Retrato de Bezerra de Menezes

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Bezerra de Menezes

Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade. - Allan Kardec

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SINCERIDADE

"Aliás, não é de bom aviso atacar bruscamente os preconceitos. Esse o melhor meio de não se ser ouvido. Por essa razão é que os Espíritos muitas vezes falam no sentido da opinião dos que os ouvem: é para os trazer pouco a pouco à verdade. Apropriam sua linguagem às pessoas, como tu mesmo farás, se fores um orador mais ou menos hábil."(O Livro dos Médiuns, 2.ª parte, Cap. XXVII (3.9). Item 301)

Capa do volume Espírito e Vida, de Divaldo FrancoEm nome da verdade não apliques a palavra contundente sobre a fraqueza daqueles que caminham desequilibrados ao teu lado.

A pretexto de servir à causa do Bem não derrames espinhos pela senda onde segue teu próximo, tentando, dessa forma, ser coerente com as próprias convicções.

Falando em nome do ideal que esposas, evita a exposição petulante dos conhecimentos que um dia te conferiram; apresenta-os aos ouvintes com a simplicidade que agrada e sem a pretensão de emitires o último conceito.

Justificando a tua maneira sadia de viver, não te faças desagradável companhia, usando, indiscriminadamente, a palavra ferinte e o argumento intolerante, a expressão deprimente e a frase impiedosa em relação àqueles que ainda não podem seguir-te os passos.

Procurando libertar a tua alma do erro, não intentes escravizar aos teus caprichos de pensamento quantos não têm possibilidade de voar contigo na amplidão do conhecimento.

Nas observações que fazes, não te esqueças que nem todos os seres se encontram preparados para ouvir-te as repreensões, mesmo quando coroadas das melhores intenções.

Procurando ajudar, não te detenhas, apenas, na descoberta da ferida; utiliza-te do singelo chumaço do algodão e cobre a enfermidade com medicação balsâmica.

Não te esqueças de que a verdade, semelhante à moral penetra, lentamente, acendendo luzes na escuridão e vencendo trevas sem precipitação em gritos, generalizando-se, poderosa.

Muitas vezes se serve melhor à verdade, calando a palavra ofensiva e constringente que jamais edifica.

Saber e silenciar, receber e guardar, ouvir e reter são manifestações que contribuem mais para a campanha de esclarecimento do que expor a verdade, aos gritos, junto às almas que não se encontram preparadas para a renovação.

Sinceridade!...

Quantas vezes em teu nome se destrói, esmaga-se, desanima-se e persegue-se, acreditando servir à honra e ao bem.

Por isso mesmo, lavra teu campo, meu irmão, semeia a bondade e a luz e, sendo sincero para contigo mesmo, serve ao ideal do Cristo na humanidade inteira, ajudando, sem cessar, a quantos caminham pelas tuas veredas.

Não será isto, porventura, o que Jesus faz conosco?

(Fonte: Espírito e Vida – Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

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Capa do volume Luz do Mundo, de Divaldo FrancoOs aquinhoados com a farta messe esparzida no Monte, há poucos dias, divulgam as lições que escutaram da boca do nobre Rabi.

Pastores e mulheres humildes, agricultores dos platôs e das encostas de vinhedos, das margens do lago, das férteis planícies e do vale do Jordão, pescadores do mar-amigo e homens dalém, que ali se encontravam, fizeram-se naturais mensageiros das promessas de ventura com que foram aquinhoados e das bases seguras do novo Reino, de que Ele se fazia o Messias Divino.

As boas novas se desdobravam confortadoras, e magotes de sofredores acorriam de toda parte para O ouvirem e receberem das Suas mãos as migalhas de luz e as sementes da saúde que os sustentaria por muitos anos a fio. [...]

Ele, no entanto, não se alterava, permanecendo amigo, mas inatingível.

***

O dia estuava de luz de ouro, quando Ele chegou a Cafarnaum.

Amava aquela cidade onde a ternura dos corações singelos dava mostras de amor puro. Ali se refugiaria muitas vezes, encontrando a família ampliada na devoção das almas singelas que O cercavam de carinho.

Uma delegação de Judeus respeitáveis, os anciães da cidade, aproximaram-se e Lhe disseram:

– Senhor, o servo do centurião está enfermo e parece que sucumbirá se providência divina não o amparar... (*)

"Sabemos que podes fazer quanto queiras e te pedimos ir à sua casa para recuperares o seu servidor, a quem ele muito ama. [...] É amado por nossa gente... Nós te rogamos, Senhor!" [...]

Passados alguns momentos de silêncio, em que o Mestre auscultava no recôndito do Seu ser o problema que se lhe apresentam, concorda:

– Sim, irei até lá.

O grupo que O cerca se entreolha com espontâneo contentamento e põe-se em marcha. [...]

***

Os centuriões estarão mais de uma vez nos fastos da Boa Nova. [...]

A esperança da liberdade incondicional alcança aqueles que no clima da força, impondo a dominação com o carro da guerra e com as armas da morte, sentem a asfixia do desespero e buscam a paz... [...]

***

Nova embaixada chega aos passos do Mestre antes que Ele alcance a vila do apelante afervorado.

– Não é necessário que te incomodes em ir até a sua casa – mandou-te dizer o centurião... [...]

– Paulus reconhece a sua miserabilidade... A sua casa não é digna de Ti. Ele informa que é pecador e não se atreve a ter-Te nas sombras do seu reduto, a Ti que és o Sol do Meio-Dia. [...]

– Ele é militar: comanda e é também comandado. Dirige mas é subordinado; conhece de hierarquia... Ele diz ao seu subalterno: "Vai ali!, ele vai;

Vem aqui!, ele vem; Vai acolá!, e ele atende.” Ora, Rabi, se Tu ordenares aos Teus subalternos, eles farão a Tua vontade, como os seus fazem as dele...

***

A emoção trabalha o grupo colhido de surpresa. Comumente os homens desejam ver para crer e vendo não creem; pedem para ouvir a fim de entenderem e escutando não compreendem; fatos e demonstrações exigem as grandes maiorias e após tê-los, perdem-se no emaranhado das justificações inqualificáveis, das suspeitas calamitosas... [...]

– Nunca vi tão grande fé em Israel...

A frase modulada com inflexão formosa nos Seus lábios é uma exaltação ao estrangeiro e uma discreta censura aos eleitos. [...]

– Ide, voltai, dizei que eu quero que o seu servo sare, retome a saúde! Meus servidores já seguiram à frente: foram atender minha vontade. Dizei-lhe... [...]

Ainda não alcançaram o domicílio do romano e o ruído dos júbilos dizia à distância que o enfermo sarara e a felicidade retornara ao seu amo.

Todos aqueles que o viram, há pouco, a morrer, sorriem, e temem. Estava quase morto agora vive!

– Eu sabia que bastaria que Ele ordenasse repetia Paulus, comovido e confiante. Eu cria... Eu creio...

***

– A quais servos se referira Paulus? – interrogou Simão ao anoitecer daquele dia, sob a argêntea gaze do luar e o marulhar das ondas arrebentando espumas na praia.

– Não sabes que sou Rei? Não tenho falado do Reino do Amor? Os meus servos são aqueles que fazem a vontade do meu Pai e a referendam, atendendo, a minha vontade, seguindo minhas ordens. [...]

– Convoquei-te a pescar homens nas águas do mundo, Simão, faz pouco... Esta é a minha vontade... Serás, também, logo mais, meu servo e, assim, recolherás aqueles que como Paulus estiverem soçobrando em águas torvas e agitadas. Far-me-ás a vontade: pescarás homens!

Simão compreendera. O rosto largo, requeimado, se abriu com ingênua alegria. [...]

***

O Reino se perdia já nas fronteiras adimensionais do infinito, começando a recolher os seus primeiros súditos, vassalos da felicidade, fora de Israel.

(*) Lucas 7: 1 a 10; Mateus 8: 5 a 13

(Fonte: Luz do Mundo – Amélia Rodrigues/Divaldo Franco)

OS EVANGELHOS EXPLICADOS

BATISMO DO ESPÍRITO SANTO

(Mateus, 3: 7 a 12, Marcos, 1: 6 a 8, Lucas, 3: 7 a 18).

Pomba branca tendo por fundo céu azulO batismo em Espírito San to é a assistência, a inspiração dos Espíritos purificados, concedidas pelo Cristo, em nome do Senhor, aos homens, que então as rece bem mediunicamente e mesmo se comunicam com aqueles Espíritos nas condições e na proporção das mediunidades que lhes são outor gadas. Essa assistência, essa ins piração e essa comunicação Deus só as concede aos homens de boa vontade, para os sustentar e dirigir nas suas provas ou missões, para os ajudar na purificação de seus Espíritos e no avançar pela senda do progresso moral e intelectual.

Jesus, pois, chamando o Es pírito Santo para os discípulos, fez que descessem até eles os Espíri tos elevados que os haviam de am parar nos seus ásperos e perigosos trabalhos e que, sob a aparência de línguas de fogo, se manifesta ram por meio dos seus perispíritos luminosos.

Ainda hoje, sob essa influ ência vos colocais quando, sub traindo-vos às paixões humanas, vivendo a vida que pertença a Deus e tudo lhe referindo pela prática do trabalho, da humilda de, da caridade e do amor, atraís os Espíritos protetores da huma nidade. Não vos orgulheis, porém, disso, porquanto a queda é fácil, mesmo para o mais elevado e os maus pensamentos com facilidade nascem no Espírito encarnado. Re cebei, portanto, a luz espírita, que vos é confiada para que a repartais abundantemente com os que quei ram esclarecer-se; mas, recebei-a sempre cheios de um profundo sentimento de humildade e de re conhecimento, rendendo graças a essa fonte donde dimana tudo o que é grande, tudo o que é belo, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é eterno.

(Fonte: "Os Quatro Evangelhos", org. de Jean Baptiste Roustaing, psicografia de Émilie Collignon, Ed. Ibbis, Brasília, 2022. Tomo I, Item 53, parágrafos 11 a 13)


ESTUDOS FILOSÓFICOS:
A maior e melhor série de artigos
da literatura espírita brasileira está de volta!

Artigo CDXXIV - Gazeta de Notícias, 20-01-1896

Retrato de Bezerra de MenezesOs diáconos ou subdiáconos do Apóstolo arrastaram o ór gão clerical à mais flagrante das contradições.

Há bem poucos meses, S.Revma. disse de alto de suas colu nas editoriais: que não vale a pena inticar com o Espiritismo, pois que, obra do demônio por si mesmo se desfazia.

Hoje, e desde o dia 6 de dezembro passado, não vem um Apóstolo a lume, sem um editorial contra o pobrezinho, que já vai começando a sofrer daqui as torturas do Inferno.

Que caridade sacerdotal! E que firmeza de convicções da gente infalível!

Um dos órgãos da Igreja traçar-se uma norma hoje, para violá-la amanhã!

Não é para fazer crer que o barco vai sem leme – sem bús sola – ou sem piloto?

O sacerdotismo devia ser mais sério, para poder imprimir mais confiança.

Isto de rodar com os ventos, não é para quem só tem as ve las enfunadas pela infalibilidade.

Em todo o caso, nada temos com o bom ou mau governo da casa alheia – e até muito nos alegramos com a retratação do órgão clerical.

Alegria, por vermos levantada a excomunhão do desprezo; alegria, por apanharmos o inimigo fora das trincheiras; alegria, por termos a confissão de que vale a pena, é mesmo necessário, talvez até urgente, combater o Espiritismo.

Seja, pois, bem-vinda a nova disposição do Apóstolo.

Tomamos os dos dias 11, 15, 18 e 20 de dezembro, tão clo roanêmicos como os anteriores e os posteriores; trazendo todos ao espírito do leitor veemente suspeita de que os ilustrados pa dres Maravalho e Loreto dizem o que não sentem, sentindo que “o Espiritismo não se impõe”.

O estribilho ou chavão é sempre o mesmo: artes do demô nio; prova de que no arsenal clerical não há outra arma contra a nova Revelação.

Maravalho e Loreto, inteligências de alto quilate, não po dem, embora o fanatismo, acreditar na coexistência de Deus e de Satanás.

Suponhamos, porém, que pela muita consideração em que os temos, nos enganamos a seu respeito, neste ponto – suponha mos que eles acreditam e até acreditem com razão, na existência de Satanás.

Neste caso, qual devera ser o plano eficaz de combater o Es piritismo, como obra do eterno inimigo de Deus?

Clara e evidentemente, não podia ser, senão tomar, um por um, os postulados espíritas – e demonstrar que não se confor mam com os divinos atributos; dando a prova de que são falsos.

Longe, porém, de atacar o inimigo em seu campo, que são os princípios fundamentais da Doutrina Espírita, o Apóstolo tem feito unicamente guerra de recurso: atacar as falhas e abusos de espíritas, como se não soubesse que toda a doutrina tem verda deiros e falsos apóstolos.

Desde que o órgão central responsabiliza a Doutrina Espíri ta pelos erros e abusos de seus sectários, dá-nos igual direito de responsabilizar a religião de que ele mesmo é órgão, pelos escân dalos de alguns padres.

Lógica é lógica!

Ataque os princípios fundamentais do Espiritismo e deixe a declamação de artes do demônio, que também foi invocado pelo sacerdócio hebreu e que, portanto, já está desmoralizado desde aquele tempo.

Prove, isto é o essencial, que aqueles princípios não se con formam com a razão – com a consciência – e com os divinos atri butos do Criador.

Isto sim, isto pulverizará o Espiritismo.

Dizer, porém, sem mais razão do que a autoridade clerical: obra do demônio – produz loucura – e não sabemos que mais, é falar para as gerações de vinte séculos passados. A humanidade de nosso tempo não vai mais com as pala vras do padre, ainda mesmo do Papa, só porque é padre ou Papa. Quer provas.

Dá-las, pois, de que o alto princípio da pluralidade das exis tências da alma, que é a pedra angular do Espiritismo, rebaixa a majestade de Deus, atacando o amor, a justiça e a misericórdia divinos, e nós abateremos a bandeira do Espiritismo e salvare mos a da Igreja romana.

É um repto que vos lançamos, para que deixeis as discus sões fosfóricas, e vos empenheis na única discussão substancial: golpe ao coração e não à sombra, se quereis seriamente ou antes: se julgais poder lançar por terra o inimigo.

Esta questão deve ser tratada sob o ponto de vista racional, nos termos: exalta ou rebaixa a majestade do Criador, a lei da pluralidade das vidas da alma?

E deve ser tratada praticamente, fazendo nós e vós ou um preposto vosso, que não tenha medo do demônio, experiências medianímicas, aceitas desde já, qualquer exigência que fizerdes no sentido de ter-se a completa certeza de ser uma alma e não um demônio, quem se comunica.

Assim é que deve o clero católico enfrentar com o Espiritis mo, se conscienciosamente confia na verdade de sua causa – se conscienciosamente acredita que a nossa Revelação é pura obra dos homens, inspirados pelo demônio.

Nem lhe cause assombro ou remordimento ter de fazer experiências medianímicas; pois que o intuito é bom; desfazer o embuste, com as próprias armas dos embusteiros – e deicida não teria sido o sacerdócio hebreu, se, em vez de se encastelar no fanatismo de suas crenças, tivesse direito a maduro exame do ensino e das obras do Enviado do Senhor.

Além de que temos à vista uma obra escrita pelo abade Al mignana, em que este sacerdote refere às experiências, por si mesmo feitas, pois, que desenvolveu-se-lhe espontaneamente a mediunidade – sobre as quais consultou o Arcebispo de Paris e Pio IX, sem receber deles, sequer, admoestação.

E além disto, já é corrente que o egrégio Leão XIII estuda intimamente o Espiritismo, praticando experiências com um mé dium particular.

Amigos. Tivestes razão quando dissestes: se o Espiritismo é obra do demônio, ele por si cairá.

Mas vós vedes que ele lavra por todas as nações, conquis tando principalmente as adesões dos sábios.

Sede lógicos – confessai que ele segue o impulso de um po der, contra o qual todos os padres, todos os materialistas, todos os céticos do mundo em vão tentarão prevalecer.

E, à vista disso, sede mais bem avisados do que os escribas e fariseus, do que Anás e Caifás.

Uma última consideração, para vossa orientação. Em todos os trabalhos experimentais, os Espíritos que se manifestam ba tem-se desesperadamente contra o Espiritismo.

Compreendeis? Refleti maduramente e concluí segundo vos sa razão e consciência.

Nosso repto está lançado, e é a resposta que damos aos vos sos artigos numerados por algarismos romanos.

Max.

(Da União Espírita)

Fonte: Confira o original deste artigo no arquivo da Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Para conhecer os demais artigos dessa coleção e seus volumes publicados por nossa CASA visite por favor nossa Biblioteca Virtual.