Retrato de Bezerra de Menezes

Casa de Recuperação
e Benefícios
Bezerra de Menezes

Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade. - Allan Kardec

Estude o Esperanto,
o idioma universal da Paz!

Logo do Youtube

AVISO

Símbolo de avisoA partir de 04 DE ABRIL a CASA passará a ter passes presenciais nas Reuniões de Terças-feiras à tarde e de Sextas-feiras à noite.

Não teremos mais o passe coletivo nestes dias e encerraremos a transmissão dos trabalhos após a fluidificação das águas.

Os irmãos que participam via Internet serão envolvidos na prece de abertura e receberão a fluidificação das águas.

As Reuniões de Segundas-feiras à noite e Quintas-feiras à tarde continuarão sendo transmitidas via YouTube. Os horários de abertura dos portões e das Reuniões continuam os mesmos.


ANTOLOGIA UBALDIANA

MENSAGEM DO PERDÃO

(Pietro Ubaldi, 2 de agosto de 1932, dia do “Perdão da Porciúncula” de São Francisco)

Cristo Cósmico Filho meu, minha voz não despreza tuas pequeninas coisas de cada dia, mas delas se eleva para as grandes coisas de todos os tempos.

Ama o trabalho, inclusive o trabalho material. Coisa elevada e santa, o trabalho, presentemente, foi transformado em febre. De que não se tem abusado entre vós? Que coisa ainda não foi desvirtuada pelo homem? Em tudo vos excedeis e, por isso, ignorais o labor equilibrado, que tão elevado conteúdo moral encerra: se busca o necessário ao corpo, ao mesmo tempo contenta o espírito. E, no entanto, transformastes esse dom divino, com o qual poderíeis plasmar o mundo à vossa imagem, em tormento insaciável de posse. Substituístes a beleza do ato criador, completo em si mesmo, pela cobiça que nunca descansa. Quantos esforços empregados para envenenar-vos a vida!

Ama o trabalho, mas com espírito novo; ama-o, não pelo que ele é propriamente, porém, como um ato de adoração a Deus, como manifestação de tua alma, nunca como febre de riqueza ou domínio. Não prendas tua alma aos seus resultados, que pertencem à matéria e, portanto, sujeitos à caducidade; ama, porém, o ato, somente o ato de trabalhar. Não seja a posse, o triunfo, a tua recompensa, mas sim, a satisfação íntima de haveres cumprido, cada dia, o teu dever, colaborando assim no funcionamento do grande organismo coletivo.

Esta é a única recompensa verdadeira, indestrutível, solidamente tua; as demais depressa se dissipam e se perdem. Ainda que nenhum resultado positivo obtivesses, uma recompensa ficaria contigo para sempre: a paz do coração, paz que o mundo perdeu por prender-se às coisas concretas, julgando-as seguras.

Desapega-te de tudo, inclusive do fruto de teu trabalho, se queres entrar na posse da paz. Ocupa-te das coisas da Terra, mas apenas o suficiente para aprenderes a desapegar-te delas.

Toda construção deve localizar-se no teu espírito, deve ser construção de qualidades e disposições da personalidade, e não edificação na matéria, que é um remoinho de areia que nenhum sinal pode conservar.

Tudo o que quiserdes vos seja unido eternamente deve ser unido por qualidades e merecimento, deve ser enlaçado pela força sutil da Lei, por vós movimentada, nunca por vossa força exterior, ou por vínculos das convenções sociais ou ainda por liames da matéria. Só nesse sentido se pode realmente possuir: de outro modo, não obtereis senão a tristeza depois da ilusão e a consciência posterior da inutilidade de vossos esforços.

Outro grande problema, que voz diz respeito, é o amor. Elevai-vos em amor, como deveis elevar-vos em todas as coisas, se quereis encontrar profundas alegrias. Martelai vossa alma, num íntimo trabalho de cada dia, que vos leva à conquista de amores sempre mais extensos, únicos que têm a resistência das coisas terrenas.

Cristo CósmicoSabes que o amor se eleva do humano ao divino e que nessa ascensão ele não se destrói, mas se fortalece, aperfeiçoando e multiplicando-se. Segue-me e, então, poderás entoar o cântico do amor:

“Meu corpo tem fome e eu canto; meu corpo sofre e eu canto; minha vida é deserta e eu canto; não há carícias para mim, porém todas as criaturas vêm à mim. Meu irmão de mim se aproxima como inimigo, para prejudicar-me, e eu lhe abro os braços em sinal de amor. Eu vos bendigo a todos vós que me trazei dor, porque com ela me trazeis a purificação, que me abre as portas do Céu. Minha dor é um cântico que me faz subir. louvado sejas, ó Senhor, pelo que é a maior maravilha da vida; que as pobres intenções malignas de meu próximo sejam para mim a Tua Bênção”.

Estes meus ensinamentos são dirigidos mais à vossa intuição que ao vosso intelecto. Tem um sentido mais amplo o que vos tenho dito: a felicidade dos outros é vossa única felicidade, verdadeira e firme. Significa extinção dos egoísmos num amplexo universal de altruísmo. Tudo isso pode ser de fácil compreensão, mas é difícil senti-lo. Não procuro vossa razão que discute, antes busco essa visão interior que em vós opera, que sente por imediata concepção, que enxerga com absoluta clareza e lealmente se entrega à ação.

Peço-vos o ímpeto que somente nasce do calor da fé e que nunca vem pelos tortuosos caminhos do raciocínio. Não desejo erudição, pesquisas e vitórias do intelecto; quero, antes, que vejais, num ato sintético de fé e que imediatamente vivais vossa visão, e personifiqueis a idéia avistada, e resplendais vós mesmos, em seu esplendor. Somente então a idéia viverá na Terra e personificado em vós existirá um momento da concepção divina.

Não estou apelando para vossos conhecimentos nem para vosso intelecto, que não são patrimônios de todos, mas venho até junto de vós por caminhos inabituais e em vós penetro como um raio que desce às profundezas e dissipa as trevas, que cintila e vos arrasta através de novas vias, com forças novas, que levantarão o mundo como num turbilhão.

Também falarei, para ser entendido, a linguagem fria e cortante da razão e da ciência, porém usarei, acima de tudo, da linguagem ardente e direta da fé. Minha palavra será ora o brado de comando, ora a ternura de um beijo de mãe.

Para ser por todos compreendida, minha palavra percorrerá os extremos de sabedoria e de singeleza, de força e de bondade. Será pranto de amargura e remoinho de paixão; será nostálgico lamento, suspirando por uma grande pátria distante, como será também ímpeto de ação para até ela conduzir-vos. Minha palavra rolará, por vezes, como regato susurrante em verde campina, a trazer-vos o frescor das coisas puras; outras vezes trovejará com os elementos enfurecidos na fúria da tempestade.

Ao seio de cada alma quero descer e adaptar-me a fim de ser compreendido; para cada uma devo encontrar uma palavra que a penetre no mais íntimo, que a abale, que a inflame e a arroje para o alto, onde eu estou, que até junto de mim a conduza, onde eu a espero.

Rosas vermelhasAlmas, almas eu peço. para conquistá-las vim das profundezas do infinito, onde não existe espaço nem tempo, vim oferecer-vos meu abraço, vim de novo dizer-vos a palavra da ressurreição, para elevar-vos até mim, para indicar-vos um caminho mais elevado onde encontrareis as alegrias puras.

Vós vos identificastes de tal modo com a vida física que já não podeis sentir senão uma vida limitada como a do vosso corpo. Pobre vida, rápida e cheia de incertezas, enclausurada nas limitações de vossos pobres sentidos. Pobre vida, encerrada num ataúde, na sepultura que é o corpo a que tanto vos agarrais. Minha voz encerrará todos os extremos de vossas diferentes psicologias. Escutai-me!

Não vos ensino a gozar das coisas terrenas, porque são ilusórias; indico-vos as alegrias do céu, porque somente estas são verdadeiras. Minha verdade não é a fácil verdade do mundo; não vos prometo alegrias sem esforços, mas minha promessa não vos ilude. Meu caminho é caminho de dor, porém, eu vos digo que somente ele vos conduzirá à liberação e à redenção. Minha estrada é de luta e de espinhos, mas vos fará ressurgir em mim, que vos saciarei para sempre. Não vos digo: “Gozai , gozai”, como o mundo vos fala. O mundo, porém, vos engana, eu não vos enganaria nunca.

Minha verdade é áspera e nua, contudo é a verdade. Peço o vosso esforço, mas dou a felicidade. Digo-vos: “Sofrei”, mas junto de vós estarei no momento da dor; com piedade maternal, velarei por vós; medindo todo o vosso esforço, proporcionarei as provas segundo vossa capacidade; finalmente, farei o que o mundo não faz: enxugarei vossas lágrimas.

O mundo parece espargir rosas, mas na verdade distribui espinhos; eu vos ofereço espinhos, porém vos ajudarei a colher rosas.

Segui-me, que o exemplo já vos dei. Levantai-vos, ó homens: é chegado o momento. Não venho para trazer guerra, mas, sim, paz. Não venho trazer dissensão às vossas idéias nem às vossas crenças: venho fecundá-las com meu espírito, unificá-las na minha luz.

Não venho para destruir e sim para edificar. O que é inútil morrerá por si mesmo, sem que eu vos dê exemplo de agressividade.

Desejaríeis sempre agredir, até mesmo em nome de Deus. Com que grande avidez ansiais por discussões e lutas contra vossos próprios irmãos, prontos a profanar, assim, minha pura palavra de bondade. Repito-vos: “Amai-vos uns aos outros”. Não discutais, mas dai o exemplo de virtude na dor, amai vosso próximo; aprendei a estar sempre prontos para prestar um auxílio, em qualquer parte onde haja um padecimento a aliviar, uma carícia a oferecer. Vossas eruditas investigações tornaram tão ásperas vossas almas que não vos permitiram avançar um só passo para o Céu.

Não venho para agredir, mas para ajudar; não para dividir, mas unir; não demolir, mas edificar. Minha palavra busca a bondade, antes que a sabedoria. Minha voz a todos se dirige. Ela é ampla como o universo, solene como o infinito. Descerá aos vossos corações, às vezes com a doçura de um carinho, outras vezes arrastadora como o tufão.

***

Cristo CósmicoDo alto e de muito longe venho até vós. Não podeis perceber quão longo é o caminho que nós, puro pensamento, devemos percorrer a fim de superar a imensa distância espiritual que nos separa de vós, imersos na terra lodosa. Vossas distâncias psicológicas são maiores e mais difíceis de serem vencidas que as distâncias de espaço e tempo. Por isso, às vezes, chego fatigado. Minha fadiga, porém, não é cansaço físico: provém apenas do desalento que me nasce de vossa incompreensão. E, no entanto, minha palavra tem a doçura da eternidade e do infinito. Tem a tonalidade tão ampla como jamais possuiu a voz humana: deveríeis, por isso, reconhecer-me.

Venho a vós cheio de amor e de bondade, e me repelis. Eu, que vejo os limites da história de vosso planeta; eu, que num rápido olhar, vejo sem esforço toda a laboriosa ascensão desta humanidade cujo pai sou; eu me faço pequenino hoje, limito-me e me encerro num átimo de vosso momento histórico para que possais compreender-me.

Se vos falasse com minha voz potente, não me entenderíeis. Meu olhar contempla a Terra, quando o homem ainda não a habitava e também a vê no futuro distante, morta, a navegar no espaço como um ataúde de todas as vossas grandezas. Vejo vosso sol moribundo, depois morto e em seguida chamado a uma nova vida. Vejo, além desse átomo que é o vosso planeta, uma poeira de astros a revolutearem sem cessar pelos espaços infinitos, e todos eles transportando consigo humanidades que lutam, sofrem, vencem e se elevam. tudo vejo, tudo leio nos vossos corações como nos corações de todos os seres.

Além do vosso universo físico, vejo um maior universo moral, onde as almas, na sua laboriosa ascensão, cumprindo seu diuturno esforço de purificação para o Alto, cantam o mais glorioso hino à Divindade. Esplendorosa luz existe no centro moral do universo, luz que atrai todos os seres por uma força de gravitação moral mais poderosa do que aquela que mantém associadas no espaço as grandes massas planetárias e estelares. tudo vejo, mas nada falo para não vos perturbar. tudo vejo e minha mão possante firma o destino dos mundos. Poderia mudar o curso dos astros, mas nós somos lei, ordem e equilíbrio e não aprovamos violações. Empunho o destino dos povos e, no entanto, venho humildemente até vós, para entre vós colher o perfume que se desprenda de uma alma simples. Esse é meu único conforto, quando desço ao vosso mundo, às camadas profundas e obscuras de matéria densa, formadas de coisas baixas e repugnantes. Aquele perfume parece perder-se na vossa atmosfera carregada de emanações perniciosas, como que vencido pelas forças envolventes do mal. Eu o percebo, no entanto, elegendo-o, e recolho como se guarda uma jóia humilde e gentil, desabrochada na lama, e a guardo em meu coração, onde ela repousará. É o único carinho que encontro em vosso mundo, o único hino, puro e singelo, que me faz descansar. Como a criancinha repousa aos cânticos de sua mãe, que lhe parecem os mais belos, assim me acalento, invadido por infinita doçura, no seio dessas vozes humildes dispersas em vosso mundo.

Cristo CósmicoEssa é a única trégua em meio ao trabalho de iluminar e guiar-vos, ó homens rebeldes, que acreditais dominar e sois dominados, que pensais subir, mas, na verdade, desceis. Eu poderia, contudo, atemorizar-vos por de prodígios, aterrorizar-vos com cataclismos. Convencer-vos-ia, no entanto? Minha mão se levanta sobre vós, que sois maus, como uma bênção, nunca para vinganças.

Escutai com atenção esta grande palavra: desejo que o equilíbrio, violado pela vossa maldade, se restabeleça pelos caminhos do amor e não pelo castigo. Compreendeis a grande diferença?

Eis as razões da minha intervenção, da minha presença entre vós.

A Lei quer o equilíbrio. É a Lei. Vós a desrespeitastes com vossas culpas, ultrajando assim a Divindade. O equilíbrio "deve" restabelecer-se, a reação "deve" verificar-se, o efeito "deve" acompanhar a causa, por vós livremente buscada.

Deus vos quer livres, já o sabeis. Pois bem, eu venho para que o equilíbrio se restabeleça pelos caminhos do amor e da compreensão; venho para incitar-vos, com palavras de fogo, ao entendimento, estimular-vos a retomar livremente a via da redenção; finalmente, venho ensinar-vos a fazer de vossa liberdade um uso que vos eleve e salve, e não que vos rebaixe e condene. Venho tornar-vos conscientes dessa Lei que vos guia e da maneira de restaurardes a ordem violada, a fim de que essa violação não venha a recair sobre vós, como tremendo choque de retorno que destruirá vossa civilização.

Venho para salvar-vos, para salvar o que de melhor possuís, o que fatigosamente os séculos têm acumulado, ao preço de muitas dores e de muito sangue.

Entre a necessidade férrea da Lei que, inexoravelmente, volve ao equilíbrio, interponho hoje o meu amor e a minha luz, como já interpus a minha dor e o meu martírio!

Planeta TerraHomens, tremei! É supremo o momento. É por motivos supremos que do Alto desço até vós. Escutai-me: o mundo será dividido entre aqueles que me compreendem e me seguem e aqueles que não me compreendem e não me seguem. Ai destes últimos! Os primeiros encontrarão asilo seguro em meu coração e serão salvos; sobre os outros a Lei, não mais compensada pelo meu amor, descerá inelutavelmente e eles serão arrastados por um vendaval sem nome para trevas indescritíveis.

Não vos iludais: reconhecei a minha voz. Reconhecei-a pela sua imensa tonalidade, pela sua bondade sem fronteiras. Algum homem, porventura, já falou assim? falo-vos de coisas singelas e elevadas, de coisas boas e terríveis. Sou a síntese de todas as Verdades.

Não me oponhais barreiras de vossas almas, mas escutai, ponderai, deixai que este raio de luz que vem de Deus desça à vossa consciência e a ilumine. Eu vô-lo rogo, humilhando-me em vossa presença; humildemente, para vossa salvação, eu vos suplico: escutai a minha voz!

Que sobre vós desça a paz. A paz! A paz que não mais conheceis venha sobre vossas almas! Entre vós e a divina justiça está minha oração: “Deus, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

Pobres seres perdidos na escuridão das paixões; pobres seres que tomais por luz verdadeira o ouropel fascinador das coisas falsas da Terra! Pobres seres, maus e perversos! E, no entanto, sois meus filhos e por amor de vós de novo subiria à cruz para vos salvar. Pobres seres que, numa vitória efêmera de matéria, que chamais civilização, haveis perdido completamente o único repouso do coração – a minha paz.

Escutai-me. Falo-vos com amor, imenso amor. Fui por vós insultado e crucificado, e vos perdoei; perdôo-vos ainda e ainda vos amo. Trago-vos a paz. Até junto de vós retorno para falar-vos de uma ciência que a vossa não conhece, para pronunciar-vos a palavra que nenhum homem sabe falar, palavra que vos saciará para sempre. Escutai-me.

Minha voz conduzirá vosso coração a um êxtase que nenhuma vitória material, que nenhuma grandeza do mundo jamais vos poderá dar.

Como um clarão intuitivo, minha luz espargirá sobre vós uma compreensão a que os laboriosos processos de vossa razão não chegarão jamais. A razão, filha do raciocínio, discute e calcula, mas eu sou o clarão que em vós se acende e pode, num átimo, transformar-vos em heróis. Aceitai, suplico-vos, este supremo dom que vos ofereço e pelo qual vim de tão longe até junto de vós: aceitai esta dádiva esplêndida, que é a minha paz. É a bem-aventurança do céu, que vos trago de mãos cheias; é a felicidade que coisa alguma terrena jamais vos poderá dar. Reconhecei a minha paz! Para recebê-la, abri todas as portas de vossa alma! Dela saciai-vos, com ela inebriai-vos! É um dom imenso que vos trago do seio de Deus, é uma graça com que o meu imenso Amor recompensa a vossa ingratidão.

Até vós eu venho, trazendo os mais lindos dons, para derramar sobre vossas almas a verdadeira felicidade. Venho para suavizar a Justiça Divina. Fiz longa e fatigante viagem, do meu Céu radioso às vossas trevas. Vim espontaneamente, pelo amor que vos consagro. Não renoveis as torturas do Getsêmani, as angústias da incompreensão humana, os tormentos de um imenso amor repelido.

Quem sou eu? - perguntais-me.

Sou o calor do sol matinal que vela o desabotoar da florzinha que ninguém vê; sou o equilíbrio que, na variação alternadora dos elementos, a todos garante a vida. Sou o pranto da alma quebrantada, em que desabrocha a primeira visão do divino. Sou o equilíbrio que, nas mudanças dos acontecimentos morais, a todos promete salvação. Sou o rei do mundo físico de vossa ciência; sou o rei do mundo moral que não vedes.

Sempre me procurais, em toda a parte. Sempre mais profundamente vos escapo, de fibra em fibra, nas vossas mesas de anatomia, de molécula em molécula nos vossos laboratórios. Vós me procurais, dilacerando e dissecando a pobre matéria: mas eu sou espírito e animo todas as coisas. Não com os olhos e os instrumentos materiais, mas somente com os olhos e os instrumentos do espírito podereis encontrar-me.

Sou o sorriso da criança e a carícia materna; sou o gemido daquele que corre implorando salvação; sou o calor do primeiro raio de sol da primavera, que traz a vida e sou o vendaval que traz a morte; sou a beleza evanescente do momento que foge; sou a eterna harmonia do universo.

Sou Amor, sou Força, sou Ideia, sou Espírito que tudo vivifica e está sempre presente. Sou a lei que governa o organismo do universo com maravilhoso equilíbrio. Sou a Força irresistível que impulsiona todos os seres para a ascensão. Sou o cântico imenso que a criação entoa ao Criador.

Tudo sou e tudo compreendo, até o mal, porquanto o envolvo e o limito aos fins do bem. Meu dedo escreve, na eternidade e no infinito, a história de miríades de mundos e vidas, traçando o caminho ascensional dos seres que para mim se voltam, seres que atraio com meu Amor e que recolherei na minha luz.

Muitos mundos já vi antes do vosso, muitos verei depois dele. Vossas grandes visões apocalípticas para mim são pequeninas encrespaduras nas dimensões do tempo. Virei, entre raios de tempestade, para dobrar os orgulhosos e elevar os humildes. Virei vitorioso na minha glória e no meu poder, triunfante do mal, que será rechaçado para as trevas.

Tremei, porque quando eu já não for o Amor que perdoa e vos protege, serei o turbilhão que tempestua, serei o desencadear dos elementos sem peias, serei a Lei que, não mais dominada pela minha vontade, trazendo consigo a ruína, inexoravelmente explodirá sobre vós.

Cristo CósmicoTudo é conexo no universo; causas físicas e efeitos morais, causas morais e efeitos físicos. Um organismo compressor vos envolve e nele estais presos em cada ato vosso.

Minha poderosa mão firma o destino dos mundos e, no entanto, sabe descer até a mais humilde criancinha para lhe suster, carinhosamente, o pranto. Essa é minha verdadeira grandeza.

Ó vós que me admirais, tímidos, no ímpeto da tempestade, admirai-me, antes, no poder que tenho de fazer-me humilde para vós, no saber descer do meu elevado reino à vossa treva; admirai-me nessa força imensa que possuo de constranger meu poder a uma fraqueza que me torna semelhante a vós.

Não vos peço que compreendais meu poder, que me situa longe de vós; rogo-vos que compreendais o meu amor que me assemelha a vós e me coloca ao vosso lado. Meu poder poderá desalentar-vos e atemorizar-vos, dando-vos de mim uma idéia não justa, a de um senhor vingativo e despótico. Não quero vossa obediência por temor. Agora deve despontar uma nova aurora de consciência e de amor. Deveis elevar-vos a uma lei mais alta e eu retorno hoje para anunciar-vos a boa nova. Não sou um senhor vingativo e tirânico, como outrora, por necessidade, me supuseram os povos antigos; sou o vosso amigo e é com palavras de bondade que me dirijo ao vosso coração e à vossa razão.

Não mais deveis temer, mas, sim, compreender. Vossa razão infantil já acordou e nela venho lançar minha luz. Sou síntese de verdade e em toda a parte ela surgirá, atingindo a luz da vossa inteligência.

Não trago combates, mas paz. Não trago divisões de consciência e, sim, união de pensamentos e de espíritos.

A humanidade terrestre aproxima-se de sua unificação, numa nova consciência espiritual. Não vos insulteis, pois; antes, compreendei-vos uns aos outros. Que cada um concorra com o seu grãozinho para a grande fé e que esta vos torne todos irmãos.

Que a religião, que é revelação minha, e a ciência, que é o vosso esforço e todas as vossas intuições pessoais se unam estreitamente numa grande Síntese, e seja esta uma síntese de verdade.

Porque eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

(Pietro Ubaldi, “Grandes Mensagens”)

OS PÉS

Pés"Os olhos são a luz do teu corpo." Toma cuidado no que concerne à boa conservação dessa luz; pois, se vier a amortecer ou apagar-se, todo o teu corpo se encontrará em trevas.

E os pés? Serão, acaso, membros desprezíveis em virtude da posição humilde em que se encontram? De modo nenhum. Eles são os suportes do corpo, e, mais do que isso, são os locomotores que o transportam. Os pés têm a propriedade de conduzir o homem, levando-o para este ou para aquele meio.

Cuidado, portanto, muito cuidado com os pés, pois tanto nos podem fazer palmilhar o bom como o mau caminho; podem enredar-nos por atalhos escabrosos e lamacentos cujo termo seja o abismo. Dali não sairemos sem mágoas, ferimentos indeléveis e humilhações diante dos que observam nosso retorno.

E assim se justifica plenamente a figura evangélica: Se os teus pés te servem de escândalo, corta-os, pois é preferível ficares deformado, preservando o corpo da morte, que sucumbires com todos os teus membros.

Do mesmo modo se explicam, aliás pelo reverso, as palavras do Velho Testamento: "Quão formosos são os pés portadores da paz!".

Na Seara do Mestre - Vinícius

A ESMOLA DA COMPAIXÃO

Irmão X

Mãos de CristoDe portas abertas ao serviço da caridade, a casa dos Apóstolos em Jerusalém vivia repleta, em rumoroso tumulto.

Eram doentes desiludidos que vinham rogar esperança, velhinhos sem consolo que suplicavam abrigo. Mulheres de lívido semblante traziam nos braços crianças aleijadas, que o duro guante do sofrimento mutilara ao nascer e, de quando em quando, grupos de irmãos generosos chegavam da via pública, acompanhando alienados mentais para que ali recolhessem o benefício da prece.

Numa sala pequena, Simão Pedro atendia, prestimoso.

Fosse, porém, pelo cansaço físico ou pelas desilusões hauridas ao contato com as hipocrisias do mundo, o antigo pescador acusava irritação e fadiga, a se expressarem nas exclamações de amargura que não mais podia conter.

– Observa aquele homem que vem lá, de braços secos e distendidos? – gritava para Zenon, o companheiro humilde que lhe prestava concurso – aquele é Roboão, o miserável que espancou a própria mãe, numa noite de embriaguez... Não é justo sofra, agora, as consequências?

E pedia para que o enfermo não lhe ocupasse a atenção.

Logo após, indicando feridenta mulher que se arrastava, buscando-o, exclamou, encolerizado:

– Que procuras, infeliz? Gozaste no orgulho e na crueldade durante longos anos... Muitas vezes, ouvi-te o riso imundo à frente dos escravos agonizantes que espancavas até a morte... Fora daqui! Fora daqui!...

E a desmandar-se nas indisposições de que se via tocado, em seguida bradou para um velho paralítico que lhe implorava socorro:

– Como não te envergonhas de comparecer no pouso do Senhor, quando sempre devoraste o ceitil das viúvas e dos órfãos? Tuas arcas transbordavam de maldições e de lágrimas... O pranto das vítimas é grilhão nos teus pés...

E, por muitas horas, fustigou as desventuras alheias, colocando à mostra, com palavras candentes e incisivas, as deficiências e os erros de quantos lhe vinham suplicar reconforto.

Todavia, quando o Sol desaparecera distante e a névoa crepuscular invadira o suave refúgio, modesto viajante penetrou o estreito cenáculo, exibindo nas mãos largas nódoas sangrentas.

No compartimento, agora vazio, apenas o velho pescador se dispunha à retirada, suarento e abatido.

O recém-vindo, silencioso, aproximou-se, sutil, e tocou-o docemente.

O conturbado discípulo do Evangelho só assim lhe deu atenção, clamando, porém, impulsivo:

– Quem és tu, que chegas a estas horas, quando o dia de trabalho já terminou?

E porque o desconhecido não respondesse, insistiu com inflexão de censura:

– Avia-te sem demora! Dize depressa a que vens...

Nesse instante, porém, deteve-se a contemplar as rosas de sangue que desabotoavam naquelas mãos belas e finas. Fitou os pés descalços, dos quais transpareciam, ainda vivos, os rubros sinais dos cravos da cruz e, ansioso, encontrou no estranho peregrino o olhar que refletia o fulgor das estrelas...

Perplexo e desfalecente, compreendeu que se achava diante do Mestre e, ajoelhando-se, em lágrimas, gemeu, aflito:

– Senhor! Senhor! Que pretendes de teu servo?

Foi então que Jesus redivivo afagou-lhe a atormentada cabeça e falou em voz triste:

– Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para socorrer as almas puras... Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da compaixão...

O rude, mas amoroso pescador de Cafarnaum, mergulhou a face nas mãos calosas para enxugar o pranto copioso e sincero, e quando ergueu, de novo, os olhos para abraçar o visitante querido, no aposento isolado somente havia a sombra da noite que avançava de leve.

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier; publicada em Reformador, Agosto de 1956.)

O TRABALHADOR DIVINO

“Ele tem a pá na sua mão; limpará a sua eira e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com o fogo que nunca se apaga.” (LUCAS, 3:17)

Pá de JesusApóstolos e seguidores do Cristo, desde as organizações primitivas do movimento evangélico, designaram-no através de nomes diversos.

Jesus foi chamado o Mestre, o Pastor, o Messias, o Salvador, o Príncipe da Paz; todos esses títulos são justos e veneráveis; entretanto, não podemos esquecer, ao lado dessas evocações sublimes, aquela inesperada apresentação do Batista. O Precursor designa-o por trabalhador atento que tem a pá nas mãos, que limpará o chão duro e inculto, que recolherá o trigo na ocasião adequada e que purificará os detritos com a chama da justiça e do amor que nunca se apaga.

Interessante notar que João não apresenta o Senhor empunhando leis, cheio de ordenações e pergaminhos, nem se refere a Ele, de acordo com as velhas tradições judaicas, que aguardavam o Divino Mensageiro num carro de glórias magnificentes. Refere-se ao trabalhador abnegado e otimista. A pá rústica não descansa ao seu lado, mas permanece vigilante em suas mãos e em seu espírito reina a esperança de limpar a terra que lhe foi confiada às salvadoras diretrizes.

Todos vós que viveis empenhados nos serviços terrestres, por uma era melhor, mantende aceso no coração o devotamento à causa do Evangelho do Cristo. Não nos cerceiem dificuldades ou ingratidões. Desdobremos nossas atividades sob o precioso estímulo da fé, porque conosco vai a frente, abençoando-nos a humilde cooperação, aquele trabalhador divino que limpará a eira do mundo.

(Pão Nosso – Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

OS EVANGELHOS EXPLICADOS: A INFÂNCIA DE JESUS

Jesus no Templo entre os Doutores
(Lucas, 2: 41 a 52)

Maria de Nazaré13. Tudo, na vida humana de Jesus, foi apenas aparente, mas se passou em condições tais que, para os homens, houve ilusão, assim como para Maria e José, devendo todos acreditar na sua humanidade, quando, entretanto, Ele tão somente revestira e revestia um perispírito tangível, conforme já vos explicamos, um corpo meramente perispirítico e, como tal, inacessível às exigências, às necessidades da vossa existência material.

14. Quando Maria, sendo Jesus, na aparência, pequenino, lhe dava o seio — o leite era desviado pelos Espíritos superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser sorvido pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma ação fluídica, que se exercia sobre Maria, inconsciente dela. 15. Não vos espanteis de que o leite fosse assim restituído à massa do sangue. Não admitis que o químico possa, pela síntese, compor e, pela análise, decompor, à sua vontade, um líquido qualquer, restituindo a cada parte heterogênea a natureza que lhe é própria? — Pois admiti igualmente que a ação fluídica dos Espíritos superiores, que conhecem todos os segredos da vossa organização e da vossa vida humana, possa decompor assim o leite formado e restituir cada uma de suas partes componentes à fonte de origem.

16. Que os incrédulos encolham os ombros desdenhosamente, nem por isso os fatos serão menos reais. E a experiência já adquirida, por efeito dos trabalhos de síntese e análise executados pela Química sobre a matéria, não basta para vos explicar o fato, que se tornará evidente pela experiência, que tereis em breve, da propriedade dos fluidos?

17. Se um magnetizador, no interesse de um doente, quiser deter a circulação e a emissão do leite, não deixará este de circular e de sair? E pretendereis que a nossa influência sobre vós seja menor do que a que exerceis vós mesmos uns sobre os outros?

18. Não vos espanteis tampouco de que Maria tivesse leite, uma vez que não sofrera a maternidade humana e era virgem.

19. A maternidade não é uma condição absoluta para que se produza o leite, que não passa de uma decomposição do sangue, determinável por diversas causas, que nos não cabe enumerar aqui. Neste particular, há exemplos frequentes, não só na humanidade, mas também entre os animais. A virgindade nada influi em tais casos. Não vos detenhais neste ponto; são fatos conhecidos.

20. Em Maria, a decomposição se operou porque o sangue, por efeito do magnetismo espiritual e de uma ação fluídica, foi latificado. Depois, por ocasião da amamentação aparente, o leite que se formara era, a seu turno, decomposto e cada uma de suas partes, como já o dissemos, restituída à massa do sangue.

(Fonte: "Os Quatro Evangelhos", org. de Jean Baptiste Roustaing, psicografia de Émilie Collignon, Ed. Ibbis, Brasília, 2022. Item 47)

ESTUDOS FILOSÓFICOS: A MAIOR E MELHOR COLEÇÃO DE ARTIGOS ESPÍRITAS DA IMPRENSA BRASILEIRA ESTÁ DE VOLTA

Artigo CCCLVIII - O PAIZ, 24.09.1894

Retrato de Bezerra de MenezesO doce, o manso, o bondoso Jesus constituiu pedra angular da sua obra de redenção, o amor – amor levado ao grau de retribuirmos com o bem aos que nos odeiam e nos fazem mal.

E não foi somente com a palavra, se não com o sacrifício de sua própria vida, que Ele selou esse puro e suavíssimo meio, único meio de elevar-se a criatura da baixa esfera de suas misérias às esferas superiores, infinitas e radiantes de luz, onde lhe seja dado tocar com os lábios, purificados, os pés de seu Criador.

Do amor, dessa sublime emanação da Pureza infinita, procedem todas as virtudes, de que o Cristo foi o modelo vivo dado à humanidade terrestre; procede principalmente a caridade, a dileta filha do Altíssimo, a mais bela e perfumada flor dos célicos jardins.

E a caridade, em sua mais pura acepção, está consubstanciada nesta divina palavra do Cordeiro de Deus: não são os sãos que precisam de médico, mas sim os que estão doentes.

Quis dizer: que Ele não veio pelo amor dos puros, dos limpos de coração, mas sim pelo amor das ovelhas perdidas do rebanho do Amantíssimo Pai, que lh’o confiou.

E isto consagra a verdade do que foi dito pelo Profeta: Eu não quero a morte do ímpio, mas sim que ele se converta e me procure em amor.

Se Deus não quer a morte de seus filhos; se, portanto, a salvação é universal, como bem o compreendera São Jerônimo; se Jesus veio fazer efetiva na Terra essa sublime lei dos mundos, ensinando que todos, pelo amor, chegarão ao Pai; ensinando que os doentes se curarão, porque Ele é o médico das almas, e dizendo, coerente com tudo isto: do rebanho que me confiaste não perderei nem uma ovelha.

Se é assim que nos ensina, a nós outros tão distanciados do divino Modelo, o Evangelho, que é a lâmpada sagrada onde brilha a luz puríssima das verdades eternas;

Se tudo isto e o mais que escapa à nossa fraca concepção se concatena de modo tão íntimo a nos apresentar em cada criatura humana uma alma remida pelo Imaculado Cordeiro, uma alma que o Pai não quer que morra, mas que vá a Ele em amor;

Como valerem cânones, para se distinguir o que Deus unificou, para se dividir a humanidade em sã e doente, não para curar-se a doente, mas para jogar-se com ela à geena?

Será isto amor – amor que é a lei das leis, amor que é o laço que une a criatura ao Criador, amor que trouxe Jesus a tomar sobre si todas as dores da humanidade?

E onde, nesta cruel distinção, cruel pelo modo de tratar os doentes, se verifica, se percebe ao menos a aplicação da divina parábola: Eu não vim a curar os sãos?

Onde está o médico das almas, cuja ciência é infalível – o divino Pastor que prometeu não perder nem uma de suas ovelhas?

Ou os cânones ou o Evangelho!

Passemos a outra ordem de considerações, embora conexas com as que temos feito.

Jesus, cuja compreensão infinita sabia quais os liames entre o bem, em sua latitude, e o amor, fonte de todas as perfeições, colheu com suas mãos benditas naquela divina fonte a pérola preciosa do perdão.

O perdão, o mais precioso atributo da Onipotência, procede do amor como o riso da alegria, como a luz terrena procede do Sol e a luz infinita (luz perpétua) procede de Deus.

Se o amor, o do Pai celestial, não quer a morte do ímpio, não permite que se perca uma só das ovelhas do rebanho de Jesus, é logicamente rigoroso que o perdão, filho divino do médico das almas, é ilimitado e incondicional como a fonte donde emana.

É assim que Jesus não condenou a adúltera, acolheu a pecadora e rogou ao Pai por seus algozes.

É assim que Aquele pensamento de Deus o definiu categoricamente na Parábola do Filho Pródigo.

Aí, nessa promessa feita a toda a humanidade da remissão dos pecados pelo arrependimento não se diz, como em parte alguma dos Evangelhos se diz, que só vale o arrependimento durante a permanência na vida material.

E se nenhuma das ovelhas do rebanho de Jesus pode perder- se, como limitar-se a condição de salvação, o arrependimento que provoca o perdão, ao tempo da vida material, quando vemos tantos, tantos morrerem impenitentes?

Portanto, mais uma vez: ou os cânones, ou o Evangelho!

Amor infinito – salvação de todas as ovelhas – perdão em todo o tempo da evolução dos Espíritos, uma vez que se eles arrependam de seus erros, de suas faltas, de seus crimes; eis a sublime trilogia consagrada pelos ensinamentos do Filho do homem, enviado de Deus para ensinar suas leis à humanidade terrestre.

Tirai ou modificai qualquer daquelas três peças e a máquina será indigna da concepção de um homem, quanto mais da concepção de Deus.

A Igreja romana, por seus cânones, estabelece o amor infinito; mas restringe a salvação em oposição à Parábola do Filho Pródigo e às palavras de Jesus: de não se perder nem uma das ovelhas, que lhe foram confiadas.

E consoante com este ensino que respeitosamente qualificamos de herético, só admite o perdão para o arrependimento aquém do túmulo; o que também não se concilia, nem com o amor do Pai, nem com o ensino de Jesus, interpretado em espírito e verdade, nem com a perfectibilidade humana, cujo termo não pode ser a da vida corpórea, mas requer uma latitude sem fim.

Ao que fica reduzida a máquina cosmogônica, admitindo tal descompustura de suas peças?

A um misto horrendo de perfeição celeste e de imperfeições humanas!

E o que disse o Senhor pelo Profeta e Jesus confirmou por seu ensino?

Tudo isto a Igreja romana pôs de parte para dar valor sagrado às falsas ideias da vida única – do julgamento post mortem das penas eternas, com seus acessórios: o Inferno e os anjos transformados em demônios, que Deus ainda não pôde vencer, nem há de poder vencer porque, no fim dos tempos, subsistirão somente o império do bem, regido por Ele e o império do mal, regido por Satanás!

É desse modo de compreender a sublime obra do Criador que procedem os cânones, em que se firmou o nosso arcebispo para condenar o sufrágio pela alma do suicida – alma condenada às penas eternas, e portanto indigna da piedade dos cristãos!

E lá vai águas abaixo o esquife do amor de Deus, porque não se o pode compreender, mesmo no homem, sem indulgência e sem perdão!

Voltaremos à questão, que servirá de confronto entre a doutrina da Igreja e a espírita.

Max.

(Da União Espírita)

Fonte: Confira o original deste artigo no arquivo da Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Para conhecer os demais artigos dessa coleção e seus volumes publicados por nossa CASA visite por favor nossa Biblioteca Virtual.