguel Couto cinco anos antes: "Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobleva em importância e gravidade o da educação".

Eleito deputado federal na Constituinte que elaboraria a Constituição de 16 de julho de 1933, continuou o eminente clínico a defender suas ideias sobre educação e problemas da imigração japonesa.

Presidiu Miguel Couto a Academia Nacional de Medicina durante 21 anos consecutivos.

O "Jornal do Commercio" lhe rendeu merecidas homenagens, na ocasião de seu desencarne em 1934: "um grande sábio que honrou a ciência brasileira e cuja celebridade teve forte e justa projeção no estrangeiro"; [...] "nunca abandonou a clínica civil, porque foi sempre para ele, antes de tudo, uma obra de caridade que sempre fez vibrar a sua alma cristã e a sua inteligência profundamente religiosa"; [...] "Depois de Tavares Bastos, Liberato Barrosos e Rui Barbosa, o Professor Miguel Couto foi o grande apóstolo da educação nacional, o propagandista insígne da necessidade da reforma dos nossos costumes políticos e de uma política intensa de instrução apropriada e de salvação do trabalhador nacional".i>

Miguel Couto é hoje um dos mentores de nossa Casa e, sem qualquer dúvida, é também "Sal da Terra".

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NEWTON BOECHAT

Retrato deNewton BoechatPartiu para a pátria espiritual, em 22 de agosto de 1990, este grande amigo de nossa Casa e em particular de nosso fundador e orientador geral Azamôr Serrão.

Newton Boechat nasceu na cidade de Apiacá, no interior do Espírito Santo, a 25.07.1928. Alfabetizou-se em sua cidade, mas aos dez anos passou a estudar na cidade de Santo Antônio de Pádua, no Estado do Rio de Janeiro, onde concluiu o curso secundário. A essa altura também iniciava-se sua formação espírita, pois seu avô, Júlio Boechat, era médium de cura e dirigente de reuniões espíritas.

Aos 17 anos transferiu-se para Belo Horizonte, para estudos superiores das línguas neolatinas. Ao mesmo tempo permaneceu atuante no Movimento Espírita Mineiro, logo iniciando visitas constantes a Pedro Leopoldo, relacionando-se com Chico Xavier e o Dr. Rômulo Joviano. Nesta época, foi convidado pelo famoso médium mineiro a falar nas reuniões públicas do Centro Espírita Luiz Gonzaga, enquanto Chico psicografava. Newton revezava-se neste mister com Henrique Rodrigues, que veio se tornar um dos mais conceituados pesquisadores e conferencistas espíritas. Da mesma forma, quem poderia afiançar que o jovem Newton tornar-se-ia um dos mais brilhantes, inspirados e produtivos oradores. Só mesmo um médium seguro como César Burnier o faria, como o fez, prevendo a trajetória de Newton Boechat como excepcional tribuno até mesmo além das fronteiras nacionais.

Realizou cerca de 7 mil palestras em todo Brasil; na América do Sul fez conferências no Paraguai, Uruguai e Argentina. Também na Europa, na década de 70, falou em Portugal, Espanha, Itália e França.

Escreveu diversas obras, muitas das quais em parceria com o prezado amigo, Dr. Gilberto Perez Cardoso: "Ide e Pregai", "O Espinho de Insatisfação", "Do Átomo ao arcanjo" e "Na Madureza dos Tempos".

O Orientador Geral de nossa Casa, Azamôr Serrão, era admirador empolgado do verbo escorreito, da conceituação objetiva, imagens vivas e profundas, carregadas de intensa força magnética contidas nas palestras de Newton. Tanto que, a seu convite, foram inúmeras as palestras que deleitaram os frequentadores da rua Dezenove de Fevereiro e, por ocasião da inauguração de nossa sede própria, em 29 de agosto de 1973, foi ele o palestrante escolhido, proferindo o edificante tema: "Aspectos da Crucificação e Ressurreição de Jesus".(Ouça abaixo)

Para nós, Newton Boechat é e será sempre SAL DA TERRA!

(Arquivos gentilmente cedidos pelos amigos Jorge Damas Martins e Pedro Silveira Martins, autores da obra "Paulo e Herodes - A palavra vibrante de Newton Boechat")


Veja também:



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NORMANDA DE CARVALHO RIBEIRO

(21-03-1916 a 14-12-2003)

Rio de Janeiro, 01/05/1864 -Rio de Janeiro, 06/06/1934)

Normanda de Carvalho RibeiroNormanda de Carvalho Ribeiro nasceu em João Pessoa, Paraíba, no dia 21 de março de 1916, filha de Matheus Gomes Ribeiro e Maria Arminda de Carvalho Ribeiro. Teve mais 4 irmãos: João Américo, Evalda, Evandro e Maria Arminda. Perdeu a mãe aos 7 anos, logo após o nascimento da irmã Maria Arminda. Matheus Ribeiro era contador e funcionário público estadual. Foi Secretário de Fazenda do Governo João Pessoa.

Normanda herdou de seu pai a honestidade, a integridade moral e a coragem para lutar pelos seus direitos. Durante a revolução de 1930, foi uma das lideres na passeata dos estudantes. Apaixonada por aviões, quis ser aviadora, mas seu pai foi contra. Após a morte do pai, em 1942, fez o curso de pilotos no Aeroclube da Paraíba e se brevetou em 1943. Foi a primeira aviadora da Paraíba e sua intenção era ser útil ao Brasil. Fez curso de enfermagem na Cruz Vermelha Brasileira, em 1940. Era funcionária concursada da Delegacia Regional do Trabalho.

Veio para o Rio de Janeiro em 1944 e foi morar em Niterói. Conseguiu transferência para o Ministério do Trabalho, no Rio de Janeiro, onde se aposentou com Menção Honrosa.

Casou-se em 1946 com Nilo Antunes de Figueiredo Filho. Tiveram 2 filhos, Rubem e Nilo. Separou-se em 1949. No lar, foi uma heroína - com garra e determinação criou sozinha os 2 filhos pequenos. Em 1954, nas vésperas do Dias das Mães, perdeu o filho caçula, Nilo, vítima de atropelamento. Apesar da dor da perda de um filho, teve forças para seguir em frente, pois tinha outro para criar.

Teve sua primeira experiência mediúnica quando junto a uma tia e uma amiga sentou-se ao redor de uma mesa para fazer uma “brincadeira” com os Espíritos. Minutos após a invocação, uma entidade incorporou na amiga de sua tia, dizendo-se chamar Arariboia. Deu uma linda mensagem. Minutos depois uma outra entidade incorporou na Normanda. Chamava-se Catarina. Tinha sido escrava e apresentou-se como sua guia espiritual. Iniciou sua mensagem dizendo que elas procederam errado fazendo essa experiência, que era necessário um preparo do ambiente. Tempos depois, já frequentando a Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes, veio a saber, através do Irmão Azamor Serrão, que se tratava da Vovó Catarina, Espírito com o qual trabalhou muitos anos transmitindo milhares de conselhos psicofônicos.

Em 1974 seu filho Rubem foi fazer faculdade em Campos dos Goytacazes.

Estava agora sozinha. Na Casa de Recuperação encontrou o conforto espiritual que tanto precisava, pois tinha a oportunidade de ajudar os enfermos e os necessitados. Para preencher a solidão resolveu adotar uma menina, Edilene, embora seu filho viesse visitá-la com frequência. Seus últimos anos foram de provações. Começou perdendo a visão, gradualmente. Tentou uma cirurgia de catarata, sem sucesso. Fez também transplante de córnea, igualmente sem resultado, e acabou por perder definitivamente a visão do olho esquerdo. Uma isquemia cerebral lhe paralizou todo o lado esquerdo. Meses depois, recuperada, levou uma queda na rua e fraturou o fêmur. Pouco antes de falecer sofreu ainda uma queimadura séria no fogão. Apesar de tantas agruras, em momento algum afastou-se do trabalho mediúnico e da caridade cristã. Com o corpo cansado de tantas aventuras e tanto trabalho, faleceu às 5:30 da manhã de 14 de dezembro de 2002.

Normanda era Sal da Terra. Deixou o mundo mais insosso...

(Homenagem dos filhos Rubens e Edilene)

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PEDRO RICHARD

Pedro RichardPedro Richard deixou imortalizado uma frase que certamente deveria ser compreendida e posta em prática por todos: "A verdadeira caridade é aquela que não humilha, que é feita às escondidas, em peregrinação silenciosa e se possível à noite, indo em busca do necessitado no próprio reduto de seu sofrimento".

Quanta profundidade e beleza estão contidas nessas palavras! Pedro Richard trabalhou na Federação Espírita Brasileira durante 35 anos. Primeiro, como Tesoureiro. Depois, ele criou a Assistência aos Necessitados da FEB, da qual foi Diretor, até o final de sua vida. Para Manuel Quintão, que o tinha como mestre, Pedro Richard foi a coluna de luz da Assistência aos Necessitados da Federação Espírita Brasileira, departamento para o qual ele dedicou todo o seu amor e a sua abnegação.

Nascido em família humilde, na cidade de Macaé, aqui no nosso Estado, em 9 de setembro de 1853, e desencarnado no Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1918, Pedro Richard sequer chegou a completar o curso primário, mas na Federação Espírita Brasileira ele prescrevia remédios e, mais importante do que isso, aplicava o remédio que curava a alma: a exortação meiga, o conceito profundo e o verbo veemente.

No "Reformador", ele foi um "repositório de ensinamentos preciosos", conforme escreveu esse Órgão em novembro de 1918. Como Discípulo de Max (Bezerra de Menezes), prestou valiosos serviços na "Casa de Ismael", engrossando as fileiras dos doutrinadores, ao lado de Bezerra de Menezes, Antônio Luís Saião, Maia Lacerda e outros. Conforme escreveu Ramiro Gama, Pedro Richard herdou de Bezerra de Menezes o bom senso, a bondade sem reclamos, a humildade sem servilismos, a abnegação expontânea, a sinceridade e pureza nas atitudes, o clima espiritual da serenidade, o amor imenso, verdadeiro, elevado pela Mãe Maria Santíssima: "Sua prece era, por isso, quando dirigida à Virgem, feita na linguagem do sentimento, na fala da alma, na música do pranto. E produzia milagres".

Em vida, Pedro Richard organizou o livro "Grupos Espíritas - Sua Organização e Fins, de Acordo com a Orientação Seguida pela Assistência aos Necessitados, da Federação Espírita Brasileira", publicado pela FEB em 1933. Já desencarnado, em 16 de janeiro de 1922 apareceram os seus primeiros "ditados" (como eram chamados na época), publicados no Reformador. Entre julho e setembro de 1951, enviou 22 mensagens, psicografadas por Armando Gonçalves, e que foram publicadas no livro "Noite Escura", prefaciado por Deolindo Amorim.

Pelo exemplo de humildade e por toda a vida que dedicou em benefício dos mais necessitados, Pedro Richard é o SAL DA TERRA.

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PIETRO UBALDI

Pietro UbaldiÀs oito horas e trinta minutos da noite de 18 de agosto de 1886, nasceu Pietro Ubaldi, em Foligno, pequena cidade italiana, perto de Assis; na Úmbria. Foi nessa região, impregnada de espiritualidade de S. Francisco, que ele teve o seu primeiro contato com este mundo, mundo que sempre lhe pareceu muito estranho pelo jogo desesperado de egoísmos que percebeu, ainda jovem, ser apenas o fruto da ignorância geral das leis que regem a vida. Essas leis, Ubaldi procurou estudá-las nos livros. Logo descobriu, no entanto, quão pouco eles forneciam da substância que, em vão, procurava. A escola secundária e a escola superior (Ubaldi formou-se em Direito, pela Universidade de Roma) não lhe trouxeram o auxílio desejado para a sua sede angustiada de conhecimento.

Começou, então, um período de intenso sofrimento, que foi o seu contato com a vida de todos os dias, com os homens de toda parte, o que constituiu grande preparação para o seu espírito. Havia herdado de seu pai uma grande fortuna, que não quis considerar como sua, por não ter sido produto do seu esforço pessoal, e a ela renunciou. Foi trabalhando modestamente, como professor de inglês, num colégio estadual em Módica, nos confins da Sicília, após ser aprovado em concurso público, que Ubaldi encontrou solução para o seu sustento mais conforme com os ditames de sua consciência.

Em 1931, aos quarenta e cinco anos, inicia seu gigantesco trabalho. Sua inspiração atinge alturas jamais sonhadas, dando explicação genérica, sintética e profundíssima de toda a fenomenologia universal, analisando, ao mesmo tempo, a sua própria evolução e a de toda a humanidade, através de 24 obras escritas. A princípio seus livros se espalham bem pela Itália e por outros países (inclusive o Brasil) mas, pouco a pouco, a guerra por um lado, e por outro a mentalidade europeia, com a sua conhecida tendência à cristalização (saturada de culturas seculares), não se mostra ser o terreno apropriado para esta novíssima semente, a frutificar no espírito humano através dos tempos.

Assim, em 1951, Pietro Ubaldi, Apóstolo do Cristo, fez a sua primeira viagem ao Brasil, convidado a proferir uma série de conferências por todo o país. Finalmente, em dezembro de 1952, instala-se definitivamente em terras brasileiras, vindo a escolher o seu domicílio em S. Vicente, "célula máter" do Brasil, no Estado de São Paulo.

Ali desencarnou aos 30 minutos de 29 de fevereiro de 1972, depois de concluir o seu último livro: "Cristo". [...]

Ubaldi considera que o Brasil é realmente o país mais propício ao grande movimento de transformação da Terra, rumo à nova civilização do 3º milênio. [...] Analisada sua Obra, pode-se constatar a magnitude e o interesse palpitante que ela encerra para a Humanidade de nossos dias.

Por sua vida, por seus exemplos, e pela maravilhosa Obra que nos deixou de legado, eis aí um verdadeiro "Sal da Terra", do mais apurado sabor.

(Resumo biográfico fornecido pelo Instituto Pietro Ubaldi)

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RAJAH NAJHAN

Paisagem de Bihar, ÍndiaNasceu na cidade de Bihar, no leste da Índia, casta dos vaixiás, em 5 de fevereiro de 1890.

Mudou-se, no início do século XX, para Manchester, na Inglaterra. Lá iniciou os seus estudos, graduando-se m Medicina na Universidade de Oxford. Tendo atuado durante a guerra como médico do Exército Real, chegou ao cargo de Major.

Retornou à Índia em 1948 para trabalhar junto das autoridades locais no combate da peste bubônica e outras epidemias, que faziam grande número de vítimas, principalmente nas aldeias pobres e sem higiene no conturbado país.

Rajha Najhan retornou à Pátria Espiritual em 19 de agosto de 1964 e hoje é um dos mentores de nossa Casa, merecendo também, de nossa gratidão pelo bem que nos traz, o título de "Sal da Terra".

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RENATO GALDÊNCIO RAMOS

Foto do Edifício-Sede da CRBBM(30.08.1910 a 08.04.1999)

Retornou à pátria espiritual o nosso querido "irmão Renato" que, durante várias décadas, militou entre nós como fiel servidor desta Casa de Bezerra de Menezes.

Natural desta cidade, nascido no tradicional bairro da Tijuca, teve um princípio de vida difícil, criado por mãe viúva, costureira. O menino Renato completava o orçamento familiar trabalhando como baleiro, na porta do educandário em que estudava. Após completar o curso ginasial, o jovem Renato empregou-se no comércio, até surgir a possibilidade de ingressar no Loyd Brasileiro, onde adquiriu experiência no comércio internacional, permitindo-lhe o arrojo de investir suas economias na importação e exportação de minérios. Fundando a empresa R.G.Ramos, alcançou grande sucesso comercial.

A esta altura, sua companheira, Celina Cecca, acometida de terrível doença na coluna e cansada das investidas nos consultórios médicos, iniciou a busca de alívio através de atendimento mediúnico. Após passagem por algumas casas (espíritas e meio espíritas) foi-lhes indicado o atendimento de Bezerra de Menezes pela mediunidade de Azamôr Serrão, na recémfundada Casa de Recuperação ainda em sua sede provisória, à rua Dezenove de Fevereiro no. 19, pois corria o ano de 1963.

A gratidão de Renato e Celina pela cura obtida externou-se pelo fiel engajamento à nossa Casa, colaborando nas atividades de atendimento fraterno e na dedicação ao estudo e vivência dos preceitos espíritas. Celina, como médium eficiente e firme. Renato, operando em quase todos os setores, era o que se pode chamar de "pau para toda obra", mas durante várias décadas assumiu a portaria com inigualável dedicação, revelando extremo prazer em recepcionar os que freqüentavam nossas reuniões, e grande carinho e paciência com os que aqui chegavam perturbados e aflitos. Apesar do status na vida material de bem sucedido empresário, assumia com extrema naturalidade a função de servo humilde nesta seara, ao ponto de exigir dos seus dirigentes que nunca revelassem publicamente o fato de ser o principal responsável pela aquisição de nossa sede própria. Vontade que foi respeitada enquanto encarnado.

Fidelidade, humildade, paciência e constância, foram os atributos doados pelo nosso irmão Renato nos quase trinta anos de sua participação no Conselho Administrativo, portanto o consideramos SAL DA TERRA!

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DR. ROBERTO SILVEIRA

Dr. Roberto SilveiraPartiu para a pátria espiritual Dr. Roberto Silveira, um valoroso discípulo de Bezerra de Menezes, justo no dia da Pátria - em 07 de setembro de 2019. Amigo de nossa Causa e nossa Casa, foi grande trabalhador do Grupo Espírita Regeneração – Casa dos Benefícios, fundada por nosso patrono quando ainda encarnado, a 18 de fevereiro de 1891.

Roberto Silveira nasceu na cidade de Presidente Bernardes – SP, a 16 de março de 1929. Ainda muito criança veio para o Rio de Janeiro em virtude da revolução constitucionalista de 1932, quando o seu pai, Dr. Jorge Silveira, pernambucano e único médico daquela cidade, foi alertado pelo padre local a se afastar das turbulências políticas partindo com a família: a mãe, Odília de Mattos Silveira e uma irmã um ano mais nova. Mais tarde a família cresce com mais dois irmãos.

No Rio de Janeiro estudou medicina na Universidade Federal Fluminense, escolhendo a especialidade de citopatologia. Trabalhou no antigo IAPTEC, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas; no antigo INSS; na Fundação Bela Lopes de Oliveira, onde estabeleceu seu Laboratório Citopatologista Roberto Silveira; e como diretor durante muitos anos do Hospital Geral de Bonsucesso. Casou-se em 1958 com Sara Maria de Carvalho Silveira, com que teve três filhos, Regina, Roberto e Rachel.

Nos anos 70, em virtude de doença sem diagnóstico preciso de sua esposa, encontrou no Espiritismo, através da mediunidade, informações precisas quanto à natureza do seu mal, bem como a sua cura. Nasceu assim seu interesse em pesquisar os fenômenos e a filosofia espírita, vindo a encontrar, nesse período, a antiga colega de trabalho do IAPETC, Dra. Leda Pereira Rocha, na época presidente do Regeneração. Começou então a frequentar aquela casa espírita, participando das reuniões públicas e ingressando paulatinamente nas atividades doutrinárias, vindo a fazer parte de seu Conselho Diretor e atuando como seu diretor em diversos mandatos. Nesta mesma década iniciou, concomitantemente às suas leituras espíritas, seus estudos na área de Psiquiatria, formando-se em mais uma especialidade cursada na Casa de Saúde Dr. Eiras, no ano de 1978.

Dr. Roberto Silveira e Chico XavierA partir daí passou a atuar no Grupo Espírita Regeneração como médico psiquiatra, atendendo, orientando, e medicando centenas de pessoas, gratuitamente, e sempre com o apoio daquilo que, costumava dizer, ser fundamental para o processo de cura: a consulta, o passe, a frequência do paciente nas reuniões públicas e as indicações de seus nomes nas reuniões de desobsessão. Foram mais de 40 anos de trabalho como psiquiatra no Grupo Regeneração. Publicou os livros: Agenda de um psiquiatra Espírita; Aqui e Acolá - a psiquiatria nos dois planos da vida; A Psiquiatria Iluminada; A Evolução de Adão – da Gênesis a Psiquiatria, (em parceria com Jorge Damas Martins);A minha rosa amarela; Ensaios de Evangelismo; As cinco vidas de Aurora; Minhas Memórias e Reflexões; Drogas e suas consequências (autores diversos); Um psiquiatra entre dois mundos; Ele está bem obrigado e O ‘Meu’ consultório Espírita - as Orientações de Chico Xavier.

Atuou também como palestrante em muitas instituições espíritas e afins, sempre divulgando a medicina alternativa em base evangélica. Durante muitos anos manteve, aos domingos, o programa na rádio Rio de Janeiro: Agenda de um Psiquiatra Espírita. Seu trabalho como psiquiatra e espírita no Regeneração foi orientado espiritualmente por Dr. Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Dr. Alcides de Castro e J. Maia, através de mensagens recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier, quando participava das caravanas do Regeneração a Uberaba – MG, que periodicamente ocorriam por convite do Chico a Leda Rocha, sua grande amiga. Essas mensagens encontramos no seu último livro - "O "Meu" Consultório Psiquiátrico – As orientações de Chico Xavier", Ed. Lachâtre.

Nos últimos anos de sua existência física, de 2016 a 2019, foi morar em Nogueira, distrito de Petrópolis – RJ, com seu o filho, e também seu médico, Roberto Silveira Filho. Lá, no pouco tempo que ficou, também atuou voluntariamente como médico psiquiatra.

Ao nosso prezado amigo, a homenagem de seus admiradores: Roberto Silveira é também ... SAL DA TERRA

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VERA LÚCIA SARTORI

Vera Lúcia SartoriNasceu no Rio de Janeiro em 27 de abril de 1957 e desencarnou em maio de 1963, na mesma cidade. Exemplo vivo de amor, permaneceu pouco tempo entre nós, mas a sua passagem é lembrada por quantos a conheceram e testemunharam sua vida de sofrimento, como modelo de fé que jamais deve faltar aos que são experimentados pela dor.

Consolando os aflitos, despertando os mais jovens à prática da caridade, sua missão é conduzir a juventude aos braços de Jesus. As sete virtudes à luz da verdade que define como amor - caridade - humildade - simplicidade - verdade - trabalho e - perdão, demonstram a elevação do seu ideal.

Adorava o Irmão Azamor. Com sérios problemas cardíacos, narrava a Irmã Armanda, ela se fingia em crise só para que os pais a trouxessem à nossa CASA e assim podia ficar no colo do Irmão Azamor. Logo após o seu desencarne já estava presente na CASA, percebida pela segura vidência do Irmão Azamor, distribuindo flores espirituais para todos os presentes. É a mentora da Mocidade Espírita da nossa CASA.

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YVONE DO AMARAL PEREIRA

Retrato de D.Yvone do Amaral Pereira, uma das maiores médiuns da história do BrasilJamais nos cansaremos de recomendar e insistir para que se conheça a obra de D. Yvone Pereira. Ela é o nosso Chico Xavier de saias! Seus volumes estão igualmente impregnados de sua espiritualidade, de sua dignidade, do amor e do espírito de sacrifício com que escreveu cada página, ao longo de uma biografia digna de todo o nosso apreço e admiração!

Transcrevemos, abaixo, uma pequena biografia sua, de autoria da confreira Maria Helena Marcon, publicada no site Mundo Espírita, em dezembro de 2013, por entender que nossa irmã foi muito feliz no resumo que fez da trajetória de Yvone, grande exemplo de mediunidade cristã-espírita e inspiradora figura humanitária:

Nascida a 24 de dezembro de 1900, ela viveu oitenta e três anos, desde cedo dedicando-se a bem do próximo. Seu pai costumava levar para casa pessoas necessitadas e a menina Yvonne conviveu com mendigos, que comiam na mesma mesa e dormiam sob o mesmo teto que ela.

Toda sua vida foi de renúncias e dedicação aos sofredores. Desde os cinco anos de idade, passou a ter percepções mediúnicas. Via os Espíritos com tal nitidez que, por vezes, confundia a si mesma e aos seus familiares.

As lembranças de vida anterior não contribuíram menos para lhe causar tormentos pois, à tarde, ao ser banhada, ela exigia o vestido bonito e reclamava pela carruagem que a deveria levar a passeio.

No relacionamento com seu pai, mais de uma vez, em sendo chamada a atenção, olhava-o e dizia que ele não era seu pai, apontando para o nada, afirmando que aquele que era o seu pai. Referia-se ao Espírito Charles, que via com constância, e que lhe fora companheiro de muitas jornadas e pai amoroso.

Sentia, ademais, imensas saudades de Charles, a quem desejava abraçar, sofrendo por sua ausência física.

Aos vinte e nove dias de nascida, teve um colapso letárgico e tudo foi disposto para seu enterro. Sua mãe insistia que ela não estava morta e, preparando-se as pessoas para levar o pequeno caixão à sepultura, se recolheu ao quarto, orou à Maria, mãe de Jesus, pedindo que ela permitisse que algo ocorresse, a fim de que sua pequena não fosse sepultada. E prometeu dar-lhe o nome de Maria.

O pai, contudo, tinha sua própria vontade e a registrou com o nome de Yvonne – Yvonne do Amaral Pereira. No entanto, a própria Yvonne confidenciou a amigos que, na Espiritualidade, os Espíritos a chamavam por Maria, respeitando assim, a vontade e a promessa de uma mãe aflita.

Yvonne era uma mulher corajosa. A pedido da Federação Espírita Brasileira – FEB escreveu, em 1982, sua própria biografia, detalhando suas lutas, seus percalços, que foi publicada na Revista Reformador, da FEB.

Não temeu informar que ela própria era a personagem de muitas das histórias e romances escritos mediunicamente, por seu intermédio, descrevendo sua trajetória de acertos e desajustes, desde o ano 40 da Era cristã à atualidade, conforme os registros em Sublimação (Lygia/ Nina/ Leila); Nas voragens do pecado (Ruth–Carolina); O cavaleiro de Numiers (Berthe de Soumerville); O drama da Bretanha (Andrea de Guzmann).

O casamento não fez parte de sua vida, embora ela tenha insistido com alguns namoros que, conforme confessou, somente dissabores lhes trouxeram à alma.

Médium psicógrafa, receitista, de desdobramento, psicofonia, vidência, de efeitos físicos (materializações), era amiga dos suicidas. Lia os jornais e anotava em caderno especial o nome dos que descobria terem tirado a própria vida, orando por eles, diariamente, sabedora das dores que os alcançavam.

Isso lhe granjeou muitas amizades espirituais. Trabalhou sempre, mesmo quando as condições lhe eram mais adversas. Quando, no Rio de Janeiro, não foi aceita em vários centros espíritas, trabalhou sozinha, fornecendo receituário mediúnico e os medicamentos, realizando aulas de evangelização a crianças, psicografando.

Aplicava injeções em doentes pobres. Costurava para eles. Estabeleceu aulas de costura e bordados a moças e meninas de favela próxima de onde residia.

Manteve-se fiel à FEB, mesmo após ter tido suas duas primeiras produções mediúnicas rejeitadas (Memórias de um suicida e Amor e Ódio). Reconheceu que fora o Alto que tornara seu instrumento Manuel Quintão, pois faltava conteúdo doutrinário ao Memórias. Léon Denis, o Apóstolo do Espiritismo, seria quem lhe daria a feição doutrinária necessária.

Yvonne teve oportunidade de saber da reencarnação de seu grande amor, um amor de várias reencarnações, chegando a se corresponder com ele, em Esperanto e orientá-lo, após a morte física. Ele nascera na Polônia.

A descrição dos encontros espirituais desses dois Espíritos é sublime. Possivelmente, para o coração de Yvonne, os poucos momentos de felicidade de que podia fruir, além das horas de trabalho psicográfico de literatura, que, confessava, eram de intensa felicidade, as únicas horas felizes que conheceu em sua vida. Eram oportunidades de convívio com os Espíritos.

Dedicou cinquenta e quatro anos e meio às curas através do receituário homeopático, passes e preces. Curou obsessões, sempre assistida por Espíritos de alta envergadura como Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Charles, Roberto de Canallejas.

Foi oradora espírita durante quarenta e quatro anos. Disciplinada, diariamente, matinha um trabalho de irradiações, que realizava a sós, com seus guias. Nessas verdadeiras sessões, ela lia trechos da Doutrina Espírita, oferecendo-os aos desencarnados, desejando que pudessem se esclarecer e se ilustrar com as leituras.

Atuou orientando médiuns e Centros Espíritas, reconciliando cônjuges, reequilibrando lares desarmonizados, consolando corações, evitando suicídios e esclarecendo Espíritos sofredores.

Estudiosa da Doutrina Espírita, na Codificação alicerçava todo seu trabalho, seguindo fielmente as prescrições de O livro dos médiuns, no exercício da própria faculdade.Deixou um legado de extraordinárias obras:

  • Memórias de um suicida (1954)
  • Nas telas do infinito (1955)
  • Amor e ódio (1956)
  • A tragédia de Santa Maria (1957)
  • Nas voragens do pecado (1960)
  • Ressurreição e vida (1963)
  • Devassando o invisível (1964)
  • Dramas da obsessão (1964)
  • Recordações da mediunidade (1966)
  • O drama da Bretanha (1973)
  • Sublimação (1973)
  • O cavaleiro de Numiers (1975)
  • Cânticos do coração – v. I e II (1994)
  • À luz do Consolador (1997)
  • Um caso de reencarnação (2000).

Yvonne retornou ao Mundo Espiritual no dia 9 de março de 1984, tendo desencarnado no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro.Foi, por tudo e com toda certeza, valoroso e saboroso... SAL DA TERRA!

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