Retrato de Bezerra de Menezes

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Bezerra de Menezes

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COLEÇÃO INDALÍCIO MENDES

Retrato de Indalício MendesO jornalista e escritor Indalício Mendes foi o fundador do jornal de nossa CASA, "O Cristão Espírita", mas foi também e principalmente um dos grandes redatores de "O Reformador" - a admirável revista da Federação Espírita Brasileira -, onde mais de 600 artigos se sucederam ao longo de 32 anos de trabalho, constituindo, em seu conjunto, uma das maiores e mais valiosas coleções do gênero produzidas no Brasil, pela diversidade de temas abordados e pela riqueza de conteúdo doutrinário que reúne. Recentemente descobrimos que o Blog "Aron, um Espírita", de São Paulo, tem feito um maravilhoso trabalho de divulgação da obra de Indalício, publicando tanto artigos inteiros - centenas deles - quanto separatas de pensamentos e trechos relevantes, em destaque. "Admirável ideia e que belo trabalho", pensamos, com os nossos botões, ao mesmo que sentimo-nos constrangidos por, de nossa parte, não ter pensado em algo parecido, justo nós, da Casa de Recuperação, que tanto devemos ao prezado e admirado amigo. Para compensar o atraso, decidimos fazer-lhe também a nossa homenagem, relacionando nesta página a lista das postagens já disponíveis no referido blog, organizados pelas datas dos artigos a que se referem, facilitando assim o acesso a essas páginas de luz maravilhosa, que tanto abrilhantam a bibliografia do Espiritismo Brasileiro. Para oferecer aos amigos uma pequena "degustação", do valor desse acervo, trascrevemos abaixo o seu primeiro artigo em "O Reformador", de março de 1944, indicando em seguida as diversas referências para leitura dos demais. Esperamos que apreciem...

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LIBERTAÇÃO PELO EVANGELHO

Foto de silhueta do Cristo Redentor com a luz do sol, ao fundoÉ nas horas de pungente provação que o homem se aproxima de Deus, porque o sofrimento lhe desperta o espírito adormecido pelas vibrações negativas da matéria, chamando-o para a realidade da vida verdadeira, que é a espiritual. Eis o motivo porque, nos transes dolorosos da humanidade, os indiferentes tremem e procuram, nurn sentimento que não sabem definir, alívio para os sobressaltos que lhes roubam a tranquilidade costumeira. A dor é a chave mágica que abre ao espírito as portas da redenção. Ela aproxima a criatura de Deus e fá-la compreender a grandeza do homem que se escuda no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, enfrentando, corajosamente os altos e baixos da vida terrena.

Os conflitos que lançam nações contra nações, em nome de princípios que se não conciliam com a estrutura do Evangelho, são oriundos da materialidade dos homens. Os pensamentos impuros impregnam o ambiente de fluidos pesados, perturbando a paz dos espíritos e levando a desarmonia aos lares e às pátrias, desviando os homens do caminho reto do dever máximo traçado por Jesus em Seu código de amor e caridade: ''amai-vos uns aos outros''. Já o disse Paulo, na Epístola aos Romanos: ''A mente da carne é morte, mas a mente do Espírito é vida e paz. Pois a mente da carne é inimizade contra Deus; visto que não é sujei-ta à lei de Deus, nem o pode ser; os que estão sujeitos carne, não podem agradar a Deus''. Penetremos o sentido dessas palavras do grande Apóstolo dos Gentios e iremos interpretá-las como a afirmativa irrefragável de que os interesses materiais exacerbados conduzem o homem ao pecado, enquanto que a espiritualização de sua conduta terrena lhe oferece como prêmio inelutável o conforto moral, a paz, essa paz bendita que o divino Mestre nos dá a todos os instantes, por misericórdia de acréscimo, mas que nem todos se preparam convenientemente para recebê-la e fruí-la em comunhão com os seus semelhantes.

A "mente da carne é inimizade contra Deus" porque viola os mais elementares princípios de fraternidade, atentando contra a majestade do espírito, num desviamento de trajetória que o livre-arbítrio permite para que se cumpra a santa palavra do Evangelho.

O homem não se pertence: é patrimônio divino. Está destinado à felicidade, mas tem de aprender por si mesmo a criar e defender essa felicidade, que é de natureza espiritual tão somente. As guerras retratam o verdadeiro aspecto moral do nosso mundo. Mostram que há falta de Evangelho no coração dos homens. Por isto, a felicidade, que é a aspiração máxima do espírito, só poderá ser alcançada por meio da cristianização dos lares.

Estamos no alvor do terceiro milênio e, consoante Emmanuel, "é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos "ais" do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-o para o bem de toda a humanidade".

O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua história; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar "as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos. No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era. São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu império perecível".

A dor avassala o mundo. Flectida ao peso do sofrimento, a humanidade se engolfa na contemplação da própria desventura. Esta poderá ser o seu banho lustral de reabilitação ante Jesus, induzindo-a ao entendimento do Evangelho, que encerra a vontade de Deus, tanto que o divino Mestre o afirmou: "O meu ensino não é meu, mas Daquele que me enviou". Portanto, sem o Evangelho não pode haver salvação. "Aí vem a hora da colheita e antes que a noite do túmulo desça sobre vós com essas surpresas que fazem o desespero da alma, cumpre que aproveiteis as horas do dia. Aproveitai-as para cavar a dura terra dos vossos erros e imperfeiçoes, preparando-vos, assim, para o vosso ressurgir de um dia, no seio doce e amantíssimo do Redentor do mundo!" - diz Bittencourt Sampaio. "Estudai o Evangelho à luz do Espiritismo, levantando o edifício da vossa crença sobre a rocha e não sobre a areia movediça, pois que nisso se encerra o critério da vossa fé, a base da vossa salvação; e, assim, tereis obtido a sonhada escada de Jacó, para a ascensão do vosso espírito aos paramos da luz e da verdade. Construí o edifício da vossa crença sobre a rocha, isto é, compreendei e praticai a Doutrina e Jesus, dilatando os seios da vossa alma aos eflúvios desses sentimentos puros que santificam os anjos.

Se, porém, vos limitardes a ler o Evangelho, a compreendê-lo, sem o praticardes; se permanecerdes firmes e coerentes com as leis do passado, amando os vossos amigos e aborrecendo os vossos inimigos, tereis edificado sobre a areia movediça, satisfazendo as necessidades da vossa alma com esses preceitos, com essas fórmulas que nada valem – tesouros que são corroídos pela traça – bens que se corrompem, deixando os vossos espíritos na nudez das verdadeiras riquezas – as riquezas do céu!"

Sejamos os garimpeiros da fé, enriquecendo o nosso espírito nos veios do ouro do Evangelho, desfazendo-nos dos ouropéis do pecado e iluminando-nos, a pouco e pouco, com as virtudes que identificam o verdadeiro discípulo de Jesus, que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Mas tenhamos sempre vivo em nosso pensamento o episódio do Getsêmani, onde ele convidou os discípulos a orar, conservando o espírito vigilante para não ceder às vertigens do pecado.

Todos somos filhos pródigos, mas teremos a oportunidade de atingir a bem-aventurança espiritual, se porfiarmos na luta contra os nossos impulsos subalternos, contra as solicitações recalcitrantes da nossa natureza material.

Aproximam-se os tempos preditos pelo Evangelho, em que os espíritos rebeldes serão chamados a prestar contas de suas tarefas, como aqueles servos de que fala a parábola do Mestre.

Somente pelo Evangelho o homem poderá libertar-se da dor, à proporção que for evolvendo no sentido de Deus. As trevas que o circundam nascem da sua própria inferioridade espiritual, do seu alheamento das coisas do Espírito, do seu afastamento de Jesus. À medida, entretanto, que se vai aproximando do Cristo, o negrume que o envolve cede progressivamente à luz difusa que promana dos ensinos do manso Cordeiro.

A libertação espiritual do homem depende da sua cristianização desde o lar, cristianização que se fará por meio do Evangelho, explicado em espírito e verdade, e vivido em todos os atos e pensamentos.

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